A história inicial do Led Zeppelin é curiosa. A ideia inicial da banda é do guitarrista – e de certa forma líder – Jimmy Page, que, poucos meses após entrar para o The Yardbirds, viu o grupo em questão ficar de saco cheio da vida de músico, que envolve dedicação a viagens e tempo em estúdio.
Ele queria formar um supergrupo, com o próprio e Jeff Beck nas guitarras e dois integrantes do The Who, John Entwistle e Keith Moon, respectivamente no baixo, com possivelmente Steve Winwood ou Steve Marriott (Small Faces, posteriormente Humble Pie) nos vocais. Não deu certo.
O fim do The Yardbirds se deu em 1968 e alguns integrantes queriam continuar fazendo shows. Então, foi formado o The New Yardbirds, com autorização dos outros músicos, para que Page e o baixista Chris Dreja permanecessem em turnê. Robert Plant foi convidado para o vocal e John Bonham, que tocava com Plant na Band Of Joy, veio junto. Dreja não permaneceu por muito tempo, pois abandonou a música para se tornar fotógrafo, e John Paul Jones foi efetivado.
O debut do Led Zeppelin foi gravado em menos de um mês. Foram necessárias apenas 36 horas em estúdio, durante algumas semanas, para registrá-lo, de acordo com Jimmy Page. Isso não é reflexo apenas do fato da pré-produção ter sido bem feita: os músicos eram diferenciados e talentosos. Já no início de 1969 – há exatos 45 anos, para ser mais preciso -, o álbum estava nas lojas.
Autointitulado, o trabalho colaborou de forma significante para mudar o caminho da história do rock como um todo. Seja em mistura de gêneros, formas de tocar os instrumentos, técnicas de canto, estilos de composição e operações de gravação. O Zeppelin, que inicialmente estava conformado a ser o “New Yardbirds”, voou muito mais alto
.
O álbum experimenta novos estilos de produção. Page, verdadeiro comandante do grupo e grande entendedor quando o assunto é engenharia de som, utilizou ambientes naturais para o reverb e a textura crescerem. Além de utilizar microfones para gravar o som dos amplificadores e tambores, eram utilizados microfones adicionais a uma distância razoável para pegar, então, o equilíbrio de ambos. Nos instrumentos e nos vocais, era nítido o talento dos quatro.
John Paul Jones é um multi-instrumentista que esbanjava talento em tudo que tocava, especialmente baixo e teclados, que foram utilizados nesse registro. Jimmy Page nunca foi um guitarrista técnico, mas era genial e preciso no que fazia – além de comandar criativamente a banda. John Bonham colocou algo que faltava na bateria da maioria das bandas de rock: força. É um baterista com muita garra, além da técnica exigida. E Robert Plant gerou até mesmo burburinhos na época: seria ele, na verdade, “ela”? Muito se especulou sobre a sua sexualidade à época, pois nenhum homem cantava tão agudo quanto ele na música popular.
O estilo de composição e a mistura de gêneros é outro atrativo neste disco. O quarteto oscila facilmente entre o classic rock, o hard rock, o folk, o blues e momentos de R&B. Musicalmente falando, o álbum resume perfeitamente a mensagem de “vamos mudar o mundo” que o Zeppelin queria transmitir. Entre os destaques, estão as pauladas “Good Times Bad Times” e “Communication Breakdown”, a multiclimática “Dazed And Confused” e o épico blues rock “How Many More Times”. Mas vale a pena ouvir todo o disco, principalmente na ótima sequência de faixas colocada.
O Zeppelin faria o que poucas bandas conseguiram em discos futuros: evoluir ainda mais. O quarteto atingiu patamares estratosféricos e colocou novos meios de se fazer rock. Goste ou não, seja por qual motivo for, o Led Zeppelin é fundamental para quem gosta do estilo.
Robert Plant (voz, gaita)
Jimmy Page (guitarra, violão, backing vocals)
John Paul Jones (baixo, teclado, órgão)
John Bonham (bateria)
Músico adicional:
Viram Jasani (tabla em 6)
1. Good Times Bad Times
2. Babe I´m Gonna Leave You
3. You Shook Me
4. Dazed and Confused
5. Your Time Is Gonna Come
6. Black Mountain Side
7. Communication Breakdown
8. I Can´t Quit You Baby
9. How Many More Times