Retorno ao indie rock típico marca novo bom álbum do Kaiser Chiefs

Kaiser Chiefs – “Education, Education, Education & War” [2014]

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De tão flexível, o antecessor desse novo disco do Kaiser Chiefs acabou ficando chato. A proposta retrô de “The Future Is Medieval”, de 2011, não encaixou. Sabiamente, o grupo retomou uma proposta mais ligada ao tradicional indie rock do grupo em “Education, Education, Education & War”, quinto disco de estúdio dos caras. O trabalho vai ser lançado no dia 31 de março, pela Universal Music, mas já está disponível para audição gratuita no Soundcloud.
Em entrevista recente ao The Guardian, o vocalista do Kaiser Chiefs, Ricky Wilson, admitiu que a banda “engordou”, “ficou preguiçosa”. “Em algum momento no caminho, nós perdemos nossa raiva”, disse. Não os descrevo exatamente como “um grupo raivoso”. Mas há um pouco dessa ambição de retomar um espaço perdido em “Education, Education, Education & War”.
A abertura com a faixa “The Factory Gates” mostra isso. A melodia e a energia da canção garante aos fãs que os Chiefs estão de volta. “Coming Home” dá sequência de forma mais calma e com destaque ao baixo de Simon Rix. Apesar de eu achar que tiraram o pé do acelerador “cedo demais”, na segunda faixa, a música é excelente. Não à toa, é o primeiro single de divulgação. A soturna “Misery Company” é um pouco dark pela escolha das tonalidades, mas não deixa de ser empolgante, até pela boa cozinha.
“Ruffians On Parade” é o típico indie hit, com versos criativos, refrão grudento e boa performance vocal. “Meanwhile Up In Heaven” tem uma performance ruim de Nick Baines, que escolhe teclados bem chatos. A canção é mais arrastada e tem timbragens mais oitentistas, especialmente pela bateria com mais reverb e os próprios sintetizadores. O refrão salva um pouco. “One More Last Song” é grudenta, o que deveria ser um ponto positivo. Mas fica enjoativa pelo refrão.
Em meio ao momento de baixa nas duas canções passadas, “My Life” retoma uma boa audição. A faixa é de fácil assimilação e tem o novo baterista, Vijay Mistry, como elemento essencial. Vale destacar que ele se encaixou muito bem no grupo. “Bows & Arrows”, no entanto, proporciona mais um declínio. A batida eletrônica que guia os versos da música é angustiante.
“Cannons” parece ser pesada de início, mas volta à proposta alternativa trabalhada ao longo do registro. É mediana. “Roses” encerra o disco com uma pegada bem semelhante ao Thirty Seconds to Mars. Tem uma grande apresentação de Ricky Wilson. Uma das melhores do álbum. Aposto nela para algum dos próximos singles.
O resgate à perspectiva clássica do Kaiser Chiefs em “Education, Education, Education & War” confere um saldo positivo ao disco. Trata-se de um bom trabalho, com o toque do indie rock britânico. Os Chiefs nunca estiveram entre os nomes de maior destaque na cena, mas podem chegar a esse ponto se mantiverem a média geral desse trabalho para os próximos.

Nota 7,5

Ricky Wilson (vocal, percussão)
Andrew “Whitey” White (guitarra)
Simon Rix (baixo)
Nick “Peanut” Baines (teclados, sintetizadores, percussão)
Vijay Mistry (bateria, percussão)

1. The Factory Gates
2. Coming Home
3. Misery Company
4. Ruffians On Parade
5. Meanwhile Up in Heaven
6. One More Last Song
7. My Life
8. Bows & Arrows
9. Cannons
10. Roses

Texto originalmente publicado no site Reduto do Rock.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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