Mötley Crüe: 20 anos do álbum autointitulado, com John Corabi

Mötley Crüe – Mötley Crüe
Lançado em 15 de março de 1994
Até hoje é desconhecida a razão que justifique a saída de Vince Neil do Mötley Crüe. Enquanto Nikki Sixx diz que o vocalista saiu por livre e espontânea vontade, o o próprio afirma que foi demitido. O cantor embarcou em uma carreira solo repleta de altos e baixos. Para ocupar a vaga de vocalista de uma das mais importantes bandas do hard rock oitentista, o promissor John Corabi (Angora, The Scream) foi convocado.
O resultado disso é curioso: um disco completamente diferente do que tudo proposto pelo Crüe até então e vários acontecimentos negativos que culminaram na saída de John Corabi e no fracasso comercial relacionado às vendas e à turnê subseqüente. Mas nem sempre fracasso comercial indica falta de qualidade, em vista das modificações ocorridas no mundo da música e da falta de apoio da mídia (principalmente da MTV, após Sixx ter socado um repórter da emissora).
Originalmente intitulado “‘Til Death Do Us Part”, o disco autointitulado do Mötley Crüe foi lançado há exatos 20 anos. Quase cinco após o lançamento do último e até hoje mais bem-sucedido álbum de inéditas do grupo, “Dr. Feelgood”. Mal começaram as composições e Vince Neil se desentendeu com Nikki Sixx, o que resultou na saída do cantor. Como disse anteriormente, a forma é desconhecida, mas os motivos não: falta de interesse de Neil em relação ao grupo e a mudança de sonoridade proposta pelos outros membros, em decorrência da popularidade crescente do grunge e do alternativo.
John Corabi entrou para o grupo após Sixx declarar ser um grande fã do The Scream e, por mais que discordem, ele se mostrou um membro mais ativo e mais respeitável que Vince Neil, pois passou a colaborar mais nas composições e provou um talento incrível, criativa e tecnicamente. O vocal mais alto e poderoso que o de Neil foi complementado com a habilidade de tocar e compor na guitarra.
Enquanto Neil colaborou pouquíssimo no Crüe no que diz respeito ao processo criativo, todas as músicas desse disco é creditada a todos da banda (exceto “Poison Apples”, que contou com a colaboração do produtor Bob Rock) e todas as letras, por Sixx e Corabi.
Isso gerou um álbum poderoso. Um de meus discos de cabeceira. Todos os integrantes atingiram patamares inimagináveis, musicalmente falando. Instrumentos diferentes como mandolin, baixos de 6 cordas, sitar e violões (acredite, pouco abordados no som do Crüe) passaram a ser utilizados. As letras deixaram de falar apenas de sexo, drogas e rebeldia juvenil para abordar assuntos como a situação deprimente do mundo, a censura imposta pelo governo sob a música e até mesmo a morte.
O progresso pode ser notado especialmente em faixas como as pauleiras “Smoke The Sky”, “Hooligan’s Holiday” e “Power To The Music”, bem como nas belíssimas baladas “Loveshine” e “Driftaway”, além na bem trabalhada e particularmente minha predileta: “Misunderstood”. O guitarrista Mick Mars até hoje diz que esse é seu disco predileto do Crüe.
Apesar do álbum ter conquistado disco de ouro nos Estados Unidos e estreado em 7° lugar nas paradas do país, o fracasso comercial é enorme quando se ocmpara aos trabalhos anteriores, visto que estes receberam discos de platina e as turnês lotavam estádios, enquanto a tour de 1994 regressou a teatros e espaços menores (a excursão foi ironicamente batizada de “Anywhere There’s Electricity”).
Não espere pelo hard rock festeiro que consagrou o Mötley nos anos 1980. Esse trabalho é mais aberto, aborda mais subgêneros e apresenta qualidade ímpar. Vale a pena dar uma chance.
01. Power To The Music
02. Uncle Jack
03. Hooligan’s Holiday
04. Misunderstood
05. Loveshine
06. Poison Apples
07. Hammered
08. ‘Til Death Do Us Part
09. Welcome To The Numb
10. Smoke The Sky
11. Droppin’ Like Flies
12. Driftaway
John Corabi (vocal, guitarra, violão, baixo de 6 cordas)
Mick Mars (guitarra, violão, baixo de 6 cordas, mandolin, sitar)
Nikki Sixx (baixo, piano, teclado)
Tommy Lee (bateria, percussão, piano)

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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