A produção do debut, assinada por ele mesmo, é um elemento de destaque no disco. Nota-se logo de cara, com a entrada da faixa de abertura “2 Can Play This Game”. As guitarras bem timbradas, o baixo coeso e a bateria precisa dão a sustentação para o brilho da voz de Mischa Marmade, ora rasgada, ora melódica. A proposta é mantida em “Skullface”, com um pouco mais de velocidade, versos limpos e demais momentos repletos de distorção.
Nota 8,5
Leia a entrevista com Tito Falaschi na íntegra ao final da postagem.
Mischa Marmade (vocal)
Tito Falaschi (bateria, baixo e vocal)
Dann Feltrin (guitarra, vocal)
Hilton Torres (guitarra, vocal)
1. 2 Can Play This Game
2. Skullface
3. Always Left Behind
4. Quid Pro Quo
5. Heartstrings
6. Hungry for Life
7. Sovereign
8. Terminal Speed
9. Outliars
10. Dukkha-Satya
IGOR MIRANDA: No release da banda, li que você acredita que o Zaltana fez algo diferente do que estamos acostumados a ouvir no metal nacional. Queria que você fosse um pouco mais específico e me dissesse o que crê que há de diferente.
TITO FALASCHI: “Acredito que mesclando melodias mais comerciais, com bases pesadas, mais de um vocal, letras falando do cotidiano, de coisas reais de nossas vidas, política e arranjos com influências de bandas não utilizadas por outras podem fazer, no final, um resultado diferenciado”.
Esse trabalho se distancia um pouco da proposta power trazida em outros trabalhos que você já tocou. Claro que há sons mais melódicos, mais progressivos e até alguns momentos de brasilidade, mas vertentes mais pesadas e até modernas são exploradas no Zaltana. A que isso se atribui?
“Sempre toquei outros estilos além do power, mas foi no Symbols que as pessoas me conheceram. Acredito que esse estilo esteja um pouco saturado hoje em dia. As bandas antigas têm seu mercado, mas para bandas novas acho que ficou mais difícil, por isso, quis fazer algo que atinja mais pessoas e outros mercados”.
Pouco se conhecia sobre sua habilidade como baterista. Nesse projeto, você parece disposto a não abandonar as baquetas, apesar de ter também gravado o baixo deste disco. Você acredita que se encaixa melhor como baterista no Zaltana ou há algum outro motivo que justifique a mudança de posto?
“Então, sempre amei tocar batera. Nos ensaios do Mitrium, antiga banda do meu irmão, já ficava ali do lado do batera, e nas pausas eu pedia para tocar (risos). Mas era caro e não tinha condições para comprar uma bateria. Agora pude realizar esse sonho”.
Todos os integrantes são ótimos no que fazem, mas a performance de Mischa Marmade me chamou a atenção. Ela consegue oscilar entre vozes melódicas e rasgadas de forma bem natural – algo difícil de constatar em uma mulher. Como tem sido esse trabalho com ela? Você acredita que a presença de uma cantora, mulher, em uma banda de sonoridade agressiva, traz que tipo de diferencial?
“Acho que a Mischa tem um lance diferente. O fato de ser mulher não é o fator diferencial, mas sim todas as qualidades de um vocal, que é o maior diferencial de uma banda, Não lembro de uma vocalista com esses timbres dela, sem contar que ela manda muito. Outro fator é o inglês. Na maioria das bandas tem muito sotaque e isso atrapalha as bandas daqui, mas ela fala como um gringo, aliás, foram palavras deles (gringos). Ela é fluente na língua e isso diferencia demais. O visual também é muito bom, adoro a voz dela, além de sermos grandes amigos”.
Você acha que o Brasil ainda tem mercado para consumir um bom trabalho como o do Zaltana, ou é necessário observar e investir em outros territórios?
“Acho que aqui tem muito público, mas claro que se a banda aparece fora do Brasil, dá mais credibilidade. Não que eu ache certo, mas é como funciona aqui”.
Uma brecha para concluir essa entrevista: você pensa em algum retorno do Symbols, algum dia? Sei que você está com o Zaltana e tem o trabalho como produtor, mas há alguma conversa para algo, mesmo que um show de reunião como o de 2012?
“Nada é impossível. Mas o baterista mora no Estados Unidos e só seria legal se fosse com todos músicos originais, então é difícil. Mas quem sabe isso acontece no futuro (risos)”.