Somente o rock a partir do século XXI permite que bandas com cinco discos lançados e dez anos de carreira ainda sejam chamadas de “novas”. Talvez seja a eterna espera por uma nova década de 1980 ou algo do tipo.
É impossível chamar o The Answer de novo. Eram quatro ótimos álbuns lançados até a chegada de “Raise A Little Hell”. Agora são cinco. Até o criticado antecessor “New Horizon” (2013), que enveredou para algumas influências menos rústicas, é ótimo.
Mas é inegável que “Raise A Little Hell” parece estar um patamar acima dos outros trabalhos lançados pelo grupo. A pegada meio setentista, meio bluesy e meio hippie dos três primeiros discos ficou um pouco de lado, apesar de ser o principal norte do quarteto. Um pouco da contemporaneidade de “New Horizon” foi aproveitada e, principalmente, amadurecida nas novas composições.
O resultado é um apanhado de músicas com a grandiosa voz de Comac Neeson aliadas a uma sincronia rítmica proporcionada pelo baixista Micky Waters e pelo baterista James Heatley – apesar da prática do feijão-com-arroz vir sempre em primeiro lugar – e, especialmente, um grande trabalho de Paul Mahon nas seis cordas. O guitarrista saiu do básico riff/solo e apostou em algumas camadas sonoras melhor trabalhadas, com pistas mais elaboradas.
Há momentos de flerte com vertentes mais grudentas do hard rock, como na abertura “Long Live The Renegades”, alguns momentos mais pop rock como em “Cigarettes & Regret” e “Gone Too Long” e passagens mais pesadas em “Whiplash” e “I Am Cured”. O grupo proporcionou, também, faixas que poderiam estar nos primeiros discos, como “The Other Side” e “Aristocrat”. Vale destaque, ainda, para “Strange Kinda’ Nothing”, balada de ótimo gosto guiada por boa execução de violões. Um ou outro momento soa deslocado, como a densa e estática “Last Days Of Summer”, mas não chega a comprometer ou gerar repulsa.
Mesmo com muita qualidade e, provavelmente, com um dos melhores momentos do The Answer, “Raise A Little Hell” não deve fazer sucesso fora da Grã-Bretanha (eles são da Irlanda do Norte) e deve chegar bem a alguns países europeus. No entanto, infelizmente, deve ser tudo. É um grande desperdício, aliás, que a banda Answer não tenha chegado a ter grande repercussão no mercado mundial. Houve uma tentativa com “Everyday Demons” (2009), lançado nos Estados Unidos, mas tudo isso foi feito sem o auxílio de um grande nome da indústria fonográfica.
Que “Raise A Little Hell” sirva de exemplo para que alguma grande gravadora invista nessa ótima banda. Se não servir, não me incomodo: vou continuar buscando por seus lançamentos praticamente bienais com a mesma empolgação – pois é bom de verdade.
Nota 9
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Cormac Neeson (vocal, gaita) Paul Mahon (guitarra, violão) Micky Waters (baixo) James Heatley (bateria)
01. Long Live The Renegades 02. The Other Side 03. Aristocrat 04. Cigarettes & Regret 05. Last Days Of Summer 06. Strange Kinda’ Nothing 07. I Am What I Am 08. Whiplash 09. Gone Too Long 10. Red 11. I Am Cured 12. Raise A Little Hell
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.
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