Três décadas. Poucas bandas permanecem tanto tempo juntas. Mais raras são aquelas que não passam por mudanças de formação.
Em uma espécie de celebração a uma trajetória que beira o impecável, com uma série de hits que são reconhecidos por milhões de brasileiros – dos mais velhos aos mais jovens -, os Paralamas do Sucesso lançaram, no início deste ano, a caixa “Os Paralamas do Sucesso – 1983-2015”. São 20 CDs no box, que tem, além de toda a discografia, duas coletâneas com material inédito: “Raridades” e “Paralamas em español”, cujos títulos são autoexplicativos.
Bati um papo com o baterista João Barone. Além da caixa, falamos sobre temas como a atual turnê da banda e um possível novo disco de inéditas. Barone cravou: “Acredito que estamos mais perto que nunca de lançar um novo álbum”. Confira:
Igor Miranda: Muitos artistas, hoje em dia, dispensam o lançamento de discos para trabalhar apenas em singles – geralmente, apenas em plataformas virtuais. Algo que, de certa forma, dá um aspecto descartável à música. O Paralamas avançou na contramão e lançou uma caixa, com 20 CDs. Algo que chega a ser luxuoso. O que levou a banda até esse projeto?
João Barone: “Não acho que seja um demérito usar as novas formas de comercializar música. Muito pelo contrário, acho que precisamos encontrar essa veia e prover mais música em melhores canais. O lançamento de uma discografia completa era para marcar os 30 anos de estrada, mas só agora conseguimos, depois de resolver alguns aspectos práticos, uma vez que a EMI passou a funcionar dentro da Universal – a gravadora, não a igreja”.
Dos 20 CDs da caixa, dois têm material inédito – “Paralamas em español”, com duas inéditas, e “Raridades”, com título autoexplicativo e músicas com participações de Legião Urbana, Gilberto Gil, Jorge Ben e outros. Muito legal, diga-se de passagem. Como vocês chegaram até a ideia de lançar esses dois CDs em especial? E como funcionou a seleção de faixas para compor “Raridades”?
“Tentamos dar alguma coisa extra para quem adquirir a caixa. Como não temos sobras de estúdio, resolvemos compilar o material que está contido nesses dois CDs. Tratamos de gravar ao menos duas músicas bem recentes, para incluir neste material de raridades. O CD em espanhol traz uma boa parcela do que lançamos nos álbuns que foram editados nos países latinos”.
Assisti a um show de vocês neste ano e deu para ver que vocês continuam muito afiados. Se por um lado vocês valorizam o formato de álbum com a caixa, por outro, estão sem lançar um trabalho de novas músicas desde “Brasil Afora” (2009). A que isso se atribui?
“Quando decidimos fazer a tour 30 anos, interrompemos o trabalho com as canções inéditas do Herbert, que são muitas. Agora estamos retomando, depois que a turnê se estendeu de oito shows inicias para dois anos de estrada”.
Ainda sobre um novo CD: sei que vocês acabaram de lançar a caixa e ainda há todo um processo de divulgação do material. Mas vocês planejam um novo CD para a sequência?
“Sim, mas como sempre foi, quando estivermos com um material legal, lançaremos, pode levar um mês ou dois anos… acredito que estamos mais perto que nunca de lançar um novo álbum”.
Retomando o tema “estrada”: a turnê que celebra os 30 anos de carreira continua, certo? O conceito dessa tour é interessante, pois, ao menos na apresentação que assisti, há uma preocupação com os recursos visuais, especialmente pelo telão que apresenta cada faixa do repertório e indica o disco do qual ela faz parte. Como tem sido a recepção dessa excursão e como vocês chegaram a esse conceito de turnê?
“Bem, não podemos passar o resto da vida fazendo uma turnê de trinta anos, não? (risos) Ela terminou oficialmente no show de Réveillon que fizemos esse ano, em Niterói. Agora estamos na estrada com um show de grandes sucessos, com o mesmo apelo visual que usamos na tour 30 anos, usando os telões. Mas mudamos o repertório, está diferenciado, revezamos músicas, das tantas que temos. Estive falando muito sobre a situação do Paul McCartney, por exemplo, que está há anos na estrada com uma tour onde inclui músicas dos trabalhos recentes. É uma ótima receita para quem tem tanto tempo de carreira. Quem sabe seja esse o nosso caso”.
Para fechar, gostaria de saber o que é planejado para o Paralamas em 2015. Perguntei sobre um novo disco em outro momento, mas caso isso não esteja nos planos, adiante para os fãs o que vem por aí.
“Faremos um show emocionante no Rock in Rio em setembro, depois de trinta anos de nossa histórica participação na primeira edição do festival. E estamos na estrada direto, nossa agenda está muito concorrida, nada mal em tempos de crise. Dizem que na crise, o entretenimento se fortalece, o povo quer fugir dos problemas, então, venham nos shows dos Paralamas!”.