É difícil me deparar com uma entrevista do Igor Cavalera onde ele afirma que “a formação atual do Sepultura deteriora a marca”. E nem precisa entender muito do cenário vivido pela banda nos últimos tempos para se incomodar com a declaração.
Falar das entrevistas quase semanais de Max Cavalera contra o Sepultura é diferente. Apesar de geralmente falar besteira, Max não mudou de opinião. Desde sempre, criticou a banda – ainda que seja por uma aparente dor de cotovelo.
Com Igor, a questão vai mais embaixo. O baterista continuou na formação até 2006. Ou seja, ficou na mesma formação que Derrick Green por praticamente dez anos. Em entrevistas concedidas até sua saída, elogiava a proposta do Sepultura após Max ter abandonado o barco. Agora, aparece para criticar. Justamente ele, que me parecia ser mais ponderado, agora mostra que, em algum momento, foi cínico. Ou no passado, ou agora.
Nem mesmo em uma análise mais fria, a declaração faz sentido. Faria se o Sepultura tivesse mudado algo após a saída de Igor, mas isso não aconteceu. O conceito permaneceu. Arrisco-me a dizer, ainda, que discos como “A-Lex”, “Kairos” e o incrível “The Mediator…” são melhores e têm mais destaques individuais do que “Roorback” e “Nation”, por exemplo.
Ao menos essa situação constrangedora teve um retorno interessante e até inesperado. Na seção de comentários de sites e perfis em mídias sociais que publicaram essa entrevista, a maior parte das pessoas repudiou a atitude de Igor Cavalera. Isso mostra que a aceitação do Sepultura só tem aumentado e que ser “hater”, sem motivo aparente, está saindo da moda. Justo, tendo em vista a qualidade dos trabalhos recentes.
O Sepultura continuou grande sem os Cavalera. A relevância da banda dentro e fora do Brasil ainda é notável, apesar das relatividades temporais. Trata-se de um legado que vai além dos nomes dos envolvidos. Cavaleras, deixem a dor de cotovelo de lado.