Metallica, a banda do prejuízo – e com razão

Em março deste ano, biógrafos do Metallica revelaram a atual situação econômica da banda, que não é nada boa. De acordo com Paul Brannigan e Ian Winwood, o grupo perde mais dinheiro do que faz desde 2010. Apesar de ser uma notícia de meses atrás, anida cabe reflexão.
O Metallica quis se tornar maior do que poderia ser. A banda já é enorme, especialmente nos Estados Unidos, que tem um ótimo mercado fonográfico – geralmente quem se consagra por ali, tem boas vendas pelo resto da vida, pois é um país que dita tendências. Mas houve uma clara tentativa de atravessar o heavy metal e se colocar entre os grandes do rock.
A tentativa mais clara foi o péssimo filme “Through The Never”, um dos maiores fiascos da história do rock como um todo. Quase um “KISS Meets the Phantom of the Park”. Ambos têm uma perspectiva muito clara: se infiltrar em públicos que naturalmente não teriam interesse no grupo. Lembra também alguns casos de bandas gospel que resolvem sair do mercado de música religiosa depois de conquistar repercussão ali. O Metallica ainda teve outras ideias horríveis, como os festivais Orion, a colaboração “Lulu” com Lou Reed e uma série de lançamentos de produtos fora do âmbito fonográfico, de tênis a jogo de tabuleiro. Tudo isso feito para dar vazão à marca Metallica, sem sucesso.
Alguns entendem os projetos do Metallica como “desafios”. Talvez o que ainda tenha uma pontinha desafiadora seja “Lulu”, que ainda assim é péssimo. Mas há um detalhe que revela justamente a falta de ousadia do grupo ao longo desses últimos anos: não há disco de inéditas lançado desde 2008. A história já aponta que nenhuma banda cresce de verdade sem canções novas. Ninguém explode e se eterniza com um filme ou um festival. Bandas são como marcas, ok, mas os principais produtos ainda são suas músicas.
A constatação é triste, porque boa parte dos grandes nomes do rock e metal não gravam mais discos ou demoram muito para lançá-los por uma série de motivos – da falta de retorno financeiro até a ausência de criatividade. Em algum momento, tudo vai ficar tão velho e datado que nem mesmo o mais saudosista vai aguentar dar o play em “Enter Sandman” pela enésima vez…
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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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