Rir de si mesmo – incluindo de suas preferências – é uma virtude. A proposta do Steel Panther é justamente essa. É evidente. Não fazem questão de esconder que são uma sátira a um gênero que eles mesmos admiram.
Ouvi muitos comentários entusiasmados (alguns até exagerados) de amigos e conhecidos sobre a apresentação do Steel Panther no último Monsters Of Rock. Naturalmente, mais pessoas foram atrás da banda e gostaram do misto entre boas gravações e letras satíricas. No entanto, permanece a dúvida: será que o grupo realmente conquistaria o destaque que obteve nos últimos anos sem o elemento pitoresco?
As letras e a performance são, sim, zoadas. A música não é. Não se trata de um Massacration. No meio da brincadeira, há quem se leve a sério por ali. O instrumental é bem construído, Michael Starr é um bom cantor e logo o integrante mais experiente do grupo é, ao meu ver, o destaque: Satchel, o guitarrista, tocou com Rob Halford no Fight no início dos anos 1990, além de ter participado de outros projetos.
No entanto, apesar do bom trabalho especialmente no instrumental, não imagino um disco como “All You Can Eat”, por exemplo, chegando às paradas de seis países europeus, fora Austrália e Nova Zelândia, sem a sátira. Clipes como “Gloryhole” e “Party Like Tomorrow Is The End Of The World” não chegariam aos milhões de visualizações no YouTube sem a zoeira. Uso exemplos recentes porque o boom com “Feel The Steel” foi maior à época.
Não diria que isso é nocivo a um estilo que já respira por aparelhos há alguns anos (ou décadas), mas o que sobra ao Steel Panther sem a sátira, em termos de repercussão? A banda nem de longe tira o espaço de qualquer outra – justamente porque grande parte nem tem competência para tal -, mas decreta que a farofada já deu o que tinha que dar.
Não vislumbro novos nomes no segmento que possam alcançar o que o Steel Panther conseguiu em seis anos. Para quem ainda gosta do estilo, isso não é nada empolgante.