Não é segredo que, nem sempre, o Rock In Rio lota somente por suas atrações musicais. Há um status de parque de entretenimento que vai além do artístico no festival, que ficou tanto tempo fora do Brasil e agora terá edições de dois em dois anos.
Nem as inúmeras opções de entretenimento, porém, foram suficientes para fazer com que o dia 25 de setembro fosse como os outros. Os relatos são os mesmos: o Rock In Rio não lotou na sexta-feira de metal. Os números oficiais não foram divulgados, mas até pouco tempo atrás, ainda era possível comprar ingressos para a data, a partir de uma segunda leva de vendas. Na primeira, foi o dia que mais demorou para esgotar.
Para mim, isso foi fruto de um line-up mal escalado. É interessante apostar na renovação do rock e, especialmente, do metal, gênero tão tradicionalista e conservador. Mas a banda mais cascuda do dia 25 foi o Faith No More, fenômeno noventista que nunca foi um nome de grande apelo em terras tupiniquins. O headliner era o Slipknot, grupo que, com méritos, mereceu o posto após uma apresentação muito boa em 2011, mesmo sendo um fenômeno do século XXI.
De resto, um monte de atrações que se encaixariam melhor em um festival como o Monsters Of Rock – aliás, o evento que aconteceu no primeiro semestre parece ter atrapalhado um pouco a escalação do Rock In Rio, já que tomou vários nomes fortes que estavam em turnê. Mastodon, Steve Vai, Nightwish e Moonspell, fora os catadões De La Tierra e Clássicos do Terror, deram um tom dissonante demais ao dia.
Nos outros dias de rock/metal, muitos acertos. O Metallica enquanto atração de zona de conforto, o show único da turnê de despedida do Mötley Crüe no Brasil, o Korn e o System Of A Down com verdadeiras massas de fãs devotos no Brasil, o Queens Of The Stone Age e o Royal Blood para dar um ar alternativo, o Hollywood Vampires que atraiu mídia em função da vinda de Johnny Depp e por aí vai. Os problemas de escalação só rolaram mesmo na sexta (25).
Foi embora pelo ralo a teoria de que o metal, por si só, é suficiente para lotar o Rock In Rio. O festival tem concentrado forças no estilo e a resposta tem sido boa, mas nessa data em questão, decepcionou em termos de público. Resta torcer para que tenhamos três dias de som pesado na edição de 2017 – proposta que só começou mesmo a ser praticada em 2011.