A ideia caça-níquel do Last In Line evoluiu. De um grupo cover em memória a Ronnie James Dio, passou a ser um projeto autoral, com nomes de grande calibre. Músicos que integraram a concepção da banda Dio na década de 1980 se juntaram ao competente Andrew Freeman em 2012 e começaram a gravar material inédito em 2014.
Em “Heavy Crown”, primeiro trabalho do Last In Line, fica clara a tentativa de seguir um caminho semelhante ao que Dio trilhou em seus dois primeiros álbuns, “Holy Diver” e “The Last In Line”. Ou seja, um heavy metal com um pé no hard rock setentista, especialmente nos riffs de guitarra, e uma pitada doom, em momentos específicos da cozinha.
A faixa de abertura, “Devil In Me”, é arrastada e destaca os vocais de Andrew Freeman. “Martyr”, um dos melhores momentos do álbum, coloca o pé no acelerador, com direito a um show de Vinny Appice. Mais melódica, “Starmaker” aparece muito cedo na tracklist, mas é boa e tem boa performance de Vivian Campbell.
“Burn This House Down” é mediana, mas “I Am Revolution”, na sequência, retoma o alto padrão. Refrão forte e boa interação entre os instrumentistas. “Blame It On Me” destaca a pitada doom da banda. “In Flames”, faixa bônus inserida no meio da tracklist (?), poderia fazer parte da listagem padrão. Hard n’ heavy potente, com Appice em ótima forma.
“Already Dead” alterna entre momentos velozes e desacelerados de forma dispensável – seria melhor colocar tudo em velocidade máxima. “Curse The Day” é o que podemos chamar de “balada” do disco. Boa interpretação de Andrew Freeman. Guiada por riffs tipicamente setentistas, “Orange Glow” tem um swing irresistível.
Outro destaque do disco está na faixa homônima a ele, que começa soturna e cai para um refrão sensacional. Aqui, as variações rítmicas funcionam – inclusive no momento do solo de guitarra. “The Sickness” tem uma introdução climática e um andamento, no geral, metálico. Soa como uma composição de Dio.
“Heavy Crown” é um início acima da média para uma banda que tinha o conceito vago de apenas prestar tributo a Ronnie James Dio. Serve também como homenagem ao baixista Jimmy Bain, falecido pouco antes do disco chegar a público. Deve ser um dos grandes lançamentos no metal em 2016.
Nota 8,5
Andrew Freeman (vocal)
Vivian Campbell (guitarra)
Jimmy Bain (baixo)
Vinny Appice (bateria)
Claude Schnell (teclados)
1. Devil In Me
2. Martyr
3. Starmaker
4. Burn This House Down
5. I Am Revolution
6. Blame It On Me
7. In Flames (bônus)
8. Already Dead
9. Curse The Day
10. Orange Glow
11. Heavy Crown
12. The Sickness