Motivos para que a formação clássica do Dokken não se reúna

Desde abril do ano passado, integrantes da formação clássica do Dokken afirmam à imprensa que uma reunião estaria a caminho. O assunto ganhou força novamente nas últimas semanas, com Jeff Pilson e Mick Brown falando sobre as conversas entre os músicos.

O empolgado Mick Brown chegou a deixar a banda de Ted Nugent, na qual tocava há 11 anos, para se dedicar mais ao possivelmente reunido Dokken. O entrave estaria na agenda de Jeff Pilson, que não abre mão do Foreigner: há shows marcados até 2018.

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No entanto, há uma série de motivos para o Dokken original não se reunir. De início – e não poderia ser diferente –, está o prazo de validade. Don Dokken e George Lynch nunca se deram bem. Nem mesmo no auge do sucesso. Uma parceria entre artistas tão diferentes e egocêntricos não deve durar. O grupo se reuniu no meio da década de 1990 e a tentativa fracassou. Foi lançado, inclusive, o álbum mais enfadonho de sua discografia: “Shadowlife”.

Lynch brincou, em entrevista concedida no ano passado, que a cada dois anos os músicos sentam para discutir uma possível reunião. E nunca sai do papel. Não deu certo há 30 anos, não deu certo há 20 anos e não vai dar certo agora.


Não à toa, declarações de pessoas envolvidas com o Dokken no passado indicam que a parceria passava longe de ser saudável para os envolvidos. Há quem defenda Don Dokken, há quem defende George Lynch. O produtor Tom Werman coloca George como o vilão. “George Lynch e Don Dokken nunca foram amigos. Na verdade, era a banda contra o vocalista. Mas ele escrevia as músicas românticas e elas faziam sucesso. Era uma engenharia bem dividida. George jogava uns contra os outros, era o cara malvado”, disse, em entrevista.

O estado atual da voz de Don Dokken também é deplorável. Vi ao vivo e sei do que estou falando. É um caso atípico, pois não há resquícios do vocal de antigamente. Até mesmo Axl Rose nos seus momentos mais Mickey Mouse esteve em melhor forma. Os hábitos de Don o prejudicaram e o preço foi cobrado.


Especialmente no caso de George Lynch, deixar o bom Lynch Mob de lado para apostar em uma furada reunião do Dokken parece arriscado. Os últimos lançamentos do Mob mostram que a banda está afiada e bem posicionada em uma variação distinta do hard rock, que aproveita o estilo melódico peculiar do guitarrista e o swing dos vocais de Oni Logan.

Quando George Lynch se reuniu com Jeff Pilson e Mick Brown para o T&N, o resultado foi fantástico. E sem Don Dokken. O resultado da parceria com Michael Sweet também foi positivo. São projetos com visibilidade em nichos, assim como o Dokken, que já deixou de ser uma mega-atração ainda na década de 1980.


Nem mesmo financeiramente parece compensar tanto. A primeira reunião do Dokken não foi um grande sucesso. Culpa dos integrantes, que já não estavam se entendendo e colaboraram para um mau gerenciamento, é verdade. Vinte anos depois, o apelo é ainda menor.

Como fã do Dokken, prefiro ver a banda estacionada, em uma parcial aposentadoria, enquanto o Lynch Mob ganha espaço e possíveis combinações entre George Lynch, Mick Brown e Jeff Pilson acontecem. A mais recente, inclusive, foi a participação de Pilson em “Rebel”, álbum do Mob, lançado no ano passado.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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