Há 30 anos, perdíamos Cliff Burton

Morto em 27 de setembro de 1986, Cliff Burton segue, ainda hoje, como um dos baixistas mais influentes do heavy metal. Às vezes chega a ser endeusado de forma até exagerada. Já contestei esse tipo de opinião em um texto anterior, mas tenho consciência de que isso acontece naturalmente com talentos que se vão cedo demais.

No entanto, o exagero por parte de alguns fãs, além de parte da “imprensa especializada”, não tira os méritos de Cliff Burton. Foi, sim, um dos grandes músicos do estilo.

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No baixo, Cliff Burton foi um híbrido clinicamente calculado entre Lemmy Kilmister e Geezer Butler, com uma dose extra de conhecimento em teoria musical. Quando entrou no Metallica, era o músico mais experiente no cenário musical até então, pois havia integrado uma série de bandas na Califórnia.

(Cliff Burton com o Trauma, antes de entrar para o Metallica)

Vale destacar, inclusive, que o Metallica mudou o planejamento inicial de mudar-se para Los Angeles porque Cliff Burton não topou. Só faria parte do grupo se a mudança fosse para San Francisco. Os demais músicos fizeram questão de ter Burton na formação.

O resto é história – e com doses cavalares de contribuições de Cliff Burton, diga-se de passagem. A sonoridade do Metallica só começou a atingir um patamar mais elevado, no que diz respeito a sofisticação em melodias e arranjos, graças a Burton, que ensinou muito sobre teoria musical aos demais músicos antes das gravações de “Ride The Lightning”.

A morte de Cliff Burton não evitou que o Metallica se tornasse a maior banda de metal do mundo – e digo isto com base nos números, tanto de vendas de discos quanto de arrecadação em turnês. No entanto, de certo modo, o Metallica só se transformou na potência que hoje conhecemos porque Burton passou por ali e os demais músicos permitiram que ele realmente colaborasse.

Cliff Burton faleceu jovem demais. Tinha somente 24 anos. Sua morte foi traumática também para seus companheiros de banda, que eram ainda mais jovens que o baixista. Titubearam sobre dar sequência ou não ao Metallica. Ainda bem que continuaram. A cicatriz fica, mas a vida continua.

Como Cliff Burton ficou tão pouco tempo no Metallica, muitos fãs se divertem ao pensar como seria se Burton tivesse sobrevivido ao acidente e permanecido no grupo. Os mais puristas dizem que a banda não teria ficado tão “comercial” (?). Eu discordo.

Arrisco-me a dizer que a trajetória do Metallica teria sido muito parecida com a que realmente foi trilhada. Cliff Burton tinha um background musical bastante amplo e, por mais que fosse fã de heavy metal, dificilmente se negaria a estar envolvido em álbuns como o famigerado “Black Album”, os contestados “Load” e “ReLoad” e o bem trabalhado “Death Magnetic”.

O Metallica seguiu caminhos contestados em alguns momentos. Ainda assim, creio que Cliff Burton, onde quer que esteja, ficou satisfeito com o que a banda fez após sua morte. Siga descansando em paz, Cliff.

Observação: ok, talvez “St. Anger” soasse um pouco diferente e certamente os baixos de “…And Justice For All” não ficassem escondidos na mixagem. Mas nada muito além disso.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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