50 anos de Tommy Stinson, o baixista que mais tempo ficou no Guns N’ Roses

Soa bizarro afirmar isso, mas Tommy Stinson foi o baixista que permaneceu mais tempo no Guns N’ Roses. Stinson integrou a banda de 1998 a 2016 (18 anos), enquanto Duff McKagan, que se consagrou no posto, esteve no grupo de 1985 a 1997 e voltou no início de 2016. São 12 anos de Duff no GN’R, mas o número deve aumentar.

A estranheza em se dizer que Tommy Stinson é o baixista que mais tempo ficou no Guns N’ Roses ocorre, principalmente, porque o músico esteve na banda durante tempos pouco produtivos. Pouco aconteceu com a banda entre 1998 e o início de 2016, até que a reunião com Slash e Duff McKagan foi, enfim, anunciada.

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Por mais que o Guns N’ Roses nunca tenha acabado, o grupo esteve na estrada somente durante os anos de 2001 a 2002 e de 2006 a 2014, com severos intervalos e poucas apresentações em vários momentos (em 2009, por exemplo, foram quatro performances). Vale destacar ainda que somente um disco foi lançado durante todo o período: “Chinese Democracy”, em 2008.

Além disso, Tommy Stinson acabou entrando “sem querer” no Guns N’ Roses. “Um amigo meu, Josh Freese, estava tocando bateria com eles, e eu perguntei sobre o que ele estava fazendo. Ele disse, ‘não posso falar, mas vou te contar de qualquer jeito’. E ele estava tocando bateria no disco [‘Chinese Democracy’, ainda na década de 1990]. Ele disse, ‘engraçado, Duff McKagan acabou de pular fora e precisamos de um baixista’. Topei, mas estava só brincando, dadas minhas opiniões sobre o Guns N’ Roses naquela época. Mas fui de qualquer jeito, por diversão, e rolou. Não testaram ninguém mais. Gostaram de mim e por Josh estar no lance, foi uma ideia convincente”, disse Tommy, em entrevista ao A.V. Club, em 2011. Simples assim, por acaso.

Ainda assim, não dá para negar que Tommy Stinson teve importância, ao menos, no que se chamava de “new Guns N’ Roses”. Foi, ao lado de Dizzy Reed, o único músico que se manteve estavelmente ao lado de Axl Rose durante os tempos em que nenhum integrante da formação clássica o acompanhou.

Muitos se esquecem que Tommy Stinson é um músico experiente, de background muito anterior à sua entrada ao Guns N’ Roses – que, aliás, ocorreu quando ele já tinha mais de 30 anos de idade. Tommy integrou a banda de punk rock The Replacements, ao lado de seu meio-irmão Bob Stinson, durante toda a década de 1980.

O Replacements é cultuado no underground e entre os fãs de punk/alternative rock, tanto que, após chegar ao fim em 1991, o grupo reuniu-se em duas ocasiões, em 2006 e de 2012 a 2015 – e o fez porque houve demanda para tal. Entre 1991 e 1998, quando entrou no Guns N’ Roses, Tommy Stinson também fez parte das bandas Bash & Pop e Perfect, ambas menos punk e mais alternativas.

Tommy Stinson tinha bagagem quando chegou ao Guns N’ Roses. Só não a tinha no hard rock. E não era exatamente isso que Axl Rose procurava: as formações da banda entre 1998 e 2015 contavam com nomes famosos em outros estilos, mais alternativos, como Robin Finck (Nine Inch Nails), Chris Pitman (ex-Tool), Bryan Mantia (Primus) e os geeks Buckethead e Ron Thal, entre outros. Somente DJ Ashba (Sixx:A.M.) e Frank Ferrer (ex-músico de turnê de Doro) tinham alguma vivência com algo semelhante ao que o GN’R praticava em seus tempos áureos.

Fato é que Tommy Stinson tinha experiência com bandas, enquanto a maior parte dos que passaram pelo Guns N’ Roses nos últimos anos eram músicos de estúdio. Isso fez com que ele se tornasse uma espécie de sub-líder do grupo, apesar de, é claro, nada ser feito sem o desejo de Axl Rose. Entrevistas de vários envolvidos indicam que Stinson tomava frente em algumas situações – o próprio Axl revelou, em 2001, que o baixista liderava os ensaios da banda, os quais, provavelmente, nem contavam com a presença do vocalista.

Com o tempo, Tommy Stinson conseguiu adequar sua performance e seu visual ao que o Guns N’ Roses estava acostumado. Os modelitos inusitados e a tímida presença de palco deram espaço a looks mais convencionais e interações mais enérgicas durante as apresentações.

Por mais que tivesse algum tipo de sub-liderança na parte prática, Tommy Stinson pouco contribuiu criativamente para o único disco autoral do Guns N’ Roses durante o período. Ele co-assina cinco composições de “Chinese Democracy”: “Street Of Dreams”, “There Was A Time”, “Catcher In The Rye” e “Riad N’ The Bedouins”, além da faixa título. Fora isso, colaborou nos arranjos da já mencionada “Riad N’ The Bedouins” e, claro, tocou baixo em todas as faixas (exceto “If The World”).

Provavelmente pela bagagem já mencionada, Tommy Stinson nunca encarou o Guns N’ Roses como uma oportunidade para se consagrar ou tentar substituir de vez Duff McKagan. Em entrevistas, mostrou-se consciente de que estava somente um bom emprego e que o público vai aos shows para ver Axl Rose. Sem neuras.

No Guns N’ Roses, seria impossível Tommy Stinson tornar-se um nome maior do que Duff McKagan. Entretanto, Stinson não é de todo dispensável.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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