The Darkness: a conturbada saída do líder Justin Hawkins

O The Darkness foi uma das bandas responsáveis por trazer algum glamour de volta ao rock na década de 2000. Ao lado do Jet e outros nomes, o grupo liderou um movimento “rock revival”, em meio à onda alternativa que representava o rock no mainstream naquele momento.

A saída do vocalista e guitarrista Justin Hawkins, anunciada em 11 de outubro de 2006, não teve pompa ou glamour algum. Na verdade, o mundo soube que Justin não fazia mais parte do grupo pela imprensa, após ele conceder uma entrevista ao tabloide The Sun.

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“Me sinto mal pelos caras. Será um transtorno, mas é hora de mudar. Seria perigoso para minha recuperação ficar na banda. Não culpo o grupo pelo meu problema. Sou um viciado. Há pessoas que podem ficar numa banda e permanecerem sóbrias. Eu não”, declarou Justin, em entrevista ao The Sun.

Na época, Justin Hawkins enfrentava problemas relacionados ao abuso de álcool e drogas. Ele disse que gastou mais de 150 mil libras em cocaína entre 2003 e 2006. Em agosto de 2006, o músico havia sido internado em uma clínica de reabilitação em Londres, após sofrer com crises de depressão e ansiedade.

O tratamento foi concluído com sucesso, mas Justin Hawkins decidiu que, para a sua saúde, deveria ficar fora do The Darkness por um tempo. Como era o vocalista e principal compositor da banda, era nítido que sua saída resultaria no fim da banda.

No mesmo dia em que a reportagem veio à tona, os demais integrantes do The Darkness (o baixista Richie Edwards, o baterista Ed Graham e o irmão de Justin, o guitarrista Dan Hawkins) comunicaram, por meio de um fórum dedicado à banda, que ainda estavam em choque.

“Lamentamos que vocês tenham ficado sabendo pelos jornais, mas esperávamos, até o último minuto, que isso não fosse acontecer. Estamos em total choque e não sabemos dizer o que o futuro nos reserva. Gostaríamos de agradecer a todos os fãs, parceiros e familiares pelo apoio. Vocês vão ouvir de nós, já que sabemos o que queremos fazer”, afirmaram os demais músicos, em nota conjunta publicada no fórum.

Os rumores de que o The Darkness continuaria sem Justin Hawkins não foram adiante. Melhor do que isso: Dan, Ed e Richie montaram uma banda chamada Stone Gods, com a adição do baixista Toby MacFarlaine.

Lançaram, em 2008, o impressionante “Silver Spoons & Broken Bones”. Digo sem medo que é um dos melhores discos de hard n’ heavy lançados nas últimas décadas. Som consistente, com base nos clássicos, mas muita identidade: especialmente pela performance de Richie Edwards, que, aqui, assume tanto os vocais quanto a guitarra rítmica.

Também em 2008, Justin Hawkins montou uma banda chamada Hot Leg, com os músicos Pete Rinaldi (guitarra), Samuel SJ Stokes (baixo) e Darby Todd (bateria). O único trabalho lançado pela banda, “Red Light Fever” (2009), seguiu a linha do The Darkness, mas com Justin exagerando bastante nos vocais agudos. O resultado não chegou aos pés do que foi apresentado pelo Stone Gods.

Ambos os projetos chegaram ao fim em 2010, para que, no início de 2011, o The Darkness anunciasse uma turnê de reunião, com  baixista original Frankie Poullain no lugar de Richie Edwards. Desde então, dois bons discos foram lançados: “Hot Cakes” (2012) e “Last Of Our Kind” (2015), este sem Ed Graham na bateria.

Por mais que o fim do The Darkness tenha sido causado por motivos de saúde, a banda nunca mais voltou a ser a mesma desde que retornou à ativa. Os dois discos lançados nesta década são bons, mas não conquistaram a mesma repercussão dos trabalhos iniciais, “Permission to Land” (2003) e “One Way Ticket to Hell… and Back” (2005).

Vale destacar que o segundo álbum do The Darkness não fez o mesmo sucesso do primeiro. O “fracasso” teria sido, inclusive, uma das grandes causas dos problemas de saúde de Justin Hawkins, já fragilizado pelo abuso de drogas. Mas o grupo ainda estava na crista da onda, com apresentações em grandes festivais e turnês de médio porte.

A onda “rock revival” poderia ter sido muito maior se fosse liderada por uma banda constante, que não tivesse parado no auge. Não foi o caso do The Darkness. No entanto, pelo que Justin Hawkins conta sobre o período de abusos, é de se impressionar o fato de ele ainda estar vivo.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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