A morte de Lemmy Kilmister em 28 de dezembro de 2015 parecia um presságio sobre o que viria no ano seguinte. E, realmente, foi um anúncio prévio: 2016 foi estranho. Para o bem e para o mal.
Mal nos recuperamos da ida de Lemmy e outra morte de impacto nos pegou de surpresa: o falecimento de David Bowie, em 10 de janeiro. Ele se foi aos 69 anos, vítima de um câncer de fígado, dois dias após lançar seu 25° disco de estúdio, “Blackstar”.
Dias antes, em 4 de janeiro, algo igualmente estranho, mas com teor positivo, foi anunciado publicamente: o retorno de Slash e Duff McKagan ao Guns N’ Roses. A situação se desenhava desde 2015 e os rumores da volta eram fortes, mas a informação só se concretizou em 2016.
Ainda em janeiro, no dia 22, ocorreu outro fato incrivelmente negativo: durante o Dimebash 2016, Phil Anselmo fez uma saudação nazista, com o braço direito erguido, e gritou “Poder branco”, como um membro do KKK. Ele tentou se justificar, mas só piorou: disse que estava sob influência de “vinho branco”. Um dos textos mais acessados do site no ano falou, justamente, sobre o assunto (Leia: O heavy metal é racista, machista, xenofóbico, homofóbico e intolerante com religião).
No mesmo dia do gesto racista de Phil Anselmo, era lançado “Dystopia”, o primeiro disco do Megadeth com Kiko Loureiro nas guitarras. A entrada de Kiko à banda também foi algo inusitado. Não por seu talento, mas pela ocasião, visto que músicos brasileiros raramente conseguem um destaque internacional tão considerável quanto ele conseguiu. E Loureiro fez bonito: “Dystopia” é um dos grandes álbuns do ano.
Janeiro se fechou com outro falecimento: Jimmy Bain, que estava com a banda Last In Line, se foi em 23 de janeiro, aos 68 anos, durante o cruzeiro do Def Leppard. A causa da morte foi um câncer no pulmão até então desconhecido.
Fevereiro foi um mês mais calmo, mas março veio com força, com a informação de que Brian Johnson estava com sérios problemas de audição. O cantor poderia ficar surdo caso continuasse a turnê de “Rock Or Bust” com o AC/DC. Ele acabou sendo afastado pelo grupo e substituído por Axl Rose nas datas remanescentes. O futuro da banda ainda é indefinido.
O tecladista Keith Emerson também morreu em março, mais especificamente no dia 11, aos 71 anos. Descobriu-se, posteriormente, que o músico havia cometido suicídio. Ele também sofria de problemas cardíacos e depressão associada ao alcoolismo. As questões emocionais de Emerson estavam diretamente relacionados à sua saúde física: lesões nos nervos o impediam de tocar em plena forma, o que o fez entrar em estado profundo de tristeza.
O obituário voltou a trabalhar com intensidade em abril, com a morte de Prince. Um dos grandes revolucionários da música pop, que flertou com o rock em distintos momentos de sua carreira, morreu no dia 21, aos 57 anos, vítima de uma overdose de opioides.
Ainda em abril, Axl Rose foi, enfim, oficializado no AC/DC, após semanas de especulação. Ele fez 23 shows com a banda, na Europa e nos Estados Unidos.
Em maio, Ozzy Osbourne ocupou os noticiários de fofoca. O motivo? O cantor terminou seu relacionamento com Sharon Osbourne, após traí-la com uma cabeleireira. Chegou a ser dado como desaparecido por um dia pela imprensa internacional, mas logo ressurgiu. Ao longo dos meses, reconciliou-se com a sua amada.
Outro assunto ligado a relacionamentos tomou os tabloides no fim de maio: Amber Heard acusou o ator e músico Johnny Depp de agredí-la física e verbalmente. O caso foi tratado paralelamente ao pedido de divórcio, entretanto, o casal chegou a um acordo – Heard recebeu US$ 7 milhões de Depp para dar fim à situação.
Ainda em maio, o obituário movimentou-se com a morte do baterista Nick Menza, aos 51 anos. Ele sofreu um ataque cardíaco durante um show de sua banda, OHM, em Los Angeles. Paul Di’Anno quase foi junto: o cantor foi hospitalizado e precisou cancelar uma turnê que faria no Brasil. Blaze Bayley, com quem Di’Anno excursionaria, disse que o colega estava com câncer no sistema linfático e problemas no joelho e nos quadris.
Junho foi o mês de alguns sustos. O principal foi a isquemia cerebral sofrida por Ian Paice. O músico foi rapidamente tratado e conseguiu se recuperar sem problemas. Joey Jordison revelou, também, que sua saída do Slipknot esteve relacionada a problemas de saúde. O caso ocorreu em 2013, mas só foi revelado ao público em 2016, no mês em questão. Ele sofreu com a mielite transversa, uma forma de esclerose múltipla.
Outro susto, já não relacionado (diretamente) à saúde, foi o fim do Aerosmith. Especulações alimentavam essa teoria, entretanto, foi em junho de 2016 que Steven Tyler afirmou que a banda acabaria – meses antes de uma turnê na América Latina, inclusive. A informação seguiu sem confirmação até novembro deste ano, quando uma turnê de despedida foi divulgada pelo grupo.
Ainda em junho, o Led Zeppelin venceu o julgamento sobre as acusações de plágio em “Stairway To Heaven”. Representantes da banda Spirit afirmavam que a banda havia roubado trechos da música “Taurus” para a lendária composição. O caso chegou ao tribunal, entretanto, Robert Plant e Jimmy Page, compositores da canção, venceram.
Julho, mês de férias escolares, também marcou um recesso nas bombas no mundo rock/metal. A volta do Temple of the Dog, com direito a shows sold-out, foi a informação daquele momento.
Em agosto, o Metallica foi divulgado como headliner do… Lollapalooza Brasil 2017. A atração pesada em um festival alternativo gerou reações mistas nas redes sociais, mas as camisas pretas vão acabar lotando o evento.
No mesmo mês, um holograma de Ronnie James Dio foi exibido durante o show do Dio Disciples, no Wacken Open Air. E o mais ridículo foi anunciado: a reprodução da imagem vai fazer uma turnê. Caça-níquel, não?
Setembro nos deu uma folga para duas polêmicas em outubro. A primeira ocorreu após uma declaração de Jonathan Davis, que afirmou que o Sepultura, em “Roots”, copiou o Korn. Os irmãos Cavalera, que antes reconheciam a “super-influência”, passaram a dizer, em entrevistas, que não era bem assim. Também em outubro, Bob Dylan foi nomeado para receber o Prêmio Nobel de Literatura. Ele sequer compareceu à cerimônia.
Em novembro, chamaram a atenção a mega-turnê do Guns N’ Roses pelo Brasil, com Slash e Duff McKagan na formação e a reunião do Helloween, com Michael Kiske, Kai Hansen e os demais integrantes do grupo, cujo primeiro show será em São Paulo, no ano de 2017. O novo disco do Metallica, “Hardwired…To Self-Destruct” – o primeiro de inéditas desde “Death Magnetic”, de 2008 -, também conquistou as manchetes do segmento.
Dezembro ainda não acabou, mas trouxe alguns fatos-bomba. E o obituário se movimentou novamente, com o falecimento de Greg Lake, no dia 7, aos 69 anos. Ele sofria de um câncer não especificado. Resta-nos torcer para que Tony Iommi não tenha o mesmo destino tão cedo: ele luta contra um linfoma, mas, também neste mês, um caroço surgiu na garganta do guitarrista. Ele fará uma operação para removê-lo e ainda não se sabe se é cancerígeno ou não.
Neste mês, o Deep Purple anunciou a “The Long Goodbye Tour”, que promove o seu próximo disco, “inFinite”. O nome indica que esta será a última turnê do grupo, entretanto, a informação não foi confirmada oficialmente até o momento.
Se o Deep Purple sai de cena, o Skid Row volta à tona. Sebastian Bach revelou, em recente entrevista, que o retorno da banda com sua formação clássica está em negociação. Tão inesperado quanto o retorno do Guns N’ Roses – que aconteceu no inusitado 2016.
O ano ainda não acabou e temo que notícias inesperadas e tristes nos acometam até o dia 31. Todavia, falecimentos de músicos e despedidas de bandas mostram, mais uma vez, que os dinossauros do gênero estão indo. A “reposição” acontece em ritmo lento, graças a todos os envolvidos – grupos, engravatados e, principalmente, fãs. Independente disto, que 2017 seja um ano melhor.