Obrigado por tudo, Black Sabbath

(Foto: Ross Halfin / divulgação)

O Black Sabbath chegou ao fim. A última apresentação da turnê de despedida do grupo, “The End”, ocorreu no último sábado (4), na Genting Arena, em Birmingham, Inglaterra.

A escolha do local foi estratégica: o show derradeiro do grupo ocorreu na mesma cidade onde tudo começou. Foi em Birmingham que o guitarrista Tony Iommi e o baterista Bill Ward deram início ao Black Sabbath, que começou como um projeto de blues rock, chamado de Polka Tulk Blues Band.

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Iommi e Ward convocaram o baixista Geezer Butler e o vocalista Ozzy Osbourne para a banda, que mudou de nome para Earth. O grupo quase não foi para frente, pois Tony – logo ele, que foi o único membro constante do Black Sabbath em quase 50 anos – abandonou a formação para integrar o Jethro Tull. Ainda bem que ficou ao lado de Ian Anderson por apenas dois meses.

Em 1969, o Earth se tornou Black Sabbath e gravou seu primeiro disco, autointitulado. Dá para dizer que, antes deste álbum, o heavy metal existia. Grupos como Cream, Steppenwolf, Iron Butterfly e Blue Cheer praticavam uma sonoridade pesada e intensa, como o gênero em questão pede. Mas foi o Sabbath quem estabeleceu as regras para a fundação de um dos estilos musicais mais venerados do mundo.

Em quase 50 anos, foram lançados 19 discos de estúdio, com mais de 70 milhões de cópias vendidas mundialmente – deste montante, 8 milhões somente nos anos 1970, mesmo sem apoio de rádios e críticos especializados. Contudo, mais importante que o sucesso comercial, deve-se reconhecer o legado que o Black Sabbath deixa.

Musicalmente, além de pioneiro em um estilo musical, o Black Sabbath influenciou centenas de bandas que vieram logo após. Todos os grandes nomes do heavy metal têm um quê de Sabbath: de Judas Priest a Metallica, de Iron Maiden a Slipknot, dos nomes surgidos na década de 1970 aos grupos que nasceram nos últimos anos, seja de qualquer subgênero do metal ou de segmentos mais pesados do rock. É indissociável.

A simplicidade presente em sua música inovadora também é notável na personalidade de seus integrantes. Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward não nasceram em berços de ouro: vieram de famílias de operários e conquistaram seu espaço de forma orgânica, com trabalho, talento e, por que não, um pouco de sorte.

Isto se refletiu em praticamente toda a carreira do Black Sabbath, mesmo com os períodos de excessos, e até mesmo em seu fim. Apesar de ter contado com uma turnê que girou por todo o planeta, o Black Sabbath não teve uma despedida exibicionista.

O grupo poderia ter convidado nomes consagrados para aparições em shows e ter feito uma mega performance de encerramento em Londres, ao invés de Birmingham. Mas a opção pela cidade natal em um “adeus” honesto revela um pouco sobre os envolvidos. Apenas lamento que Bill Ward não tenha participado de algum momento desta turnê. Uma banda que passou por tantas mudanças na formação, infelizmente, acabou com uma rusga ainda pendente.

O Black Sabbath ainda pode voltar para shows esporádicos, em ocasiões especiais ou até mesmo para um disco de inéditas. Mas, infelizmente, a condição de saúde de Tony Iommi, que há anos enfrenta um linfoma, pode não permitir que isto aconteça.

Independente se haverá alguma reunião esporádica para um show isolado ou para um novo álbum, o Black Sabbath da forma que conhecemos chegou ao fim. Resta-nos seguir desfrutando da obra que Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward fizeram juntos, bem como os trabalhos feitos ao lado de Geoff Nicholls, Ronnie James Dio, Tony Martin, Vinny Appice, Ian Gillan, Bev Bevan, Eric Singer, Cozy Powell, Glenn Hughes, Bob Daisley, Ray Gillen, Dave Spitz, Neil Murray, Laurence Cottle, Brad Wilk, Tommy Clufetos, Don Airey e Bobby Rondinelli.

É muito provável que o Black Sabbath ainda seja lembrado daqui a 50 anos. E isto é o maior mérito que um trabalho artístico pode conquistar. Obrigado por tudo, Black Sabbath.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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