Por que a reunião do Skid Row com Sebastian Bach não deve rolar

Volta e meia surgem especulações relacionadas ao retorno da formação clássica do Skid Row. O retorno do baterista Rob Affuso e, especialmente, do vocalista Sebastian Bach sempre é aclamado e solicitado por diversos fãs.

– Veja também: Skid Row recebeu proposta de reunião para abrir shows do Guns N’ Roses

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Apenas dois integrantes desta line-up não estão mais presentes desde a metade da década de 1990. Os outros três – os guitarristas Scotti Hill e Dave “The Snake” Sabo e o baixista Rachel Bolan – nunca saíram do grupo, ao menos até onde sabemos.

Conjuntura

É verdade que o Skid Row não esteve nada estável sem a presença de Sebastian Bach. Com o vocalista Johnny Solinger, lançaram apenas dois discos abaixo da média na década passada: o apenas razoável “Thickskin” (2003) e o terrível “Revolutions Per Minute” (2006). Solinger optou por sair justamente quando a banda estava acertando a mão com dois EPs divulgados mais recentemente, “United World Rebellion: Chapter One” (2013) e “Rise of the Damnation Army” (2014).

A carreira solo de Sebastian Bach também segue por esses trilhos. Ele tentou uma banda chamada The Last Hard Men, registrou um álbum ao vivo e outro de regravações, começou a participar de produções da Broadway, cantou com Axl Rose em alguns shows do Guns N’ Roses e se envolveu em atrações de TV, como programas da VH1 e a série “Gilmore Girls”. Nada de impacto.

Só houve o início de uma carreira solo, concretamente, com o lançamento do ótimo disco “Angel Down”, o seu primeiro com material inédito. O padrão de qualidade estabelecido não foi atingido com os pouco inspirados álbuns sucessores, “Kicking & Screaming” (2011) e “Give ‘Em Hell” (2014). Bach é frequentemente criticado, nas redes sociais, pelos vocais em suas apresentações: já não tem o fôlego de outrora, mas recusa-se a adaptar as linhas vocais ou as tonalidades de suas canções.

Diante desse cenário, o Skid Row já deveria ter se reunido com Sebastian Bach há muito tempo, certo? A banda precisa de Bach e vice-versa. Ninguém está 100% separado. A título de comparação, no caso do contemporâneo Guns N’ Roses, Slash seguia bem sem Axl Rose. E o cantor, se não estava em sua melhor forma nem com os melhores músicos possíveis, ao menos ainda conseguia lotar arenas.

Mas por que a reunião não sai do papel? Não se sabe ao certo. Nem mesmo Sebastian Bach entende, de fato, o motivo pelo qual ele não é convidado para retornar ao Skid Row. Oportunidades não faltaram: Johnny Solinger deixou a vaga em aberto no ano de 2015, mas, ao invés de Bach, quem entrou foi Tony Harnell (TNT). E Harnell saiu naquele ano, mas foi substituído por ZP Theart (Dragonforce).

Motivos para o “não”

A principal especulação em torno da impossibilidade de retorno de Sebastian Bach ao Skid Row é a personalidade do cantor. Há diversos relatos de que Bach não é um sujeito de convivência fácil: frequentemente foi acusado de ser hedonista, egocêntrico e encrenqueiro.

O trio que ainda conduz o Skid Row deve saber disto melhor do que qualquer outra pessoa – apesar de raramente falarem sobre o assunto -, pois conviveram com Sebastian Bach por quase uma década. Por mais que Bach tenha pedido perdão publicamente algumas vezes, o remorso permanece.

A personalidade de Sebastian Bach se refletiu em diversos incidentes, como a vez em que atirou, na plateia, uma garrafa que haviam acertado em sua cabeça – acabou por acertar o nariz de uma fã inocente – e bateu em um homem na plateia; ou a ocasião em que socou o queixo de Jon Bon Jovi após ser alvo de uma pegadinha do cantor. Os problemas com os excessos de drogas e bebidas alcoólicas potencializaram um Bach complicado de se lidar.

A segunda justificativa, complementar à primeira, é que os integrantes remanescentes do Skid Row não precisam da banda como meio de subsistência. Necessitam, é claro, de seu passado: os royalties relacionados à obra presente nos primeiros discos ainda rendem bastante aos envolvidos.

Ainda assim, parece que cada um está em seu canto. Dave “The Snake” Sabo, por exemplo, é empresário do Down, banda de Phil Anselmo, bem como conduz outros projetos menores. Rachel Bolan e Scotti Hill também desempenham outras atividades, sejam de produção ou de agenciamento de pequenos grupos.

Basta observar a agenda de shows do Skid Row para ter a comprovação de que os integrantes não dependem tanto da banda. Somando-se os shows feitos em 2015 e 2016, o grupo realizou 65 apresentações. Praticamente um a cada duas semanas. Tal média deve ser respeitada em 2017. A efeito de comparação, o grupo fez mais de 250 performances entre 1989 e 1990 e mais de 180 entre 1991 e 1992.

A média de 30 a 50 shows por ano é a mesma entre 2001 e 2012, mesmo em anos onde discos de estúdio foram lançados. Houve uma estranha superatividade entre 2013 e 2014, com 80 a 110 apresentações anuais, mas é um ponto fora da curva em relação à aparente inatividade do Skid Row no século 21.

O próprio Rob Affuso, baterista que não faz mais parte do Skid Row e pouco citado neste texto, firmou-se na área de marketing. Hoje, ele mora em Poughkeepsie, Nova York, e só pega nas baquetas quando Sebastian Bach toca por lá – o cantor faz questão de convidá-lo para uma jam ao vivo sempre que passa pela cidade.

Nem a grana convence

Desde 1996, segundo Rachel Bolan, há ofertas lucrativas para que o Skid Row retorne com Sebastian Bach nos vocais. Uma das mais recentes foi de US$ 500 mil, oferecida em 2015 para que o grupo fizesse dois shows no festival Sonisphere. Quem recusou foi o próprio Bolan.

Em 2016, com o retorno de Slash e Duff McKagan ao Guns N’ Roses, novas propostas vieram. E, segundo Sebastian Bach, seus ex-colegas estiveram muito perto de aceitarem uma delas. Só que não deu certo – justamente depois que Bach divulgou à imprensa que a reunião estava próxima de se concretizar.

Diante de toda essa conjuntura, não é leviano afirmar que Sebastian Bach precisa mais do Skid Row do que vice-versa. Artisticamente, os dois se completam, mas os remanescentes da banda parecem viver bem sem Bach.

O retorno de Sebastiab Bach ao Skid Row pode acontecer. Aliás, imagino que vá ocorrer em algum momento, nem que seja para alguma ocasião comemorativa. Se Slash voltou ao Guns N’ Roses e Michael Kiske, ao Helloween, não duvido de nada. Contudo, neste período atual, creio que a reunião do Skid Row não vá acontecer pelos motivos apresentados.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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