A história dos sonhos de qualquer integrante de uma banda cover aconteceu com Arnel Pineda. O vocalista filipino foi encontrado pelo Journey por meio do YouTube.
O antecessor de Arnel Pineda, Steve Augeri, sofreu com problemas de garganta desde 2003. Além de usar bases pré-gravadas, o ex-vocalista do Tyketto precisava passar diversas partes do vocal principal a Deen Castronovo, especialmente os gritos, para que aguentasse fazer os shows por completo.
Em 2006, Augeri foi dispensado. Ele precisava tratar as infecções corriqueiras que vinha sofrendo.
Jeff Scott Soto assumiu o posto por quase um ano, como um estepe. Não foi efetivado. O Journey dava a entender que JSS ficaria com a vaga, mas a banda deu uma pausa após anunciar, já em junho de 2007, que ele não seria o vocalista em definitivo.
Em vez de acionarem seus contatos em busca de um cantor para a vaga, o guitarrista Neal Schon e o tecladista Jonathan Cain decidiram procurar por um frontman via YouTube. Uma atitude ousada, ainda mais há uma década.
Curiosamente, o YouTube era uma ferramenta nova naquela época. A plataforma de vídeos foi criada em 2005 e, no ano seguinte, foi comprada pelo Google. O site já era bastante utilizado em 2007, mas seu acervo naquele período não se compara ao de hoje.
Dessa forma, quais eram as chances do Journey encontrar um novo vocalista pelo YouTube? E, de quebra, qual a probabilidade de achar algum cantor que já morasse próximo aos músicos, em San Francisco (Estados Unidos) ou estivesse disposto a largar tudo para se juntar à banda?
Ainda que com chances reduzidas, Neal Schon e Jonathan Cain apostaram suas fichas. A dupla encontrou Arnel Pineda, um cantor relativamente conhecido nas Filipinas.
Quem é Arnel Pineda
Nascido na cidade de Manila, no dia 5 de setembro de 1967, Arnel Pineda foi incentivado a cantar por seus pais – em especial sua mãe, que faleceu quando ele tinha apenas 13 anos. Desde jovem, Arnel participou de vários programas de TV e competições musicais nas Filipinas.
Graças a uma competição do tipo, promovida pela Yamaha, a sua banda, Amo, conseguiu repercussão no fim da década de 1980. Arnel continuou a aparecer em programas de TV e chegou a gravar um disco solo, em 1999, pela Warner Bros, que também fez sucesso em âmbito local. Na época, ele chegou a morar em Hong Kong, onde trabalhava como cantor de bandas que faziam shows-baile em bares e casas noturnas.
Um ano antes de ser descoberto pelo Journey, Arnel Pineda havia voltado para as Filipinas para uma superbanda de covers, chamada The Zoo. O projeto tocava quase todos os dias e fazia relativo sucesso na região. Paralelamente, investia-se em músicas autoral, compiladas no disco “Zoology”.
A união com o Journey via YouTube
Alguns vídeos das performances do The Zoo, tocando músicas do Journey, Survivor, Aerosmith, Led Zeppelin, Air Supply, Stryper e Kenny Loggins começaram a aparecer no YouTube. As performances do Journey se destacavam: versões para “Open Arms” e “Faithfully” faziam muito sucesso entre quem acompanhava os shows.
No fim de junho de 2007, os músicos do Journey já estavam desistindo de encontrar um novo vocalista. Neal Schon e Jonathan Cain passavam horas na frente do computador e não conseguiam achar nenhum bom cantor. Por acaso, Schon se deparou com vídeos do The Zoo. Para ser mais específico, com o vídeo abaixo.
Arnel Pineda era o que o Journey precisava. Além de ser um cantor de registro vocal semelhante ao de Steve Perry, Arnel tem personalidade fácil de se lidar, estava disposto a deixar tudo para trás em prol de um momento com a banda que tanto gostava e não era um “talento de YouTube”: ele já tinha grande experiência e não era nenhum aventureiro.
Impressionado, Neal Schon entrou em contato com um fã e amigo de Arnel Pineda, Noel Gomez, que havia feito o upload de vários desses vídeos. Schon queria entrar em contato com Pineda. O guitarrista enviou um e-mail, convidando Arnel para uma audição nos Estados Unidos, mas o cantor não acreditou e ignorou a mensagem.
Após ter sido convencido por Noel Gomez a responder, Arnel Pineda entrou em contato. Minutos depois, recebeu a ligação de Neal Schon. Mesmo que tardiamente – não parece, mas ele logo faria 40 anos -, o sonho de se tornar um astro do rock, mundialmente conhecido, se concretizaria.
Semanas depois, Arnel Pineda viajou para os Estados Unidos e precisou cantar uma música do Journey para mostrar o porquê de estar lá. Deu certo: o cantor chegou a San Francisco e conseguiu a vaga. Desde então, Arnel segue no Journey. Com a banda, ele gravou dois discos de estúdio: “Revelation” (2008) e “Eclipse” (2011).
Essa história é contada, com mais detalhes, no documentário “Don’t Stop Believin’: Everyman’s Journey”, lançado em 2012. O filme retrata, com detalhes, a entrada de Arnel Pineda ao Journey. Assista (em inglês) a seguir.