A história que conduziu o Van Halen até o polêmico disco “Van Halen III”, de 1998, é conturbada. A banda lançou “Balance” em 1995 e teve boa recepção, apesar de seu viés considerado mais “maduro”.
No entanto, ocorreram uma série de desentendimentos entre o vocalista Sammy Hagar e os irmãos Van Halen durante as gravações das músicas para a trilha sonora do filme “Twister”. Duas faixas foram registradas, mas somente uma, “Humans Being”, contou com a participação de Hagar – a outra, “Respect The Wind”, acabou sendo instrumental por ocasião.
Os conflitos envolveram até o novo empresário do VH, Ray Danniels, e uma coletânea que traria faixas das eras Sammy Hagar e David Lee Roth, vocalista anterior. No fim das contas, Hagar deixou de fazer parte da banda – ele alega ter sido demitido, enquanto o grupo afirma que ele quis sair por conta própria.
O caso deu palco para uma reunião da formação clássica, com a lenda David Lee Roth, anunciada no MTV Video Music Awards de 1996. No entanto, Diamond Dave não durou mais do que algumas semanas e uma situação nebulosa o colocou para fora.
As audições para vocalistas incluíram o quase-Hagar Mitch Malloy e a cantora Sass Jordan, mas o escolhido foi Gary Cherone, frontman do recém-acabado Extreme e sugerido por Ray Danniels. Com a formação consolidada e ânimo de sobra para novas composições, eis que o trabalho, composto e gravado em 1997, foi lançado em 17 de março de 1998.
“Van Halen III” é descrito por muitos como um trabalho solo do guitarrista Eddie Van Halen, mas que levou o nome do grupo. A proposta, mais experimental, pouco tem a ver com o que consagrou o Van Halen no passado, embora o disco “Balance” e a música “Humans Being” tenham sugerido certa aproximação ao que viria a ser “III”.
O disco está, realmente, abaixo de seus antecessores. Gary Cherone não deu certo no Van Halen e os próprios músicos parecem reconhecer isso, em entrevistas mais recentes.
Ainda assim, “Van Halen III” é um bom trabalho. Ou melhor: não é ruim.
As letras, mais profundas e em sua maioria feitas por Gary Cherone, apresentam temas mais engajados e ligados a temáticas sócio-políticas. Musicalmente, a evolução que deveria ter sido obtida após “Balance” não foi conquistada, mas há momentos de destaque – especialmente aqueles que trazem a pegada funky de Cherone e composições mais autênticas de Eddie Van Halen.
Contudo, há passagens onde claramente falta inspiração e a voz de Gary Cherone, de fato, não se encaixa. O cantor tentou buscar uma roupagem nova para fugir das sombras de David Lee Roth e Sammy Hagar, mas soou muito deslocado.
Para os padrões anteriores, “Van Halen III” não foi sucesso de vendas. Apesar de atingir a 4ª posição das paradas americanas, o álbum não emplacou nenhum single e conquistou “apenas” disco de ouro nos Estados Unidos. Pouco para uma das bandas populares do país.
A turnê que promoveu “III” refletiu o desinteresse pelo grupo, ao passar por cantos onde o Van Halen geralmente não ia, como a Oceania. Tudo isso colaborou para que Gary Cherone caísse fora logo em 1999. Ele diz em entrevistas que seu segundo trabalho seria bem melhor que a estreia, por estar mais ambientado. No entanto, a ideia foi para a gaveta, já que nunca se concretizou.
Os melhores momentos de “Van Halen III” são a paulada “Without You”, a quase-Hagar “Fire In The Hole”; a densa “Ballot Or The Bullet”; a rocker “One I Want” e a balada “Josephina”. Uma ou outra faixa pode se destacar de acordo com as preferências do ouvinte, mas não passa disso.
– Leitura recomendada: Em 1996, a inesperada entrada de Gary Cherone ao Van Halen
Van Halen – “Van Halen III”
Gary Cherone (vocal)
Eddie Van Halen (guitarra, violão, baixo, teclados, piano, backing vocals, vocal em 12)
Michael Anthony (baixo em 2, 3 e 7; backing vocals)
Alex Van Halen (bateria, percussão)
Músicos adicionais:
Matthew Bruck (guitarra adicional)
Mike Post (piano em 1)
01. Neworld
02. Without You
03. One I Want
04. From Afar
05. Dirty Water Dog
06. Once
07. Fire In The Hole
08. Josephina
09. Year To The Day
10. Primary
11. Ballot Or The Bullet
12. How Many Say I?
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