Durante entrevista ao podcast “Let There Be Talk“, transcrita pelo Blabbermouth, o guitarrista Jake E. Lee topou falar sobre um assunto pouco comentado por ele: a sua relação com o vocalista Ray Gillen. Os dois trabalharam juntos no Badlands, mas o projeto implodiu após inúmeros conflitos – e até provocações públicas – entre os dois. Gillen faleceu em dezembro de 1993, em decorrência da Aids, aos 34 anos.
Lee revelou ter uma teoria a respeito de como Gillen contraiu Aids: usando heroína, droga que ele não era habituado a usar, com o próprio tio. Na época, a Aids era uma doença mais comum entre homens gays e viciados em entorpecentes injetáveis.
“Quando nos juntamos pela primeira vez, conversamos para ter certeza de que combinávamos. O assunto ‘drogas’ veio e ambos admitimos ter usado cocaína, pois eram os anos 80, mas não usávamos mais. Eu perguntei se ele já havia injetado, pois eu odeio agulhas e nunca o fiz. Ele disse que sim, com o tio dele, que era motociclista e, aparentemente, homossexual. Ray idolatrava esse tio e queria usar heroína uma vez”, afirmou.
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O guitarrista destacou que a história em questão foi contada pelo próprio vocalista, porém, antes de se descobrir que ele tinha Aids. “Ele usou heroína com o tio, uma vez, só para ver como era. Porém, talvez uns dois anos depois, lembro de Ray me contar que seu tio havia sido diagnosticado com Aids. Para mim, deve ter acontecido o mesmo com ele”, disse.
Gillen nunca chegou a contar para Lee que estava com Aids. O guitarrista soube pelo ex-empresário, Paul O’Neill (o mesmo líder da banda Trans-Siberian Orchestra, falecido em 2017). “Entre os dois discos do Badlands, ele começou a ficar muito magro. Nunca perguntei sobre isso. Nesse meio-tempo, decidimos demitir Paul O’Neill. Havia dinheiro sumindo. E por algum motivo, a gravadora disse que precisávamos fazer um segundo álbum, mesmo sem tantos shows para promover o primeiro – cancelamos vários porque Ray pegou pneumonia. Daí, Paul me liga e diz que não posso demiti-lo. Perguntei o motivo e ele falou: ‘tenho informações e vou contar para a gravadora’. Eu perguntei o que era e ele falou que Ray tinha Aids: ‘Ray foi para o hospital quando teve pneumonia e o exame de sangue apontou a doença – se me demitir, eu conto'”, afirmou.
Jake, então, deixou a decisão para Ray, que, em resposta, negou ter Aids. “Ray disse: ‘não é verdade, então, que ele se f*da’. Aí, demitimos. Ele contou para a Atlantic e isso ferrou nosso segundo disco. Não nos deram dinheiro para investir na turnê. Paul O’Neill nos f*deu com isso. Enfim, Ray nunca me contou que tinha Aids. Eu tive de mencionar porque iríamos demitir o empresário. Confiei na palavra dele”, disse.
Algum tempo depois, quando o Badlands estava em turnê para promover seu segundo álbum, “Voodoo Highway” (1991), Jake E. Lee descobriu que Ray Gillen estava doente. “Estávamos em turnê em um carro comum. Fomos parados por excesso de velocidade. Olharam nossas malas e, na bolsa de Ray, havia vários remédios usados por pessoas com Aids. Perguntaram o que era e ele disse: ‘vitaminas’. Gerou uma situação ruim, porque eles sabiam que não era. Aí ele admitiu que era medicação para Aids, mas disse que era para o tio dele, o que também não convenceu. Ali, eu já sabia que ele tinha Aids”, afirmou.
O guitarrista preferiu não confrontar o vocalista. “Ray já tinha problemas demais. Mas se a situação relacionada ao tio dele, lá no início, for real, qual seria a chance de ele pegar a doença? Uma em um milhão? Muito triste”, disse.