Para quem é fã de hard rock, esta sexta-feira (13) serviu como um prato cheio de opções. Nomes consolidados do passado, em projetos diferentes, lançaram seus novos trabalhos junto de bandas mais jovens, que ainda buscam lugar ao sol.
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Na lista a seguir, organizada em ordem alfabética, apresento 7 álbuns de hard rock, em suas diferentes ramificações, que chegaram a público nesta sexta (13). Confira:
Blacktop Mojo – “Under The Sun”
O terceiro álbum dessa banda ainda pouco conhecida de hard rock, com pitadas de stoner e até post-grunge, soa mais maduro e com músicas mais inspiradas que os dois anteriores. A audição por aqui foi um pouco superficial, mas indica que o grupo está abandonando as influências de post-grunge e está em busca de um som mais próprio.
O vocalista Matt James é o grande destaque, pois parece ter evoluído muito em sua performance em tão pouco tempo – o anterior, “Burn the Ships”, é de 2017. Vale a pena dar uma chance a “Under The Sun”.
Block Buster – “Losing Gravity”
Embora seja um lançamento da Frontiers Music, o álbum “Losing Gravity”, primeiro da banda finlandesa Block Buster, foge um pouco do padrão AOR/hard melódico que a gravadora está acostumada a colocar nas prateleiras. O trabalho mescla influências contemporâneas ao hard rock pesado e ganchudo do grupo.
O groove nas músicas de “Losing Gravity” é o grande destaque. A banda formada por Aarni Metsäpelto (vocal e guitarra), Elias Salo (guitarra), Joonas Arppe (baixo) e Jaakko Metsäpelto (bateria) apresenta competência no instrumental, ainda que os vocais não cativem tanto.
Há espaço para evolução no Block Buster. Ainda assim, “Losing Gravity” já cumpre o papel de uma boa estreia.
Crashdïet – “Rust”
O Crashdïet urgia por rendição. São quatro vocalistas em menos de duas décadas de banda. Dave Lepard gravou o álbum de estreia e cometeu suicídio no ano seguinte. H. Olliver Twisted registrou o segundo disco e saiu em seguida para focar no Reckless Love. Simon Cruz deixou o grupo após gravar dois trabalhos em estúdio. Agora, o posto está com o jovem Gabriel Keyes, que pode ser o nome certo para uma banda que não conseguia regularidade com tantas mudanças no microfone – embora o instrumental siga contando com Martin Sweet na guitarra, Peter London no baixo e Eric Young na bateria.
“Rust”, estreia de Gabriel Keyes, soa mais equilibrado e traz algumas boas composições. Em alguns momentos, aposta em fórmulas já garantidas para o público – e não julgo a banda por isso, já que a busca por estabilidade também passa por tentar agradar os fãs mais antigos. Em outros, o grupo parece se portar bem e apresentar caminhos para o futuro, mas sem deixar o hard/sleaze rock que os consagrou ainda com Dave Lepard nos vocais.
Para quem esteve distante do Crashdïet por tanto tempo, fica a recomendação: “Rust” merece pelo menos um play na íntegra. Keyes é um bom vocalista e a banda soube se portar diante de mais uma “estreia”.
KXM – “Circle of Dolls”
Por contar com três músicos tão competentes e regulares em suas carreiras – o vocalista e baixista dUg Pinnick (King’s X), o guitarrista George Lynch (Lynch Mob, Dokken) e o baterista Ray Luzier (Korn), o KXM nunca chega a decepcionar. “Circle of Dolls”, terceiro álbum do supertrio, reforça a ideia de que não dá para esperar algo ruim desses caras.
Ainda que um pouco menos pesado que seus antecessores (especialmente “Scatterbrain”, de 2017), “Circle of Dolls” segue a mesma estética dos demais trabalhos: hard rock de tom alternativo e obscuro praticado em tonalidades mais graves, tanto pelas cordas em si quanto pelos vocais de Pinnick. O trabalho da cozinha é irretocável e George Lynch, um dos guitarristas mais criativos do segmento, dispensa apresentações.
Minha audição não foi tão aprofundada (as sextas-feiras são ingratas, com tantos lançamentos ao mesmo tempo), mas já deu para ver que “Circle of Dolls” mantém a excelência dos demais trabalhos do KXM e seus envolvidos.
Sinner – “Santa Muerte”
A produtividade dos alemães do Sinner é algo de impressionar. “Santa Muerte” é o 19° álbum de estúdio da banda capitaneada pelo baixista e vocalista Mat Sinner – e mantém a excelência dos trabalhos recentes, que são bem legais.
No geral, “Santa Muerte” não apresenta grandes novidades em termos estéticos se comparado aos trabalhos anteriores. Ainda é uma banda que mistura hard rock com heavy metal ao “modo alemão”, um pouco mais purista.
O grande diferencial, porém, está no espaço que Sascha Krebs ganhou em seu segundo trabalho com o Sinner. A cantora é dona de uma vozeirão potente e assume a função em algumas músicas – as melhores do álbum, para ser sincero. Só queria ver mais faixas em que ela cantasse ao lado de Mat Sinner, destacando o contraste entre as duas vozes.
As participações também agradam: os vocalistas Ronnie Romero (Rainbow) e Ricky Warwick (Black Star Riders) e o guitarrista Magnus Karlsson (Primal Fear) contribuem cada um em uma faixa.
“Santa Muerte” é uma boa para quem gosta de som mais pesado e ancorado nos gêneros mais tradicionais do hard rock e, especialmente, heavy metal.
The Defiants – “Zokusho”
Não quero ser injusto com o The Defiants, mas parece que algo está faltando em “Zokusho”. Não há nada de errado com o segundo álbum do trio formado por três músicos ligados ao Danger Danger – o vocalista Paul Laine, o guitarrista Rob Marcello e o baixista Bruno Ravel –, mas o elemento cativante da estreia autointitulada, de 2017, não se repete aqui.
A proposta segue a mesma: hard rock que remete à sonoridade do próprio Danger Danger, com doses generosas de AOR, mas com guitarra, e não teclado, na linha de frente. A performance individual de cada integrante segue interessante, mas o repertório não é tão forte – e isso é um problema para uma banda que se guia tanto pelo hard rock melódico.
A tracklist foi um pouco mal montada, já que um dos méritos do álbum de estreia é, justamente, ter uma sequência de abertura incrível. Além disso, apenas três músicas têm menos de 5 minutos de duração, o que passa a sensação de algumas faixas poderiam ser enxugadas.
Ainda assim, não dá para dizer que é um trabalho ruim. Pelo contrário: para quem gosta de hard rock melódico, é uma das melhores pedidas do ano. Só que a sombra do incrível álbum de estreia, neste caso, pesou.
Tom Keifer – “Rise”
Eterno vocalista do Cinderella, Tom Keifer tem uma baita história de superação. No início dos anos 1990, o cantor simplesmente perdeu a voz e precisou passar por diversas cirurgias para recuperá-la. Ele chegou a ter paralisia na corda vocal esquerda e, em meio a tantos problemas físicos, também perdeu a mãe para o câncer, o que desencadeou uma depressão.
O Cinderella retornou ainda no fim da década de 1990 e, entre idas e vindas, parece ter acabado de vez em 2017. Agora, o foco total de Keifer é na carreira solo, que ganhou seu segundo álbum, “Rise”.
É duro ter de dizer isso, mas Tom Keifer não consegue cantar mais como antes. Não haveria problema nisso se ele próprio reconhecesse e mudasse a pegada, mas o novo álbum constrange ao mostrar Keifer usando vocais agudos de forma, no mínimo, inadequada. A produção não ajuda, já que a sonoridade do disco é toda embolada e, curiosamente, coloca o vocal para trás ao invés de evidenciá-lo. Tudo isso compromete o repertório, que já não é dos melhores.
Nas músicas em que os vocais mais graves são utilizados, Tom Keifer se sai bem. Dá para sentir o canto um pouco trêmulo, mas ainda é melhor do que as canções que evidenciam (ou tentam evidenciar) os agudos.
“Rise” é o tipo de trabalho que não deve nem mesmo agradar aos fãs de Cinderella. Havia potencial para se fazer algo melhor, já que as influências musicais são boas. Uma pena que não tenha sido dessa vez.