O vocalista Ozzy Osbourne divulgou, nesta sexta-feira (21), seu 12° álbum de estúdio em carreira solo. O trabalho, intitulado ‘Ordinary Man’, chega a público pela Epic Records.
‘Ordinary Man’ foi gravado com o produtor Andrew Watt, o mesmo de ‘Take What You Want’ (parceria de Post Malone com Ozzy), também ocupando a vaga de Zakk Wylde em estúdio. Duff McKagan (Guns N’ Roses) e Chad Smith (Red Hot Chili Peppers) gravaram baixo e bateria, respectivamente. Há, ainda participações de Slash (Guns N’ Roses), Tom Morello (Rage Against the Machine) e Elton John, além do próprio Post Malone.
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Os músicos da banda de turnê de Ozzy Osbourne seguem com o Madman, só que nos palcos: Zakk Wylde na guitarra, Blasko no baixo, Tommy Clufetos na bateria e Adam Wakeman nos teclados e guitarra base.
A parceria de Ozzy Osbourne com Post Malone foi a “mola propulsora” de ‘Ordinary Man’, já que foi durante o processo de gravação que o Madman conheceu Andrew Watt. “Tudo começou quando Kelly (Osbourne, filha de Ozzy) chegou e perguntou se eu queria participar de uma música de Post Malone. Reagi: ‘quem diabos é Post Malone?’. Fui à casa de Andrew e ele falou que seria bem rápido. Após isso, ele perguntou se eu queria fazer um novo álbum. Eu disse que seria ótimo, mas na época, não estava querendo ficar trabalhando em estúdio por 6 meses. Porém, rapidamente, fizemos o disco”, afirmou o vocalista, em material de divulgação.
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Ozzy, como todos sabem, passou por diversos problemas de saúde recentemente. Além de ter sido diagnosticado com Parkinson, ele teve que adiar todos os shows que faria em 2019 devido a uma lesão, ocasionada por uma queda, enquanto ele se recuperava de uma pneumonia – que já havia resultado em alterações na agenda do cantor. Curiosamente, o Madman gravou novas músicas durante sua nova recuperação.
Ouça ‘Ordinary Man’ na íntegra, a seguir, via Spotify ou YouTube (playlist):
Resenha: Ozzy convence, entretém e emociona em Ordinary Man
Em meio às suas reflexões sobre a morte tão frequentes neste álbum, Ozzy Osbourne garante, na música ‘Holy For Tonight’: “sei que sou alguém de quem eles não irão se lembrar”. Eu duvido que algum fã de som pesado neste mundo se esqueça de Ozzy. E ‘Ordinary Man’ é só mais uma prova de que o Madman merece ser recordado quando nos deixar – esperando, é claro, que isso demore muito para acontecer.
Ozzy, aliás, tem sido muito sincero em suas entrevistas ao falar sobre ‘Ordinary Man’. O cantor tem dito que o trabalho foi construído de forma ocasional e despretensiosa, como se fosse uma espécie de passatempo durante a sua difícil recuperação dos problemas de saúde.
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“Foi ótimo poder fazer algo. Caso contrário, eu estaria na cama, pensando que jamais voltaria a andar. O álbum me moveu a fazer algo e me sentir bem. Foi simples, foi como gravar uma sessão de estúdio. Não é um disco do Pink Floyd, onde você precisa estar chapado de ácido para apreciar – apenas dê a p*rra do play e vá em frente”, contou o Madman, em entrevista à Kerrang!.
Ao longo de suas 10 músicas (além da boa ‘Take What You Want’, que acabou entrando mesmo para completar a tracklist), ‘Ordinary Man’ transmite essa sensação. O disco foi pouco planejado e soa mais orgânico – o que já o faz, em minha visão, melhor que os registros do Madman pós-‘Ozzmosis’ (1995).
Não dá para negar que o caráter emotivo deixa ‘Ordinary Man’ ainda mais convincente. Algumas músicas soam melancólicas, enquanto as letras, conforme já mencionado anteriormente, parecem tratar sobre o fim da vida, seja de forma direta ou indireta. Ozzy reconhece que não deve ficar entre nós por tanto tempo. A sensação de “dever cumprido” parece se sobressair, no fim das contas.
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A pesada abertura ‘Straight to Hell’, embora genérica, diverte com seus riffs pesados e letra típica de Ozzy. O ótimo solo de Slash reforça que o Madman e seu guitarrista e produtor, Andrew Watt, apostaram alto nesse disco. A melancolia toma conta da ótima ‘All My Life’, que alterna entre momentos mais reflexivos e pesados. Nesta faixa, dá para sentir algumas dificuldades vocais de Osbourne, porém, a performance não se compromete.
‘Goodbye’ preserva o tom obscuro da música anterior, mas ganha contornos doom, reforçando que Andrew Watt, Duff McKagan e Chad Smith buscaram beber muito da fonte do Black Sabbath nessa e em outras faixas – algo curioso, já que Ozzy Osbourne sempre tentou se afastar de sua banda de origem ao direcionar seus álbuns solo. O resultado é acima da média. Apesar das guitarras não estarem tão bem timbradas, Chad Smith e suas baquetas roubam a cena várias vezes. Toca muito.
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A faixa título, divulgada como terceiro single, eleva ainda mais o patamar do álbum. Exalando influência dos Beatles, soa como uma carta de despedida de Ozzy Osbourne e traz a participação de outra lenda da música que está em turnê de despedida: Elton John, que assume piano e alguns versos de vocais. Os vocais de Ozzy e (especialmente) Elton, os solos de Slash e o final com instrumentos de orquestra são momentos capazes de fazer qualquer um se arrepiar.
O primeiro single do disco, ‘Under the Graveyard’, se mostra uma das faixas mais fracas no contexto geral. Não é ruim, mas soa modesta em meio a um material tão rico. Por sorte, o alto nível é retomado com ‘Eat Me’, outro destaque do álbum que remete a Black Sabbath em muitos aspectos: da gaita canastrona que remete a ‘The Wizard’ aos riffs que parecem ter sido feitos por Tony Iommi e Geezer Butler. Nasceu com cara de clássico.
A parcela final de ‘Ordinary Man’ parece perder um pouco de força. A semi-balada ‘Today Is The End’ é enjoativa e, talvez, uma das canções que menos agradam no álbum. ‘Scary Little Green Man’ diverte pela pegada non-sense, mas também não se equipara ao que foi apresentado nas outras faixas.
‘Holy For Tonight’ é outra balada de classe, com produção primorosa e letra que volta a colocar a temática da morte em debate. Por fim, só dá Ozzy Malone: ‘It’s A Raid’, mais um grande destaque, é uma verdadeira paulada, quase hardcore de tão acelerada. O Madman ainda incluiu à tracklist ‘Take What You Want’, faixa de Post Malone para a qual gravou colaboração antes de ‘Ordinary Man’ ser feito. De orientação mais pop/hip hop e boa construção melódica, a canção soa experimental em meio à carreira de Ozzy, o que a torna ainda mais interessante.
O saldo final de ‘Ordinary Man’ é extremamente positivo. Para um álbum feito “de repente”, com um Madman longe de sua saúde ideal e uma banda montada de última hora para assumir a função, ainda que com músicos experientes, o resultado impressiona.
Arrisco-me a dizer que, se fosse tão planejado, ‘Ordinary Man’ não teria músicas como ‘Eat Me’, ‘All My Life’ e a faixa título, que são envolventes pela simplicidade e pelo cuidado melódico em oposição à busca por peso. O material obtém êxito ao soar despretensioso na medida certa. Os talentos do trio Watt-McKagan-Smith e dos convidados se apresentam nos momentos ideais e Ozzy, mesmo debilitado, segue dando arrepios com sua capacidade única de interpretação.
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Não dá para dizer que o álbum esteja no nível de clássicos da carreira de Ozzy Osbourne, como ‘Blizzard of Ozz’ ou ‘No More Tears’. A comparação, inclusive, é injusta. ‘Ordinary Man’ é um trabalho muito particular e deve ser apreciado sempre com o contexto sendo considerado. Não é “pegar leve”: é entender que essas músicas ganham significado quando nos lembramos do que está por trás delas.
Veja, abaixo, a capa e a tracklist de ‘Ordinary Man’:
1. Straight To Hell
2. All My Life
3. Goodbye
4. Ordinary Man (com Elton John)
5. Under The Graveyard
6. Eat Me
7. Today Is The End
8. Scary Little Green Men
9. Holy For Tonight
10. It’s A Raid (com Post Malone)
11. Take What You Want (de Post Malone, com Ozzy Osbourne e Travis Scott)
Opa! Adoro uma boa resenha… Achei esse álbum excelente, muita quebradeira e arranjos modernos, essa formação mandou muito! Ozzy Osbourne com mais de 70 anos continua dando lição de Heavy Metal. Under The Graveyard é maravilhosa, pesada, arrastada, sombria e quando parece que vai acabar ela acelera e muda o tempo, como o velho Sabbath! Puta disco, e a parceira com Malone foi genial, pois a molecada toda que não o conhecia, agora o conhece! Se for o último álbum será uma bela despedida, mas tomara que venham outros… abraço!