O lançamento de ‘Bohemian Rhapsody’, filme sobre o Queen, reviveu um mercado ativo há anos: as cinebiografias sobre bandas e artistas de rock. Produções como ‘Rocketman’ (Elton John) e ‘The Dirt’ (Mötley Crüe) foram divulgadas recentemente e artistas como David Bowie, Elvis Presley (que já foi tema de um longa do gênero anteriormente), Ozzy Osbourne (com foco no casamento com Sharon Osbourne), entre outros, ocuparão as telonas em breve.
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‘Bohemian Rhapsody’ deu novo impulso às produções do gênero focadas no rock porque, além de ter feito sucesso diante da crítica e do público, conseguiu estabelecer um padrão de qualidade que era pouco praticado anteriormente. Muitos filmes questionáveis sobre artistas do estilo foram lançados no passado. Também rolaram boas produções, mas nem todas conseguiram boa repercussão, justamente pela desconfiança criada por tantas derrapadas.
A lista a seguir compila 10 cinebiografias de artistas e bandas de rock que são relativamente obscuras e desconhecidas, seja pela qualidade questionável ou por não obterem a devida divulgação na época. O levantamento está organizado em ordem de lançamento.
1) ‘John & Yoko: A Love Story’ (1985)
Produzido para a TV, ‘John & Yoko: A Love Story’ resume as vidas de John Lennon e Yoko Ono desde quando se conheceram, em 1966, até o assassinato do eterno Beatle, em 1980. A direção é de Sandor Stern. Mark McGann interpreta Lennon, enquanto Kim Miyori faz o papel de Ono. Outro nome do elenco que chama atenção é Peter Capaldi como George Harrison.
Apesar de reunir um elenco relativamente bom, o filme foi bastante criticado por sua duração – as quase duas horas e meia, quando o padrão cinematográfico era bem reduzido nesse sentido, são agravadas pelo fato de que o enredo não se desenvolve tão bem, segundo muitos especialistas. A atuação de Mark McGann como John Lennon também não convenceu tanto.
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2) ‘Great Balls of Fire’ (1989)
Lançado no Brasil como ‘A Fera do Rock’, ‘Great Balls of Fire’ apresenta a trajetória de Jerry Lee Lewis (Dennis Quaid) desde a juventude. A polêmica atração por sua prima de 13 anos, Myra Gale (Winona Ryder), com quem se casou, não é deixada de fora do enredo – o longa termina quando ele descobre que ela está grávida.
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O filme, vale destacar, foi levemente inspirado em um livro escrito pela própria Myra. Novamente, o roteiro foi o foco das críticas feitas pela mídia especializada: a história não é tão envolvente quanto promete.
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3) ‘Backbeat’ (1994)
Nem todos sabem que os Beatles não tiveram apenas Paul, John, George e Ringo. Músicos como o baixista Stuart Sutcliffe, que chegou a ser um quinto integrante, entre 1960 e 1962, fez parte da banda, além de nomes como o baterista Pete Best, antecessor de Ringo Starr.
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‘Backbeat’ (‘Os Cinco Rapazes de Liverpool’) foca em Stuart Sutcliffe, interpretado por Stephen Dorff, e seu dilema entre seguir tocando nos Beatles, mesmo não sendo um músico tão bom, ou dedicar-se à pintura, sua real paixão. Além disso, sua amizade com John Lennon (Ian Hart) ocupa um espaço importante na produção. O período inicial da banda em Hamburgo, na Alemanha, é retratado no longa.
A trilha sonora impressiona ao reunir nomes como Dave Grohl (Nirvana), Mike Mills (R.E.M.) e Thurtston Moore (Sonic Youth), entre outros. As críticas foram positivas no geral e o longa chegou a ser adaptado para o teatro, em 2010. Porém, não fez tanto sucesso por ser uma produção independente, além de focar em um integrante que poucos conhecem. Vale lembrar que Sutcliffe morreu em abril de 1962, aos 21 anos, de uma hemorragia cerebral, antes de testemunhar o sucesso dos Beatles.
4) ‘Daydream Believers: The Monkees Story’ (2000)
Feito para a TV, ‘Daydream Believers: The Monkees Story’ narra, conforme o título indica, a história do The Monkees, grupo pop rock/bubblegum pop dos Estados Unidos criado, justamente, para uma série televisiva. O grupo fez bastante sucesso nos anos 1960.
Com atuações de George Stanchev no papel de Davy Jones, L.B. Fisher como Peter Tork e Jeff Geddis como Mike Nesmith, o filme não convenceu. Por isso, acabou sendo um pouco esquecido com o tempo.
5) ‘The Beach Boys: An American Family’ (2000)
Agora, uma exceção em termos de formato: ‘The Beach Boys: An American Family’ foi lançado como uma minissérie televisiva, mas foi rodado como um filme. A produção conta a história dos Beach Boys, com foco na trajetória inicial: a escalada para o sucesso nos anos 1960, os problemas envolvendo especialmente Brian Wilson (Fred Weller) e a retomada na década seguinte, na pegada de uma atração “nostalgia”.
‘The Beach Boys: An American Family’ já começa mal por sua produção sequer ter conseguido os direitos para usar as gravações originais dos Beach Boys. Quando foi lançada, a minissérie recebeu críticas do próprio Brian Wilson, que declarou: “não gostei da segunda parte em especial, a verdade não foi retratada e eu gostaria de ver um filme que mostrasse como aconteceu”.
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6) ‘Meat Loaf: To Hell And Back’ (2000)
Pelo visto, 2000 foi o ano das cinebiografias obscuras. ‘Meat Loaf: To Hell and Back’ foi outra produção feita para a TV e traz W. Earl Brown no papel de Meat Loaf. A produção se inspirou vagamente na autobiografia do cantor, ‘To Hell and Back’, e chegou a alterar alguns fatos, como locais e períodos do tempo em que certas situações ocorreram.
As críticas, é claro, vieram. Não só pelas alterações históricas, como pela atuação de Brown e pela direção de Jim McBride, o mesmo responsável por ‘Great Balls of Fire’ / ‘A Fera do Rock’.
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7) ‘Hysteria: The Def Leppard Story’ (2001)
Mais um filme feito para a TV, ‘Hysteria: The Def Leppard Story’ retrata, conforme título indica, a história do Def Leppard, incluindo o acidente que causou a amputação de um dos braços do baterista Rick Allen (Tat Whalley). Os problemas com álcool dos guitarristas Pete Willis (Nick Bagnali), demitido em 1982, e Steve Clark (Karl Geary), morto em 1991 pelo vício, são apresentados pela produção.
Tinha tudo para ser um bom filme, já que a história do Def Leppard é bem peculiar. Só que tudo deu errado: desde a montagem de elenco, com direito a um Phil Collen australiano, até o roteiro pouco comprometido com os fatos, indicando até que o acidente de Rick Allen teria sido causado por estar bêbado, o que não é verdade.
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“Fomos pauta de um filme da VH1 há 20 anos que foi a maior m*rda já feita. Duvido muito que alguém esteja realmente interessado em fazer outro. […] As marcações de estrada estavam todas erradas. A cena de abertura mostra ‘Sheffield 1 mile, London 46’. No filme, eu tenho 1,70 m, mas na realidade, tenho 1,85 m. No filme, Phil era australiano, a mãe de Rick era irlandesa, meus pais tinham um cachorro. Errado. E meu pai era careca. Ele assistiu ao filme e disse: ‘eu tenho mais cabelo que isso'”, disse Joe Elliott, recentemente, ao ser perguntado sobre um possível novo filme do Def Leppard.
8) ‘Killing Bono’ (2011)
Era para ser um filme de comédia, mas ‘Killing Bono’ acabou virando, para muitos, uma tragédia. O filme conta a história dos irmãos Neil e Ivan McCormick, que sonhavam em se tornar rockstars, mas não conseguiram e tiveram que assistir ao colega de escola, Bono, se consagrar com o U2.
Ivan McCormick chegou a fazer parte do U2 por semanas, quando ainda era uma banda de colégio. Só que, no geral, todo o resto da história do filme passa um pouco longe da realidade. De acordo com as críticas, mem o elenco formado por Ben Barnes, Pete Postlethwaite (em seu último papel antes de morrer) e Krysten Ritter, entre outros, foi capaz de sustentar o roteiro.
9) ‘CBGB’ (2013)
Um dos mais criticados da lista é o filme que retrata a história da CBGB, uma das casas de shows mais lendárias da história. O berço do punk rokc nos Estados Unidos teria sua trajetória passada a limpo, com direito a diversas representações de lendas como Joey Ramone, Lou Reed, Iggy Pop, Patti Smith, Wayne County, Debbie Harry e por aí vai.
O que deu errado? Praticamente tudo. Escolha de elenco, roteiro, excesso de personagens e, talvez, a expectativa criada em cima do filme. Para os críticos, mais uma boa história que acabou sendo estragada pela forma como foi retratada. Não à toa, os US$ 5 milhões investidos no longa trouxeram o modesto retorno de US$ 40 mil.
10) ‘Elvis & Nixon’ (2016)
Você sabia que uma cinebiografia sobre Elvis Presley foi produzida recentemente? Não, né? ‘Elvis & Nixon’ foca no encontro do cantor com o então presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon, na Casa Branca. Michael Shannon interpreta Elvis, enquanto Kevin Spacey dá vida a Nixon. No apoio, vale destacar Johnny Knoxville (sim, de ‘Jackass’) como Sonny West, guarda-costas e amigo do Rei.
As críticas apontam que ‘Elvis & Nixon’ traz um bom elenco, com destaque aos protagonistas, e a visão de uma diretora mulher (Liza Johnson) a respeito de dois “machões”. Ou seja, não é tão ruim assim. Porém, enxergaram como um problema o fato de um recorte histórico tão específico ter sido retratado. Não à toa, é um filme bem curtinho, com menos de 90 minutos de duração, e que não despertou tanta atenção: investimento de quase US$ 10 milhões para retorno de US$ 1,8 milhão.
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