Phil Spector, famoso produtor, morre de Covid-19 na prisão

Phil Spector, um dos produtores musicais mais famosos das décadas de 1960 e 1970, morreu no último sábado (16). Ele tinha 81 anos e estava preso, após ser condenado, em 2009, pelo assassinato a tiros da atriz Lana Clarkson.

Phil Spector, um dos produtores musicais mais famosos das décadas de 1960 e 1970, morreu no último sábado (16). Ele tinha 81 anos e estava preso, após ser condenado, em 2009, pelo assassinato a tiros da atriz Lana Clarkson.

A informação sobre a morte de Phil Spector foi confirmada pelo Departamento de Correções e Reabilitação da Califórnia. O texto diz:

“Phillip Spector, detento do Centro de Saúde da Califórnia, foi declarado morto por causas naturais às 18h35, no sábado, 16 de janeiro de 2021, em um hospital externo. Sua causa oficial de morte será determinada pelo legista do Gabinete do Xerife do Condado de San Joaquin.”

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O comunicado não cita a causa da morte, porém, o site TMZ apurou que Spector faleceu em decorrência de complicações da Covid-19.

Sobre Phil Spector

Phil Spector e The Ronettes, nos anos 60 (foto: reprodução / Pinterest)

Nascido em 26 de dezembro de 1939, Phil Spector se tornou famoso por seu trabalho como produtor na década de 1960, após cofundar a Philles Records e se tornar o proprietário de gravadora mais jovem dos Estados Unidos. Na época, em que sua empresa foi criada, ele tinha apenas 21 anos.

Antes disso, em 1958, Spector emplacou um hit com sua banda, Teddy Bears: ‘To Know Him Is to Love Him’. Com a fundação de sua gravadora, ele passou a trabalhar com artistas como Ike & Tina Turner, Righteous Brothers, The Crystals e The Ronettes, emplacando uma série de hits.

Wall of Sound

Sessão de gravação em busca da técnica Wall of Sound (foto: reprodução / Pinterest)

Na primeira metade da década de 1960, Phil Spector criou uma técnica de produção denominada Wall of Sound (Parede de Som, em tradução livre), que explorava uma estética musical bastante densa, com muito reverb e camadas instrumentais, pensada para as rádios e os jukeboxes daqueles tempos. A ideia era dar um caráter de “orquestra” para a música pop da época, deixando o som cheio.

O biógrafo David Hinckley descreve:

“Os componentes da Wall of Sound incluíam uma seção rítmica derivada de R&B, eco generoso e coros proeminentes combinando percussão, cordas, saxofones e vozes humanas. Mas igualmente importantes eram seus espaços abertos, alguns alcançados por pausas físicas (as pausas entre o trovão em ‘Be My Baby’ ou ‘Baby, I Love You’) e alguns simplesmente deixando a música respirar no estúdio. Ele também sabia quando abrir caminho, como faz no interlúdio do sax e no vocal de Darlene Love em ‘(Today I Met) The Boy I’m Gonna Marry’.”

A Wall of Sound ficou tão conhecida que elevou a profissão de produtor a um nível de notoriedade ainda inédito na história da música. Diversos artistas consagrados, inclusive fora do pop que ele costumava gravar, tentaram imitar esse método – como Brian Wilson, líder dos Beach Boys. Outros passaram a procurá-lo em busca de suas técnicas de produção.

Foi o caso dos Beatles, que contratou o profissional para dar um jeito nas gravações do que se tornaria o álbum ‘Let It Be’. Até hoje, o trabalho de Spector nesse disco acaba dividindo opiniões, especialmente em ‘The Long and Winding Road’, que ficou bem diferente do que Paul McCartney gostaria. O material chegou a ser relançado sem as intervenções de Phil em 2003, no registro intitulado ‘Let It Be… Naked’.

Phil Spector e George Harrison (foto: reprodução / Pinterest)

Quando Phil Spector foi chamado para trabalhar com os Beatles, em 1969, ele estava aposentado do mercado fonográfico havia três anos. Acabou voltando para trabalhar com o Fab Four, também gravando John Lennon e George Harrison em suas carreiras solo.

Idas e vindas

Na década de 1970, ele reduziu novamente seu ritmo de atividades, com diversas “indas e vindas” nesse segmento. Em 1974, por exemplo, ficou afastado após sofrer um acidente de carro que quase o matou. Retornou em 1977, trabalhando com Leonard Cohen no álbum ‘Death of a Ladies’ Man’ e emendando com ‘End of the Century’, dos Ramones, em 1979 (lançado em 1980).

A aposentadoria definitiva ocorreu em 1981, após gravar ‘Season of Glass’, de Yoko Ono. Ele até tentou voltar à produção com Céline Dion, em seu álbum ‘Falling into You’ (1996), mas não deu certo. Também fez alguns trabalhos esporádicos, sendo que o álbum ‘Silence is Easy’, do Starsailor, é registrado como o último de sua carreira.

O assassinato de Lana Clarkson

Em 2003, a atriz Lana Clarkson, conhecida pelo trabalho no filme ‘The Barbarian Queen’ (1985), foi morta a tiros na mansão de Phil Spector, na Califórnia, Estados Unidos. O produtor alegou que ela havia cometido suicídio acidental, ao beijar uma arma. Porém, a investigação policial revelou que a artista, de 40 anos, foi assassinada pelo produtor.

Em função disso, a justiça americana o condenou em 2009 a prisão perpétua, com possibilidade de pedir liberdade condicional após 19 anos. Desde então, ele permaneceu detido no sistema prisional da Califórnia.

Phil Spector, em 2017, na prisão (foto: divulgação)

Discografia de Phil Spector como produtor (apenas álbuns, sem singles)

  • 1959: ‘The Teddy Bears Sing’ – The Teddy Bears
  • 1962: ‘Twist Uptown’ – The Crystals
  • 1963: ‘He’s a Rebel’ – The Crystals
  • 1963: ‘Zip-A Dee-Doo-Dah’ – Bob B. Soxx and the Blue Jeans
  • 1963: ‘A Christmas Gift for You from Philles Records’ – Coletânea
  • 1964: ‘Presenting the Fabulous Ronettes Featuring Veronica’ – The Ronettes
  • 1966: ‘River Deep – Mountain High’ – Ike & Tina Turner
  • 1969: ‘Love Is All We Have to Give’ – Sonny Charles and the Checkmates, Ltd.
  • 1970: ‘Let It Be’ – The Beatles
  • 1970: ‘All Things Must Pass’ (co-produtor) – George Harrison
  • 1970: ‘Plastic Ono Band’ (co-produtor) – John Lennon and the Plastic Ono Band
    1971: Imagine (co-produtor) – John Lennon and the Plastic Ono Band with the Flux Fiddlers
  • 1971: ‘The Concert for Bangladesh’ (co-produtor) – George Harrison and friends
  • 1972: ‘Some Time in New York City’ (co-produtor) – John Lennon and Yoko Ono with Elephant’s Memory plus Invisible Strings
  • 1973: ‘Living in the Material World’ (co-produtor) – George Harrison
  • 1975: ‘Rock ‘n’ Roll’ (co-produtor) – John Lennon
  • 1975: ‘Born to Be with You’ – Dion
  • 1977: ‘Death of a Ladies’ Man’ – Leonard Cohen
  • 1980: ‘End of the Century’ – Ramones
  • 1981: ‘Season of Glass’ (co-produtor) – Yoko Ono
  • 1986: ‘Menlove Ave.’ (co-produtor) – John Lennon
  • 1991: ‘Back to Mono (1958–1969)’ (coletânea em box set) – Vários artistas
  • 2003: ‘Silence Is Easy’ (co-produtor) – Starsailor
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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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