Por que Paul Stanley resolveu gravar um álbum cantando soul music

Paul Stanley, vocalista e guitarrista do Kiss, criou há alguns anos o Soul Station, um projeto de soul music e R&B. Como surgiu a ideia de montar essa banda? E como o baterista Eric Singer, parceiro de Paul no Kiss, foi parar nela?

Paul Stanley, vocalista e guitarrista do Kiss, criou há alguns anos o Soul Station, um projeto de soul music e R&B com influência em especial do Philly Soul – a ramificação do gênero surgida da Filadélfia, Estados Unidos, na década de 1970.

O primeiro álbum da banda, “Now and Then”, chegará a público nesta sexta-feira (19), por meio da Universal Music. Mas o que levou Paul Stanley, um músico consolidado no hard rock, a esse caminho?

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O frontman do Kiss conversou com a Rolling Stone sobre o novo trabalho, que, inclusive, conta com um de seus parceiros de banda: o baterista Eric Singer. Grande conhecedor e fã dos clássicos da soul music, Stanley lembrou que o projeto paralelo foi criado, em 2015, apenas com objetivo de realizar shows.

Com o tempo, surgiu a ideia de levar para o estúdio a banda, que traz 11 integrantes ao todo. Nasceu, assim, o álbum “Now and Then”.

Ao todo, a tracklist apresenta cinco músicas autorais e oito covers de clássicos do soul, homenageando nomes como The Temptations, The Delfonics e Smokey Robinson and the Miracles. Paul comentou sobre como foi cativado pelo otimismo e alegria do gênero musical:

“A primeira vez em que ouvi o Five Stairsteps cantando ‘O-O-H Child’, havia uma inocência sobre aquilo e a esperança de que as coisas iriam melhorar: ‘nós vamos andar nos raios de um belo sol’. É tão eloquente em sua simplicidade e honestidade. […] Quando vi Otis Redding no Central Perk, com 15 ou 16 anos, aquilo mudou a minha vida. Tive uma epifania. […] A música realmente mudou a minha vida, seja por Beethoven quando criança, Verdi e Puccini, Dave Van Ronk, Yardbirds com Jimmy Page. Para mim, é a mesma coisa. Tem a ver com a forma como isso te afeta emocionalmente.”

A paixão dele pela soul music foi, inclusive, trazida ao Kiss.

“Ao criar uma música, você usa uma receita. Você pode estar improvisando, mas a música é baseada em todos os seus ingredientes, que podem não estar em proporções iguais e alguns podem ser surpreendentes – é o que ajuda com a singularidade. Quando fizemos ‘Shout It Out Loud’ para o Kiss, fomos muito claros: (cantando) ‘Bem, a noite começou e você quer se divertir; você acha que vai conseguir? (Acha que vai conseguir?)‘. Isos é The Four Tops. Há uma música no álbum ‘Unmasked’ (1980) chamada ‘What Makes the World Go Round’ que é basicamente uma canção dos Spinners, mas feita de uma maneira diferente.”

Eric Singer, o fiel escudeiro de Paul Stanley

Foto: reprodução / YouTube

Durante o bate-papo, Paul Stanley também falou sobre a presença de baterista Eric Singer, que também toca no Kiss, na formação do Soul Station.

A parceria entre os dois começou ainda nos anos 1980, antes de Eric integrar o Kiss: ele foi o baterista de uma turnê solo de Paul Stanley realizada em 1989, junto de Bob Kulick (guitarra), Dennis St. James (baixo) e Gary Corbett (teclado).

O Starchild comenta:

“Nunca pensei em outra pessoa porque eu sei o quão grande Eric é como baterista. Seu vocabulário musical é tão vasto. Ele é um músico estudado que realmente entende não só a matemática da bateria, mas o sentimento. É sempre engraçado como as pessoas são rotuladas – como um baterista de hard rock, ou o que seja. Um baterista de hard rock nesta banda teria sido um desastre. Mas as raízes de Eric… ele tocou em big bands com o pai, ele é muito mais do que só um baterista de rock.”

Sobre o álbum do Soul Station

Foto: divulgação

Com alguns shows nos Estados Unidos e Japão em seu currículo, o Soul Station apresenta Paul Stanley no vocal, o brasileiro Rafael “Hoffa” Moreira na guitarra, Sean Hurley no baixo, Alex Alessandroni e Ely Rise nos teclados, Eric Singer (parceiro de Stanley no Kiss) na bateria, Ray Yslas na percussão, Jon Pappenbrook no trompete e Gavyn Rhone, Crystal Starr e Laurhan Beato nos backing vocals.

Sobre a ideia de produzir um álbum de uma banda que nasceu nos palcos, Stanley comenta, em material de divulgação:

“Entre os ótimos shows do Soul Station e o início das gravações do álbum, comecei a pensar que nem a banda ou a música que amamos deveria depender apenas do passado. Então, comecei a escrever com o objetivo de resgatar canções para o presente. Pelo que muitas pessoas que respeito me disseram, essa missão foi cumprida.”

Paul Stanley’s Soul Station – ‘Now and Then’

01. Could It Be I’m Falling In Love
02. I Do
03. I, Oh I
04. Ooo Baby Baby
05. O-o-h Child
06. Save Me (From You)
07. Just My Imagination (Running Away With Me)
08. Whenever You’re Ready (I’m Here)
09. The Tracks Of My Tears
10. Let’s Stay Together
11. La-La – Means I Love You
12. Lorelei
13. You Are Everything
14. Baby I Need Your Loving

* Foto do topo da matéria: Brian Lowe / divulgação

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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