Sunstorm ganha sobrevida com Ronnie Romero no álbum “Afterlife”

O Sunstorm recebeu uma nova injeção de energia com a chegada de Ronnie Romero. "Afterlife", sexto álbum do projeto e o primeiro com o novo vocalista, mostra que, pelo menos, as músicas e as performances seguem boas.

O Sunstorm lançou seu sexto álbum de estúdio nesta sexta-feira (12). O trabalho, intitulado “Afterlife”, marca a estreia do vocalista Ronnie Romero (Rainbow, Lords of Black, CoreLeoni, The Ferrymen).

Para quem não conhece, o Sunstorm é um projeto criado pela gravadora Frontiers Music Srl, trazendo, até então, o vocalista Joe Lynn Turner (Rainbow, Deep Purple, Yngwie Malmsteen) como seu único integrante fixo. Ao menos inicialmente, a sonoridade era bastante puxada para o AOR/melodic rock.

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Nos álbuns mais recentes, a aposta era em uma pegada pesada, orientada ao heavy metal, ainda que também de origem melódica. Alessandro Del Vecchio, que assina a produção de vários projetos da Frontiers, se envolveu com a banda, agora também como tecladista e compositor.

No fim de 2020, Turner anunciou sua saída do Sunstorm. A gravadora decidiu seguir com o grupo, agora com Ronnie Romero no vocal.

Ouça “Afterlife”, na íntegra, via Spotify:

Um comunicado divulgado pela Frontiers indicava que o cantor queria “trabalhar com estilos mais pesados”, mas ele acabou negando em uma publicação nas redes sociais. E, claro, soltou os cachorros contra o selo e até contra Romero:

“Ainda tenho muitas músicas demo no estilo AOR e poderia facilmente fazer um disco AOR amanhã, então, acho que vou levar minhas músicas para outra gravadora e continuar com minha discografia AOR. […] O presidente da Frontiers, Serafino Perugino, diz que o novo álbum traz o ‘estilo musical original dos primeiros discos’. Em minha opinião, o primeiro single mostra que isso está longe de ser verdade. Parece haver muita hipocrisia. Não vejo nenhum ‘estilo musical original’ ali. Nada: produtor, vocalista, membros da banda, compositores… nada. Por que chamar isso de Sunstorm? Quem eles pensam que estão enganando? Afinal, só os fãs podem julgar.”

Confusões à parte, o Sunstorm segue existindo. “Afterlife” mostra que Ronnie Romero deu sangue novo ao projeto de diferentes formas, ainda que soe, de fato, como outra banda – e não há problema nisso.

Curiosamente, antes de ouvir o álbum, pensei que Ronnie Romero poderia ter se envolvido em mais uma roubada. Embora seja um grande cantor, seus trabalhos não parecem aproveitá-lo devidamente.

O envolvimento com a volta do Rainbow não foi capaz de mostrar seu talento de forma plena, além de gerar comparações com Ronnie James Dio e, veja só, Joe Lynn Turner – que também o criticou na ocasião. O trabalho com a banda CoreLeoni, com membros do Gotthard, voltou a gerar críticas, agora o relacionando com Steve Lee. No Lords of Black e no The Ferrymen, a sensação é de que algo está deslocado.

Por incrível que pareça, “Afterlife” parece mostrar que o Sunstorm pode ser o melhor lar para a voz de Ronnie Romero. Deu liga. As músicas funcionaram na voz dele e, apesar de não serem exatamente inovadoras, são bem compostas e trazem um ímpeto que faltava nos álbuns mais recentes da banda.

Em comparação ao catálogo anterior, o novo disco tem uma pegada mais intensa, especialmente pela voz mais rasgada e um tanto áspera de Romero. A proposta musical ainda segue guiada pelo AOR/melodic rock, entretanto, por esse fator mencionado, ganhou um peso natural e certa intensidade oriundos do hard rock.

As referências ao som de bandas como Rainbow e Deep Purple seguem pulsantes. Como novo ingrediente, a performance vocal de Ronnie fez com que a sonoridade também trouxesse alusões ao trabalho de Johnny Gioeli na banda de Axel Rudi Pell – sem tantos exageros no shredding ou incursões ao metal, é claro.

O instrumental segue caprichado, com destaque às guitarras muito bem colocadas de Simone Mularoni. Embora seja conhecido por “padronizar demais” alguns projetos da Frontiers, Alessandro Del Vecchio conseguiu dar um tom legal na produção e nas composições.

Entre alguns destaques da tracklist, cito a faixa-título e seu refrão envolvente e as grudentas “One Step Closer” e “Darkest Night”, além de algumas das faixas que mostram a dose ideal de peso do novo Sunstorm: “I Found a Way”, “Here for You Tonight” e “A Story That You Can Tell”.

Se a manutenção do nome Sunstorm foi uma decisão equivocada, só o tempo irá dizer. Fato é que “Afterlife” é um bom álbum e garante sobrevida ao projeto. Não é melhor que os dois primeiros – esses sim, acima da média dentro do âmbito AOR/melodic rock -, mas certamente supera os trabalhos mais recentes da banda.

O álbum está representado em minha playlist de lançamentos, atualizada semanalmente. Siga e dê o play:

Sunstorm – “Afterlife”

1. Afterlife
2. One Step Closer
3. Swan Song
4. Born Again
5. Stronger
6. I Found A Way
7. Lost Forever
8. Far From Over
9. Here For You Tonight
10. Darkest Night
11. A Story That You Can Tell

Formação:

Ronnie Romero (vocal)
Simone Mularoni (guitarra)
Alessandro Del Vecchio (teclados, backing vocals)
Nik Mazzucconi (baixo)
Michele Sanna (bateria)

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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