O Volbeat está prestes a lançar um novo álbum. Grande nome da música pesada nos últimos anos, a banda dinamarquesa composta por Michael Poulsen (voz e guitarra), Jon Larsen (bateria), Rob Caggiano (guitarra) e Kaspar Boye Larsen (baixo) antecipou os singles “Wait a Minute My Girl” e “Dagen Før” como forma de esquentar os motores para o sucessor do disco “Rewind, Replay, Rebound” (2019).
Em entrevista exclusiva, Jon Larsen falou não apenas sobre o novo álbum – que, segundo ele, terá pitadas de thrash e até death metal sueco -, como, também sobre a participação do Volbeat no projeto “The Metallica Blacklist“. O álbum de covers, organizado pelo próprio Metallica, traz mais de 50 versões para músicas do “Black Album”, que completa seus 30 anos de lançamento em 2021.
Sobrou tempo, ainda, para perguntar a ele sobre uma possível passagem do Volbeat pelo Brasil. A banda veio ao país apenas uma vez, em 2018, e promete voltar desde então. Será que agora (depois da pandemia), vai?
Assista à entrevista, na íntegra, no player de vídeo a seguir, em meu canal no YouTube. Logo abaixo, leia os trechos das principais respostas de Larsen.
Entrevista com Jon Larsen – Volbeat
Sobre o novo álbum do Volbeat:
“O álbum está pronto. Mas não posso divulgar a data de lançamento ainda. É claro que, nesses tempos modernos, você vai descobrir online, mas está tudo pronto e tenho bastante certeza que vai explodir a cabeça de muita gente.”
Sobre a sonoridade do trabalho:
“Certamente, é mais pesado, digamos assim. Eu não diria exatamente mais agressivo. Pode ser, não tenho muita certeza, mas certamente tem alguns dos elementos pesados raiz do Volbeat. Tem certamente alguns elementos pesados, algumas canções bem pesadas. É, pode ter um pouquinho de thrash nele. Pode ter ainda um pequeno desvio pra death metal sueco, talvez? Um pouquinho. Apesar disso, não tenha medo.
Mas sim, acho que é um álbum bem variado, porque você certamente tem sons mais pesados, mas ainda temos as canções mais alegres, punks, talvez pop, se quiser chamar disso? Tem também algumas surpresas no disco que com certeza farão pessoas falar: ‘okay, não esperava isso’. Mas acho que definitivamente tem uma mistura de tudo que fizemos até agora. E a vibe do disco é uma sonoridade talvez mais espontânea. Com algumas piscadelas para nosso passado. Mas é, diria que ‘pesado’ é a palavra certa.”
Sobre as presenças de “Wait a Minute My Girl” e “Dagen Før” no disco:
“É claro que elas estarão no disco! Por que não estariam? Eu não acho que representam como a totalidade do álbum soa, mas são canções bem Volbeat. Rock’n’roll na veia, bom pro verão, sentar do lado de fora com sua cerveja, um churrasco, sei lá… bater o pé, cantar junto. Mas é claro que essas canções estarão também no disco.”
Sobre “Wait a Minute My Girl”:
“Acho que foi uma das primeiras canções que Michael trouxe quando começamos a ensaiar material novo. Michael disse que achava que essa tinha um pouco daquele som raiz do Volbeat, se quiser colocar dessa maneira, como ‘Back to Prom’, por exemplo. Tem um pouco daquela vibe punk nela, como costumávamos fazer em algumas canções antigamente que eram mais tipo Offspring, Green Day, Bad Religion, coisas assim, sabe? E acho que é uma daquelas canções felizes de verão que é fácil de cantar junto, bater o pé… Dá até pra dançar, mas tome cuidado se for dançar essa. Você pode se machucar.”
Sobre “Dagen Før”:
“De novo… é uma daquelas canções que Michael trouxe e lembro que… uma vez que o esqueleto dela estava pronto, ele disse que conseguia ouvir uma voz feminina para ela. E é sempre divertido trazer convidados, sejam homens, mulheres, patos, o que quer que consigamos trazer para participar. Ele falou que conseguia ouvir uma voz feminina na música e de repente disse: ‘Já sei! Precisamos convidar Stine Bramsen pra ver se ela topa cantar com a gente nela’. E eu fui com a ideia, por que não?
Ela tem uma ótima voz, é bem conhecida na Dinamarca… Não sei quão conhecida ela é aí no Brasil. Ela é a vocalista de uma banda pop chamada Alphabeat. Mas então nós a convidamos e ela disse que poderia ser interessante, poderia ser divertido. A canção estava pronta, ele escreveu a letra, fizemos uma versão demo para ela e ela falou que achou ótima, que queria fazer, então a gente fez e o segredo agora está fora da caixa.”
Sobre o som mais melódico do Volbeat nos últimos anos:
“Na verdade, tudo que fizemos desde o começo tem sido natural. Nunca colocamos limites em nós mesmos, de: ‘precisamos soar assim, precisamos fazer isso, precisa ser assim’. Então, se quisermos fazer canções mais melódicas, nós faremos. Se quisermos fazer algo mais relacionado ao nosso passado, mais pesado e thrash ou como quiser chamar, faremos isso também. Não é como se… a gente nunca sentou junto e disse: ‘ok, esse álbum precisa ser assim’. Sempre foi uma progressão natural do que a gente tem feito.
Se você se refere ao nosso último disco, ‘Rewind, Replay, Rebound’ (2019), aquele disco foram as canções certas no momento certo, basicamente. Não foi como se o Michael sentasse e falasse que tínhamos que fazer um disco assim. Ele disse mesmo que queria fazer um grande disco de rock’n’roll. Então, as faixas no meio deram um desvio, mas era o disco que precisávamos fazer naquele ponto. Era o que nós imaginávamos. E com esse novo é mais: ok, fizemos o discão de rock, agora vamos simplesmente bolar coisas novas, e essas coisas novas se tornaram o disco. E como eu disse, é talvez um retorno às raízes, um pouco mais pesado, agressivo, talvez. Mas ainda tem os refrães grandes e tudo aquilo.”
Sobre a participação no “The Metallica Blacklist”, gravando a música “Don’t Tread on Me”:
“Bem, nós recebemos a oferta de participar desse disco do Metallica e nossa primeira reação foi… naaaaah, melhor não. Porque é melhor não mexer com músicas do Metallica, na minha opinião. Mas aí ficamos em um fazemos-não-fazemos – se fizermos, qual canção regravamos? E concordamos desde o início que não tocaríamos nenhuma das mais famosas do disco. Você sabe, ‘Enter Sandman’, ‘Sad But True’, ‘Nothing Else Matters’… nenhuma dessas, nenhuma das músicas enormes que eles tocam desde que o álbum foi lançado.
Acho que tínhamos ‘Don’t Tread on Me’ e outra que meio que falamos a respeito, mas não consigo lembrar qual. Contudo, ainda estávamos debatendo se fazíamos ou não, e estávamos no estúdio nessa época. Eu e o Kaspar fomos para casa, para o fim de semana, e Michael disse que ia ficar mais umas horas pra ver se conseguia bolar algo. Porque se íamos fazer, teríamos que fazer a nossa versão e não uma cópia exata do que eles fizeram. Temos que bolar nossa versão. Eu acho que ele mandou uma mensagem pra gente naquela noite dizendo que achava que tinha conseguido encontrar uma versão que ficaríamos satisfeitos em gravar.
Aí foi uma questão de esperar até segunda-feira e ver o que ele tinha bolado. E ele fez uma versão que, é claro, tem aquela qualidade do Metallica, o que é óbvio, mas ainda tem algumas mudanças no caminho que ajudaram a encaixar no nosso estilo de tocar. Então acho que saiu uma mistura do que o Metallica fez e o que estamos fazendo, e espero que eles tenham ficado felizes com o resultado. Ainda não recebemos ameaças de morte, então acho que estão felizes.”
Sobre o Volbeat eventualmente passar pelo Brasil no ciclo do novo álbum:
“Posso dizer apenas que espero que sim, mas atualmente a pandemia ainda está rolando e é meio difícil prever o que acontecerá no futuro. A gente tem uma pequena turnê nos Estados Unidos ainda esse ano e 2022 certamente será um ano de turnê, sem dúvida. E se conseguirmos voltar à América do Sul, se conseguirmos voltar ao Brasil, certamente faremos.”