Richard Wright, que nos deixou em 2008, era descrito como a “alma” do Pink Floyd, enquanto Roger Waters era a mente e David Gilmour e Nick Mason, os músculos da banda. Dono de uma versatilidade musical incrível, o tecladista tinha um gosto pessoal bem amplo.
Dá para se ter noção das preferências de Wright no que diz respeito a música com uma curiosa entrevista que ele concedeu, na década de 1990, ao site de fãs Pink-Floyd.org. Na ocasião, ele, trabalhava em seu segundo disco solo, “Broken China” (1996), fez um top 10 com seus álbuns favoritos de todos os tempos.
Como esperado, jazz e música clássica marcam presença, com algo de rock progressivo no meio. Alguns contemporâneos de Rick também são citados, como Peter Gabriel, Talking Heads e Jeff Beck.
Richard Wright, o jazz e o clássico
O eterno Miles Davis foi um dos artistas citados pelo tecladista do Pink Floyd. Mais especificamente, o disco escolhido por ele foi “Porgy and Bess” (1959).
Richard Wright brincou ao dizer que poderia fazer um top 10 só com álbuns de Davis. Porém, optou pelo trabalho de 1959 como seu provável favorito de todos os tempos.
“’Porgy and Bess’ é um álbum brilhante – a coisa mais próxima de ouvir um trompete feito para soar como a voz humana. Tenho que tocar esse disco do início ao fim, porque ele te faz paralisar. As pessoas podem ficar surpresas por me ouvirem tão empolgado com jazz, mas as influências no Floyd vieram de um monte de áreas diferentes.”
Além do jazz, Wright trouxe muita influência de música clássica pra o som do Pink Floyd. Para representar isso, ele destacou “Symphony Number 3” (1976 / 1992), de Henryk Górecki.
O tecladista descreveu o som como “ambiente”, mas sem a conotação negativa, se referindo a uma música etérea e relaxante.
“Quando eu estava gravando ‘Broken China’, meu novo álbum, quis colocar alguma percussão e bateria em ‘Sweet July’, mas não conseguia pegar o feeling da faixa. Então alguém sugeriu que precisávamos de algo que soasse como Górecki. Nunca ouvi falar dele, então saí e comprei esse álbum e agora eu o amo.”
Rock, prog e contemporâneos do Pink Floyd
Outros pontos importantes da lista de Richard Wright são os álbuns escolhidos por ele de músicos da mesma geração. São nesses nomes que conseguimos encontrar como o tecladista via o rock progressivo.
Alguns podem ficar até surpresos por ele ter escolhido um álbum de Peter Gabriel recente para aquela época: “Passion”, de 1989.
“Eu admiro praticamente tudo que Peter Gabriel já fez, do progressivo à world music e ao pop. Ele é um grande homem com grandes ideias – oh, e ele é um grande músico. Esse álbum traz instrumentais da trilha que ele compôs para o filme ‘A Última Tentação de Cristo’, de (Martin) Scorsese, mais algumas partes adicionais. Me sinto muito próximo de sua música. Acho que, de muitas formas, Peter ouve música da mesma forma que eu, então diria que ele é um espírito familiar.”
Jeff Beck e seu “Jeff Beck’s Guitar Shop” (1989) também entraram na lista. O tecladista aproveitou para contar algumas histórias envolvendo o guitarrista e o Pink Floyd.
Ele também escolheu Beck como seu guitarrista favorito, um elogio que pouquíssimos músicos tiveram a honra de receber.
“Enquanto guitarrista de rock, ele é meu herói de todos os tempos. Ele começou como um guitarrista de blues, como (Eric) Clapton, mas ele investigou muito mais as possibilidades do instrumento. Vocês provavelmente não sabem disso, mas quando Syd saiu do Pink Floyd nós chamamos Jeff Beck, ele era nossa primeira opção. Ele estava bem na época, então nos recusou.”
Os 10 álbuns favoritos de Richard Wright, do Pink Floyd
- “Music From Big Pink” (1968) – The Band
- “Jeff Beck’s Guitar Shop” (1989) – Jeff Beck
- “Appalachian Spring: Bernstein Conducts Copland” (1962) – Aaron Copland
- “Porgy and Bess” (1959) – Miles Davis
- “My Life In The Bush Of Ghosts” (1981) – Brian Eno & David Byrne
- “Passion” (1989) – Peter Gabriel
- “The Royal Scam” (1976) – Steely Dan
- “Remain in Light” (1980) – Talking Heads
- “Symphony Number 3” (1992) – Henryk Górecki
- “The Colour of Spring” (1986) – Talk Talk
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Impressionante Talk Talk nessa lista. Um excelente disco mas totalmente diferente do q fez o Pink Floyd.