O The Night Flight Orchestra lançou um novo álbum, o sétimo da carreira, nas plataformas digitais. Intitulado “Aeromantic II”, o sucessor de “Aeromantic” (2020) chega a público pela gravadora Nuclear Blast, com edição em CD nacional pela Shinigami Records.
Um dos projetos mais interessantes a surgir no hard rock nos últimos tempos, o The Night Flight Orchestra é formado por Björn “Speed” Strid (Soilwork) no vocal, David Andersson na guitarra, Sharlee D’Angelo (Arch Enemy) no baixo, John Lönnmyr nos teclados, Jonas Källsbäck (Mean Streak) na bateria, Sebastian Forslund na percussão e Anna-Mia Bonde e Anna Brygård nos backing vocals.
Todavia, a sonoridade do grupo foge bastante dos projetos originais dos envolvidos: a pegada é ancorada no hard rock melódico, na veia do AOR, só que com pitadas de funk music, disco music e até progressivo. Tudo isso embalado em uma produção que faz as canções soarem como trilha sonora de filmes blockbuster da década de 1980.
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Björn Strid, responsável por liderar o projeto, comenta em nota que “Aeromantic II” é uma espécie de ode às formas de se aproveitar à vida, especialmente em viagens, comprometidas durante a pandemia.
“Ficou muito claro depois de alguns meses que a loucura do Covid estava aqui para ficar e que não seríamos capazes de excursionar por algum tempo. Então, tiramos o melhor proveito disso. O remédio era simplesmente voltar ao estúdio assim que todos estivessem bem de novo. Acabou sendo um período de 1 ano e meio incrivelmente criativo e muitas músicas saíram dele.”
O álbum marca a estreia do tecladista John Lönnmayr, que ocupa a vaga deixada por Richard Larrson. Felizmente, a sonoridade não foi impactada por essa mudança na formação. Strid, em nota, comenta:
“John é um gênio do teclado e da música. Ele toca muitos estilos musicais diferentes, desde fusion a pop comercial. Trouxe sangue novo para a banda, tanto no aspecto pessoal quanto musical. John é um amigo de infância de Sebastian (Forslund), que o recomendou.”
Musicalmente, “Aeromantic II” tem suas semelhanças e diferenças com o álbum anterior. A ideia é soar como uma continuação, mas esse novo disco traz uma pegada menos intensa (ainda que não menos inspirada), com músicas menos aceleradas e guitarras mais discretas, por vezes até abdicando da possibilidade de fazer solos.
Longe de ser uma ruptura. A personalidade artística do grupo foi encontrada de fato no álbum “Amber Galactic” (2017), terceiro da discografia. Desde então, de forma sábia, Strid e seus companheiros estão mantendo pegada similar. Por isso, “Aeromantic II” não se diferencia tanto de seus antecessores diretos.
Músicas como “Violent Indigo”, “Midnight Marvelous”, “Chardonnay Nights” e “White Jeans”, por exemplo, encaixariam facilmente em outros álbuns do The Night Flight Orchestra. São faixas com o formato já vitorioso da banda: tipicamente AOR, com versos e refrães bem construídos, introduções climáticas quando é o caso, guitarras e teclados dividindo atenções enquanto o groove solidifica o andamento e, claro, os vocais poderosos de Björn Strid, com domínio e versatilidade raros no gênero.
Há, por outro lado, momentos um pouco mais experimentais – a maioria deles, na segunda metade da tracklist.
“Burn For Me”, por exemplo, traz frescor à audição ao apostar em sonoridade de piano em vez de sintetizadores. Já “Change” e “Amber Through a Window” absorvem influências do Genesis pós-Peter Gabriel, cada uma a seu modo. “Zodiac”, por sua vez, tem um instrumental mais seco e, ao mesmo tempo, abordagem mais pop. Enquanto isso, “I Will Try”, um dos grandes destaques do álbum, desfruta das melhores referências possíveis do Tears for Fears.
Como outros álbuns do The Night Flight Orchestra, “Aeromantic II” soa retrô sem ser brega. Méritos de quem cria, performa e produz essas músicas – dá para sentir que cada envolvido sabe o que está fazendo e que não se trata apenas de oferecer um flashback musical. Há frescor. Os discos soam similares em termos de identidade, mas nuances pontuais e bem pensadas os separam.
No fim das contas, além de apresentar um repertório divertido e convincente, que experimenta ou recorre ao “jogo ganho” quando preciso, esse álbum deixa uma pulga atrás na orelha. Quais serão os próximos passos da banda, que deixou os fãs acostumados a “ganharem” um disco quase todo ano? Já estamos no aguardo.
The Night Flight Orchestra – “Aeromantic II”
- Violent Indigo
- Midnight Marvelous
- How Long
- Burn For Me
- Chardonnay Nights
- Change
- Amber Through A Window
- I Will Try
- You Belong To The Night
- Zodiac
- White Jeans
- Moonlit Skies