A primeira edição do Rock in Rio, ocorrida em 1985, ofereceu alguns momentos mágicos para a história da música em geral. Muitos artistas estavam visitando o Brasil pela primeira vez – como o AC/DC, que fez boas apresentações em duas noites do evento mesmo não estando em seu auge enquanto banda.
O primeiro show aconteceu em 15 de janeiro, o quinto dia de festival. O quinteto fechou a noite diante de 250 mil fãs depois de Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, Eduardo Dusek, Barão Vermelho e Scorpions terem se apresentado.
A segunda performance rolou no dia 19, penúltimo do evento. na chamada “noite do metal”. O grupo encerrou a programação após Baby Consuelo + Pepeu Gomes, Whitesnake, Ozzy Osbourne e novamente Scorpions tocarem para uma multidão de 280 mil pessoas.
Assista abaixo à íntegra de um dos shows do AC/DC no Rock in Rio 1985.
O momento do AC/DC
Naquela época, os irmãos e guitarristas Angus e Malcolm Young já contavam com o baterista Simon Wright, que fez a turnê do álbum “Flick of the Switch” (1983) na vaga deixada por Phil Rudd. O vocalista Brian Johnson e o baixista Cliff Williams completavam a formação.
Em tese, aquelas apresentações não fizeram parte de nenhuma turnê. O grupo já havia encerrado a excursão que promovia “Flick of the Switch” e interromperam as gravações do disco seguinte, “Fly on the Wall” (1985), apenas para realizar os dois shows.
Para efeito prático, as performances em solo carioca hoje são reconhecidas como parte da turnê de “Flick of the Switch”, álbum que foi considerado um fracasso de vendas em relação aos antecessores e deu início à queda de popularidade sofrida pelo quinteto na década de 1980.
Não dá para dizer que o AC/DC vivia seus melhores tempos quando desembarcaram na Cidade Maravilhosa. Porém, estamos falando de uma banda que dominava o palco como poucas no mundo.
Os sinos do inferno no Rock in Rio 1985
Após um show antológico do Scorpions no dia 15 de janeiro, o AC/DC chegava com a missão de fechar uma noite tumultuada do Rock in Rio, onde os artistas brasileiros foram vaiados e alvo de objetos atirados no palco. Felizmente, quando Angus Young entrou sozinho em um longo solo que abriu o show, tudo correu muito bem.
Mas antes disso, rolaram problemas nos bastidores. O grupo era dono de uma das maiores estruturas do festival e tinha como principal atração um sino gigantesco que era tocado por Brian Johnson na clássica “Hells Bells”. O enorme objeto chegou ao Brasil de navio em um grande esforço de logística feito à toa, pois o palco não suportava o peso do instrumento.
Às pressas, a equipe de cenografia do Rock in Rio precisou encomendar uma réplica do sino em gesso, que no fim das contas era mais leve. Johnson, que fazia questão de expressar sua felicidade por tocar no evento num truncado espanhol (?), acabou usando a cópia durante a performance.
O repertório tocado pelo AC/DC em sua primeira noite de Rock in Rio foi:
- Guns for Hire
- Shoot to Thrill
- Sin City
- Shot Down in Flames
- Back in Black
- Have a Drink on Me
- Bad Boy Boogie
- Rock and Roll Ain’t Noise Pollution
- Hells Bells
- The Jack
- Jailbreak
- Dirty Deeds Done Dirt Cheap
- Highway to Hell
- Whole Lotta Rosie
- Let There Be Rock
- T.N.T.
- For Those About to Rock (We Salute You)
A lista de músicas era basicamente a mesma da turnê de “Flick of the Switch”. Rolaram somente algumas adições, como “Jailbreak”, que não era tocada desde 1977.
Na segunda noite, o grupo teve que enxugar seu setlist. “Jailbreak” e “The Jack” caíram fora da lista de canções, mas o show foi igualmente antológico.
Volta com Axl Rose quase rolou
Das atrações escaladas para o Rock in Rio 1985, o AC/DC foi uma das poucas que não retornou para edições futuras do festival. No geral, as visitas ao Brasil foram poucas: duas apresentações em 1996 e outra no ano de 2009, na última turnê do saudoso Malcolm Young.
Roberto Medina, organizador do evento carioca, contou em entrevista que tentou trazer a banda para a edição de 2019. A ideia era oferecer um show dos caras com o vocalista Axl Rose – responsável por substituir Brian Johnson, com problemas auditivos, em parte de uma turnê realizada em 2016. Infelizmente, não deu certo.
“Tentei contratar o AC/DC com o Axl no vocal. Todo mundo sabe que tenho uma queda pelo Guns, apesar do Axl não ser exatamente uma pessoa fácil de lidar – mas tudo bem, ele é especial e, por isso, merece tratamento especial. Chegamos a conversar e tenho certeza que seria excelente, mas as negociações não avançaram. Fica para uma outra ocasião.”
* Texto por André Luiz Fernandes e Igor Miranda, com pauta e edição por Igor Miranda.
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