Datas comemorativas são uma boa oportunidade para analisar a trajetória de consolidação de certas ideias, temas e, no caso em questão, uma produção cultural. Neste mês de março de 2022, um dos mais aclamados discos da Música Popular Brasileira (MPB), “Clube da Esquina”, álbum lançado por Milton Nascimento e Lô Borges, completa 50 anos de lançamento.
Inquestionável como exemplo de qualidade do cancioneiro nacional, “Clube da Esquina” concentra elementos resultantes de diversas transformações que ocorreram na música brasileira entre meados da década de 1960 e o início dos anos 1970. Entre elas, estão o declínio da Jovem Guarda, o fim da era de ouro dos festivais, a vitória da guitarra elétrica na batalha imaginária contra a suposta “cultura nacional”, o estouro e o exílio dos tropicalistas e, finalmente, o surgimento e estabelecimento – não sem mudanças – do que hoje conhecemos como MPB.
É curioso que “Clube da Esquina”, disco duplo que combina elementos tão variados e à época tão controversos, como o pop, o rock, a guitarra elétrica e os efeitos, ocupe já há anos um lugar de destaque na música que chamamos de brasileira e popular. É algo semelhante ao que acontece com “Acabou Chorare”, dos Novos Baianos, e “Transa”, de Caetano Veloso, também lançados no ano de 1972.
Além de um bom disco para ouvir, “Clube da Esquina” é especialmente bom para pensar.
A história do álbum “Clube da Esquina”
“De novo na esquina os homens estão”
A história do Clube da Esquina, segundo conta Lô Borges, surge da antiga amizade entre ele, Milton Nascimento, Márcio Borges, Wagner Tiso, Beto Guedes, Fernando Brant, entre outros, aliada à impossibilidade de frequentar os pomposos clubes da cidade de Belo Horizonte, na década de 1960.
Como alternativa, os amigos de classe média baixa se reuniam na rua, mais precisamente na esquina das ruas Paraisópolis e Divinópolis, no bairro de Santa Tereza. Clube da Esquina, meio como piada, acabou virando o nome desse grupo de jovens músicos que conviviam naquele local.
Na segunda metade da década de 1960, Milton Nascimento já havia lançado discos, sido gravado por Elis Regina e excursionado fora do país. Outros integrantes do Clube da Esquina, porém, como Wagner Tiso, Lô e Márcio Borges, Fernando Brant e Beto Guedes, eram músicos desconhecidos, com experiência de bailes em Belo Horizonte, mas sem gravações profissionais no currículo ou amizades com figurões da música nacional.
No ano de 1970, em uma de suas idas regulares a BH, Milton relata que, procurando pelos amigos da família Borges, encontrou apenas Lô, ainda um garoto de 17 anos, que lhe apresentou algumas ideias musicais. Nesse mesmo encontro – e depois de duas batidas de limão – ambos compuseram a música “Clube da Esquina”, que inaugura a parceria da dupla e entra no quarto disco de estúdio de Milton Nascimento, intitulado simplesmente “Milton”.
Na oportunidade seguinte, Milton convida Lô para gravar um disco pela Odeon, na antiga capital federal.
“É, esse convite do Bituca pra eu fazer o Clube da Esquina foi uma coisa muito forte pra mim, foi definitiva e determinante na minha vida, porque depois que ele gravou no álbum anterior ao ‘Clube da Esquina’, depois que ele gravou ‘Alunar’, ‘Para Lennon e McCartney’ e a canção ‘Clube da Esquina’, eu pensei que ele ia chegar e me convidar pra fazer, pra mostrar mais uma música, pra ele gravar mais uma música minha no álbum posterior dele e não foi isso que aconteceu, ele me convidou pra ir morar no Rio com ele, compor várias músicas com ele e fazer um álbum, ele já tinha a ideia pronta, ele já tinha visualizado tudo e fazer um álbum chamado ‘Clube da Esquina’ pra homenagear aquela história onde eu compunha, onde eu ficava tocando e que a gente dividisse esse álbum, que fosse um álbum duplo, porque ainda não existia álbum duplo no Brasil naquele momento, que a gente dividisse o disco, que fosse Milton Nascimento e Lô Borges […].”
Lô Borges, 2007, Museu Clube da Esquina (MCE), Museu da Pessoa
Convite aceito, Lô Borges e Beto Guedes, este como companhia beatlemaníaca, saíram de Belo Horizonte e passaram a maior parte do ano de 1971 morando na cidade de Niterói, onde boa parte das canções de “Clube da Esquina” foram compostas, junto de Milton, Fernando Brant, Ronaldo Bastos, Márcio Borges, Nivaldo Ornelas, Toninho Horta, que frequentavam a casa na região de Piratininga.
“Se eu cantar, não chore não, é só poesia”
Em razão do início dos trabalhos no estúdio da Odeon, no fim do ano de 1971, Lô, Beto Guedes e outros integrantes do Clube mudaram-se para o Rio de Janeiro. Com Milton Nascimento fazendo o papel de “irmão mais velho” em razão da maior experiência em gravações profissionais, o álbum foi arranjado pelos pianistas Eumir Deodato e Wagner Tiso e gravado em apenas dois canais.
Cafi, fotógrafo da icônica capa, sintetiza a ida para o estúdio da seguinte maneira:
“Quando Milton decide fazer um disco com Lô, ele bota um coletivo ali dentro da Odeon.”
Cafi, O Som do Vinil, Clube da Esquina, parte 2
Este coletivo diz respeito a outras pessoas que até então não foram mencionadas neste texto, mas que participam ativamente da “confecção” de “Clube da Esquina”, como Ronaldo Bastos, Luís Alves, Laudir de Oliveira, Robertinho Silva, Paulinho Braga, Rubinho, Tavito e Nelson Angelo. E como cada um desses músicos e letristas possuíam formações e referências distintas, o álbum caracteriza-se pela mistura de elementos, de certo modo possibilitada por uma série de transformações que estavam ocorrendo na música brasileira.
O violão característico de Milton Nascimento e os arranjos de Wagner Tiso, por exemplo, combinam-se com o gosto pop e rock and roll de Lô Borges, que já na época era fã do trabalho dos Beatles e do Led Zeppelin – vide outra composição sua que entrou no quarto disco de Milton, “Para Lennon e McCartney”.
Tem-se, deste modo, um disco que poucos anos antes seria visto como uma mistura de universos opostos: o da “verdadeira-música-nacional” realizada por Geraldo Vandré e Elis Regina, de um lado, e o rock (iê-iê-iê) de Roberto Carlos e companhia, de outro. Os artistas do chamado Tropicalismo – Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Tom Zé, entre outros – já assinalavam em seus trabalhos mudanças na maneira de relacionar-se com as referências vindas de fora do país, mas estavam todos exilados pela ditadura militar brasileira, com exceção de Gal.
Há também em “Clube da Esquina” componentes hispano-americanos, latinos, e regionais, mineiros. “San Vicente” e “Dos Cruces”, por exemplo, dividem o trabalho com “Os povos” e “Me deixa em paz”. As duas primeiras, além do espanhol, trazem referências explícitas à America Latina nas letras e na melodia através do uso de outros instrumentos. As duas últimas, por sua vez, parecem dialogar com elementos de um Brasil muito específico. “Me deixa em paz”, vale destacar, é cantada por Milton e Alaíde Costa, artista carioca integrante do “movimento” bossa nova.
Em relação ao instrumental, é notório no álbum que os músicos tenham se revezado em diferentes instrumentos. As canções foram arranjadas e ensaiadas apenas no momento das gravações, com cada pessoa assumindo o instrumento que lhe caísse na mão. Lô Borges, por exemplo, é quem toca o piano em “Um girassol da cor de seu cabelo”, enquanto Milton Nascimento assume também o piano em “Cais”.
Para qualquer pessoa familiarizada com a segunda fase da carreira dos Beatles, essas duas músicas, junto de “Paisagem da janela”, “Nuvem cigana” e “Um gosto de sol”, demonstram a tentativa de vizinhar-se do conjunto inglês.
Beto Guedes, ao falar sobre sua participação em “Clube da Esquina”, relata:
“[…] O Lô me convidou. Aí eu me lembro que eu toquei bastante aquele disco. Toquei várias coisas. Toquei contra baixo, bateria, guitarra, percussão. Toquei, tem 22 faixas, acho que eu toquei em 20. Toquei praticamente o tempo inteiro. O Milton me convidou para fazer um vocal no Nada Será Como Antes, que foi uma coisa muito importante pra mim.”
Beto Guedes, 2004, Museu Clube da Esquina (MCE), Museu da Pessoa
Lô Borges descreve de outra maneira:
“A gravação do disco foi uma festa, todo mundo tocando na música de todo mundo, todo mundo intervindo todo mundo, na época era dois canais só para gravar, então você tinha uma responsabilidade muito grande, as canções que a gente ia gravar com orquestra, com banda, tinha que gravar tudo ao vivo, eu não sabia Teoria Musical, tinha que gravar com orquestra, como se eu estivesse lendo partitura, sem estar lendo partitura, o Girassol foi gravado assim, tudo ao vivo, (Emílio Deodato?) regendo e a gente gravando ao vivo […].”
Lô Borges, 2004, Museu Clube da Esquina (MCE), Museu da Pessoa
“Tudo que você podia ser”, talvez a canção mais conhecida de “Clube da Esquina”, é uma composição de Lô e Márcio Borges. Porém, foi inteiramente gravada por Milton Nascimento, voz e violão.
A faixa foi tocada poucas vezes ao vivo, sendo resgatada em repertórios de shows apenas em 2019, diferentemente de outras três composições do disco que também fizeram sucesso: “O trem azul”, geralmente lembrada pelos licks de Toninho Horta; “Nada será como antes”, um cutucão na situação política do Brasil da época; e “Clube da Esquina Nº 2”, que saiu sem letra e só ganhou versos de Márcio Borges ao ser relançada no álbum “Clube da Esquina 2”, de 1978. Pulando para 1997, em um encontro dos 25 anos de “Clube da Esquina”, Milton a performou lindamente em sua versão com letra.
“O que fariam pra sair dessa maré?”
Além de “Nada será como antes”, “Clube da Esquina” traz outras duas canções mais explicitamente relacionadas ao tema da política. “Saídas e bandeiras 1” e “Saídas e bandeiras 2”, conta Fernando Brant, foram pensadas a partir da situação de diversos artistas ou intelectuais, alguns deles amigos, exilados pela ditadura militar brasileira.
A expressão “Entradas e Bandeiras”, empregada pelos historiadores para descrever o movimento de ocupação colonial do Brasil nos séculos 17 e 18, aqui é invertida para falar da saída do Brasil, uma das possibilidades de protesto contra o regime.
Cafi também adotou esse conceito ao trabalhar a imagem da capa de “Clube da Esquina”. Ele descreve:
“Eu vejo verde, amarelo e o arame farpado. O meu pensamento na época foi isso, porque assim, o Bituca e a Gal eram as únicas pessoas que estavam por aqui, então era uma coisa de Brasil, Brasil mesmo, descalço, pé no chão, terra, entendeu? O meu sentimento era esse.”
Cafi, O Som do Vinil, Clube da Esquina, parte 2
Ao contrário do que já se falou por aí, as crianças que figuram na capa não são Lô Borges e Milton Nascimento durante a infância. Os meninos são, na realidade, Tonho e Cacau, esses sim amigos de infância, e que ficaram sabendo da existência da foto e do disco apenas em 2012. Desde então, processam Milton, Lô, a major Universal Music e a Editora Abril.
“Nada será como antes”
Segundo Márcio Borges, que escreveu um livro inteiro sobre “Clube da Esquina”, o disco recebeu críticas negativas em seu lançamento por não se aproximar dos trabalhos recentes de Chico Buarque e Caetano Veloso. Bastante chateado, é fácil encontrar seu depoimento em reportagens sobre o álbum.
“Naturalmente, os críticos foram horríveis. Ficavam querendo comparar Bituca (Milton) com Caetano e Chico Buarque, não entendiam nada daquele ecumenismo inter-racial, internacional, interplanetário, proposto pelas dissonâncias atemporais de Bituca. Desprezavam os achados de Chopin e o zelo beatlemaníaco do menino Lô.”
Márcio Borges, livro “Os Sonhos Não Envelhecem” (Geração Editorial, 1996)
O jornal Folha de S. Paulo, em abril e junho de 1972, dá espaço a duas pequenas notas a respeito do disco, destacando timidamente como “Clube da Esquina” possui canções que correm para diferentes lados.
A repercussão e a aprovação da crítica aumentaram com o passar do tempo. A cantora Alaíde Costa, que participa do disco divindo com Milton os vocais de “Me deixa em paz”, ao ser perguntada sobre as inovações de “Clube da Esquina”, aponta:
“É que vieram coisas, músicas diferenciadas do que estava acontecendo naquela época. Eu acho que foi uma inovação porque, naquela época, estava muito aquela coisa de sambão, inclusive. Era tudo sambão. E vinha também logo depois do Iê-Iê-Iê. Então, um estilo completamente diferente do que vinha acontecendo. Eu não saberia como qualificar, eu só sei que, pra mim, soou tudo divinamente maravilhoso e diferente.”
Alaíde Costa – Tatiana Dias, Ana Calderaro, 2007, Museu Clube da Esquina (MCE), Museu da Pessoa
Wagner Tiso, nativo daqueles dias, sintetiza “Clube da Esquina” como um trabalho com:
“Qualidade de harmonia e melodia em conjunto com a modernidade da época.”
Wagner Tiso, O Som do Vinil, Clube da Esquina, parte 1
Lô Borges, por sua vez, destaca que:
“O que chamou atenção desse disco até no mundo inteiro foi exatamente essa mistura. O Bituca é tão maravilhoso, tão, acho que ele saca tantas coisas, porque eu acho que a grande coisa desse disco é exatamente a mistura das músicas do Milton que é ligado à africanidade, ao samba, ao jazz, às coisas do próprio Milton mesmo com as minhas músicas que traziam uma outra influência, aquela influência dos Beatles que era outra coisa. Então essa mistura das minhas músicas que tem uma origem de outras influências, de outras coisas com as músicas do Bituca que são outra referência também, esse casamento da música do Milton Nascimento com a música do Lô é que deu a liga pro disco ser uma coisa diferente do que se fazia. Porque se fosse só um disco do Milton, ia ser um disco genial do Milton, mas não ia ter o ‘Girassol’, não ia ter ‘O Trem Azul’, não ia ter ‘Paisagem da Janela’, não ia ter ‘Nuvem Cigana’ que eram as outras informações que eu vinha trazendo com a minha bagagem, com a minha história ali de compositor começando a sua carreira.”
Lô Borges, 2007, Museu Clube da Esquina (MCE), Museu da Pessoa
“Ao que vai nascer”
“Clube da Esquina” é um disco conhecido dentro e fora do Brasil. No país, recebeu diversas prensagens no ano de 1972 e seguiu sendo produzido em vinil até meados da década de 1980. Segundo o site Discogs, um vinil da época pode custar até R$ 2,5 mil.
Na Europa e nos Estados Unidos, o trabalho saiu em CD apenas nos anos 1990. A partir de 2010, foi relançado em vinil de 180g, primeiro lá fora, depois aqui no Brasil.
Em tempos de internet, de publicações como o livro “1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer”e da famigerada lista de melhores discos da revista Rolling Stone Brasil, “Clube da Esquina” segue emplacando e ganhando fãs.
Jason Mraz, artista americano que estourou em 2008 com a música “I’m Yours”, colocou “Tudo que você podia ser” em seu repertório durante alguns shows.
Djonga, rapper brasileiro de Belo Horizonte, fez uma releitura da capa de “Clube da Esquina” em seu disco de estreia, “Heresia” (2017). De acordo com o próprio, ao Portal Rap Nacional Downloads, a capa:
“É uma blasfêmia. Eles são cânones da cultura mundial. Quem sou para me colocar a altura deles? Mas, de alguma forma, eu me coloquei.”
Djonga, Portal Rap Nacional Downloads
Mais recentemente, os músicos americanos Kanye West e Pharrell Williams foram filmados curtindo (“vibing”) a música “Tudo que você podia ser” em um desfile da grife Louis Vuitton. A cena foi noticiada por diversos veículos do Brasil e compartilhada também nos perfis oficiais de Milton Nascimento e Lô Borges.
No fim de 2021, Milton fez um show especial para celebrar os 50 anos do álbum junto à Orquestra Ouro Preto. A performance histórica acumulou mais de 200 mil visualizações até a data do fechamento deste texto.
“Tudo que você podia ser”
O termo MPB, surgido nos anos 1960 para identificar a música produzida pelo ou para o público das universidades brasileiras, transformou-se muito desde então.
Se inicialmente dizia respeito aos primeiros trabalhos de Chico Buarque, Nara Leão e Edu Lobo, em geral a segunda geração da bossa nova, pelo menos desde a década de 1970 contempla também artistas cujo trabalho traz outras inspirações: obras nacionais e internacionais, com guitarras elétricas, efeitos e variedade de temas e recursos.
Longe de ser um indício do fim da MPB, “Clube da Esquina” é na realidade exemplo do alargamento de nossas próprias definições sobre o que é música, música brasileira e música popular. Melhor assim: tem mais a cara do Brasil.
Milton Nascimento e Lô Borges – “Clube da Esquina”
Lançado em março de 1972 pela gravadora EMI.
- Tudo Que Você Podia Ser
- Interpretação: Milton Nascimento
- Composição: Lô Borges, Márcio Borges
- Violão: Lô Borges
- Baixo: Beto Guedes
- Congas (Tumbadora): Rubinho
- Bateria: Robertinho Silva
- Guitarra de 12 cordas: Tavito
- Guitarra: Toninho Horta
- Órgão: Wagner Tiso
- Caxixi: Luiz Alves
2.Cais
- Interpretação: Milton Nascimento
- Composição: Milton Nascimento, Ronaldo Bastos
- Baixo acústico: Luiz Alves
- Piano e violão: Milton Nascimento
- Órgão: Wagner Tiso
- Percussão: Robertinho Silva, Toninho Horta
- O Trem Azul
- Interpretação: Lô Borges
- Composição: Lô Borges, Ronaldo Bastos
- Backing vocals: Beto Guedes, Lô Borges, Toninho Horta
- Baixo: Beto Guedes
- Bateria: Robertinho Silva
- Guitarra solo: Toninho Horta
- Guitarra rítmica: Lô Borges
- Órgão: Wagner Tiso
- Saídas e Bandeiras nº 1
- Interpretação: Beto Guedes e Milton Nascimento
- Composição: Milton Nascimento, Fernando Brant
- Violão: Milton Nascimento
- Baixo: Beto Guedes
- Bateria: Rubinho
- Guitarra: Nelson Angelo
- Percussão: Lô Borges, Toninho Horta
- Nuvem Cigana
- Interpretação: Milton Nascimento
- Composição: Lô Borges, Ronaldo Bastos
- Baixo: Toninho Horta
- Baixo acústico: Luiz Alves
- Bateria: Rubinho
- Guitarra de 12 cordas: Beto Guedes
- Guitarra: Lô Borges
- Piano: Milton Nascimento
- Cravo e Canela
- Interpretação: Lô Borges e Milton Nascimento
- Composição: Milton Nascimento, Ronaldo Bastos
- Violão: Toninho Horta
- Baixo: Luiz Alves
- Bateria: Robertinho Silva
- Guitarra: Tavito
- Percussão: Beto Guedes, Luiz Alves, Robertinho Silva
- Piano: Wagner Tiso
- Surdo: Lô Borges
- Dos Cruces
- Interpretação: Milton Nascimento
- Composição: Carmelo Larrea
- Violão: Milton Nascimento, Tavito
- Backing vocals: O Povo
- Baixo: Toninho Horta
- Baixo acústico: Luiz Alves
- Bateria: Rubinho
- Guitarra: Beto Guedes
- Órgão, Piano: Wagner Tiso
- Percussão: Beto Guedes, Luiz Alves, Nelson Angelo, Robertinho Silva
- Um Girassol da Cor do Seu Cabelo
- Interpretação: Lô Borges
- Composição: Lô Borges, Márcio Borges
- Arranjos: Eumir Deodato
- Backing vocals: Beto Guedes, Lô Borges, Toninho Horta
- Baixo: Beto Guedes
- Bateria: Rubinho
- Guitarra: Nelson Angelo, Tavito
- Piano: Lô Borges
- Órgão: Wagner Tiso
- San Vicente
- Interpretação: Milton Nascimento
- Composição: Milton Nascimento, Fernando Brant
- Violão, Backing vocals: Tavito
- Baixo: Beto Guedes
- Bateria: Rubinho
- Guitarra: Lô Borges
- Percussão: Luiz Alves, Nelson Angelo, Paulinho Braga, Robertinho Silva
- Piano: Wagner Tiso
- Estrelas
- Interpretação: Lô Borges
- Composição: Lô Borges, Márcio Borges
- Arranjos: Eumir Deodato
- Backing vocals: Beto Guedes, Luiz Gonzaga Jr., Milton Nascimento, Robertinho Silva, Toninho Horta, Wagner Tiso
- Violão: Lô Borges
- Clube da Esquina nº 2
- Interpretação: Milton Nascimento
- Composição: Milton Nascimento, Lô Borges, Márcio Borges
- Arranjos: Eumir Deodato
- Baixo: Luiz Alves
- Bateria: Robertinho Silva
- Electric Guitar: Lô Borges
- Guitarra: Nelson Angelo
- Violão (Solo): Milton Nascimento
- Órgão: Wagner Tiso
- Paisagem da Janela
- Interpretação: Lô Borges
- Composição: Lô Borges, Fernando Brant
- Backing vocals: Beto Guedes, Milton Nascimento
- Baixo: Beto Guedes
- Bateria: Rubinho
- Guitarra: Nelson Angelo, Tavito
- Piano: Lô Borges
- Me Deixa em Paz
- Interpretação: Alaíde Costa e Milton Nascimento
- Composição: Monsueto, Ayrton Amorim
- Violão: Milton Nascimento
- Baixo: Luiz Alves
- Bateria: Robertinho Silva
- Órgão, Piano: Wagner Tiso
- Percussão: Beto Guedes, Lô Borges, Rubinho
- Surdo: Nelson Angelo
- Os Povos
- Interpretação: Milton Nascimento
- Composição: Milton Nascimento, Márcio Borges
- Baixo: Luiz Alves
- Bateria: Robertinho Silva
- Violão: Milton Nascimento
- Órgão, Piano: Wagner Tiso
- Percussão: Tavito
- Saídas e Bandeiras nº 2
- Interpretação: Beto Guedes e Milton Nascimento
- Composição: Milton Nascimento, Fernando Brant
- Violão: Milton Nascimento
- Baixo: Beto Guedes
- Bateria: Rubinho
- Guitarra: Nelson Angelo
- Percussão: Lô Borges, Toninho Horta
- Um Gosto de Sol
- Interpretação: Milton Nascimento
- Composição: Milton Nascimento, Ronaldo Bastos
- Piano: Milton Nascimento
- Pelo Amor de Deus
- Interpretação: Milton Nascimento
- Composição: Milton Nascimento, Fernando Brant
- Baixo: Luiz Alves
- Bateria: Rubinho
- Guitarra: Beto Guedes
- Violão: Milton Nascimento
- Órgão, Electric Piano: Wagner Tiso
- Percussão: Robertinho Silva, Toninho Horta
- Piano: Nelson Angelo
- Vocais adicionais: Lô Borges
- Lilia
- Interpretação: Milton Nascimento
- Composição: Milton Nascimento
- Baixo: Luiz Alves
- Bateria: Rubinho
- Guitarra: Tavito
- Violão: Milton Nascimento
- Órgão: Wagner Tiso
- Percussão: Beto Guedes, Nelson Angelo, Robertinho Silva, Toninho Horta
- Trem de Doido
- Interpretação: Lô Borges
- Composição: Lô Borges, Márcio Borges
- Baixo: Toninho Horta
- Bateria: Rubinho
- Guitarra solo: Beto Guedes
- Guitarra rítmica: Lô Borges
- Órgão: Wagner Tiso
- Nada Será Como Antes
- Interpretação: Beto Guedes e Milton Nascimento
- Composição: Milton Nascimento, Ronaldo Bastos
- Violão: Milton Nascimento
- Baixo: Toninho Horta
- Bateria: Robertinho Silva
- Guitarra: Beto Guedes, Tavito
- Piano: Wagner Tiso
- Vocais adicionais: Lô Borges
- Ao Que Vai Nascer
- Interpretação: Milton Nascimento
- Composição: Fernando Brant, Milton Nascimento
- Baixo: Beto Guedes, Luiz Alves
- Bateria: Rubinho
- Guitarra: Toninho Horta
- Violão: Milton Nascimento
- Órgão, Piano: Wagner Tiso
- Percussão: Luiz Alves, Robertinho Silva
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