A sexualidade de Elton John foi motivo de muita especulação em sua carreira, sobretudo nos anos 1970 e 1980, quando o cantor se declarava bissexual. Após relacionamentos com homens e mulheres, ele se casou em 1984 com a engenheira de som alemã Renate Blauel, em uma relação que durou 4 anos, mas deixou feridas que permanecem abertas até hoje.
O casal se conheceu em 1983, quando Elton trabalhava no álbum “Too Low for Zero”, lançado no mesmo ano. Vinda de uma família com boas condições financeiras, Renate havia trabalhado como comissária de bordo antes de se dedicar à música, quando mudou-se em Londres para exercer a função de engenheira de som.
Era um período complicado da vida de John: o estresse pelos baixos resultados comerciais dos discos anteriores colocou bastante tensão no processo de composição e gravação do novo álbum, fora o consumo exagerado de drogas. A amizade inicial com Blauel pareceu resolver parte desses problemas, já que sua presença no estúdio sempre o acalmava e os dois se davam bem, inclusive no âmbito musical.
O casamento relâmpago
No fim das contas, “Too Low for Zero” vendeu melhor que os trabalhos anteriores de Elton John, no embalo dos singles “I’m Still Standing” e “I Guess That’s Why They Call It the Blues”. Na turnê, Renate Blauel acabou sendo convidada para fazer parte da equipe que excursionava com o artista.
A amizade evoluiu até que, em fevereiro de 1984, ele a pediu em casamento. A cerimônia aconteceu apenas 3 dias depois e as pessoas mais próximas do cantor foram totalmente surpreendidas, pois os dois se conheciam há menos de 1 ano.
Em uma cerimônia com alta cobertura da mídia e muito luxo, Elton e Blauel oficializaram sua relação, tendo testemunhas como a atriz Olivia Newton-John e o cantor Rod Stewart. John Reid, empresário do cantor e com quem o cantor havia tido um caso na década de 70, foi ironicamente escolhido como padrinho.
A lua de mel aconteceu em Saint Tropez, na França. Nos quatro anos seguintes, o casal que era frequentemente visto junto passou a se distanciar cada vez mais. Os motivos oficiais tinham relação com a apertada agenda de turnês e gravações do músico, mas havia muito mais por trás do estranho casamento, que chegou ao fim em 1988.
A separação de Elton John e Renate Blauel
Por volta de 1987, os rumores começavam a aumentar sobre a possibilidade de o casamento não ter sido consumado, novamente trazendo questões relacionadas à sexualidade de Elton John. A distância entre o casal só colaborava para isso: Renate Blauel não esteve nem na festa de aniversário de 40 anos do marido, entre outras datas especiais.
Foi só em 1988 que a imprensa britânica começou a dar conta de vários casos de traição de Elton com outros homens. O cantor teve um surto com o vazamento das informações pessoais e se trancou em casa, ficando inacessível até mesmo para Renate – que, segundo algumas testemunhas, precisou subir com uma escada até a janela do quarto do artista para conversar.
Não demorou muito até que fosse decidida a separação, com um contrato de divórcio onde Elton foi proibido de falar sobre a intimidade do casal. Os dois terminaram relativamente em bons termos e ela logo voltou para a Alemanha, para cuidar dos pais, já idosos.
Ou pelo menos essa foi a versão oficial dos fatos.
A versão de Renate Blauel
Já recentemente, Elton John teria rompido cláusulas do contrato que o impediam de falar publicamente sobre o casamento com Renate Blauel. Ele aborda o período primeiro na autobiografia “Eu, Elton John” e depois no filme “Rocketman”, ambos lançados em 2019, que tratam o relacionamento como uma farsa.
Após o lançamento dessas obras, Blauel entrou na justiça pedindo um ressarcimento de 3,8 milhões de libras por danos morais. Através de seu advogado, Ysrael Hiller, a engenheira de som também entrou em alguns detalhes nunca comentados a respeito da separação do casal.
Entre as informações reveladas, a mais curiosa é que, ainda na lua de mel, em Saint Tropez, Elton teria tentado terminar o casamento ali mesmo, o que levou Renate a uma tentativa de suicídio por overdose de remédios.
Blauel afirma também que os anos logo após a separação não foram exatamente como todos imaginavam: ela teria permanecido no Reino Unido, mas usando um novo nome e com mudanças em sua aparência, em uma tentativa de tentar se desvincular completamente do passado.
Ela afirma ter sido submetida a uma terapia de choques elétricos na tentativa de seguir em frente – e que a publicação do livro e do filme em 2019 a fizeram reviver momentos terríveis, gerando crises de ansiedade e pânico.
Uma farsa?
O caso na justiça foi resolvido com um acordo ainda em 2020. A ideia de resolver extrajudicialmente era a de impedir que mais detalhes se tornassem públicos, caso o processo fosse a júri popular.
Pessoalmente, desde o fim dos anos 1980, Elton John sempre reconheceu sua culpa pelo que aconteceu com Renate Blauel, admitindo suas traições. Em entrevista de 2019 à Vanity Fair, ele comentou brevemente o período:
“Ela foi a mulher com mais classe que já conheci, mas não era para ser. Eu estava vivendo uma mentira.”
A fala de Elton corrobora com muitas teorias que surgiram ainda na época do casamento de que tudo não passava de uma ação comercial. O cantor vinha em baixa na carreira, sobretudo nos Estados Unidos, onde um público mais conservador sempre viu com maus olhos a então bissexualidade declarada do músico.
Se foi o caso, a ação deu certo: os álbuns passaram a vender melhor no período durante e pós-casamento, com um revival do artista na mídia acontecendo durante o fim dos anos 1980.
Mas é improvável. A explicação mais sólida para a retomada do sucesso do artista parece mais simples: o relacionamento amigável que o casal tinha colaborava para a estabilidade mental do cantor e, consequentemente, para que não se afundasse em drogas.
* Texto por André Luiz Fernandes, com pauta e edição por Igor Miranda.
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Bem, se ele também se relacionava com mulheres, não é nada de outro que ele tenha se casado com uma. Não é o #1 a algo parecido. O Freddie Mercury teve uma namorada, que inclusive herdou a casa dele em Londres.