John Lennon era um grande admirador da data de 1º de abril, o famoso “Dia da Mentira”. O saudoso músico dos Beatles adorava pregar peças nessa data – e, por coincidência, vários eventos importantes de sua vida aconteceram no primeiro dia do quarto mês do ano. Em 1970, ele e Yoko Ono conseguiram assustar bastante a imprensa com um anúncio totalmente inusitado.
Naqueles tempos, o casal estava em seu auge na mídia. As letras de protesto, ações de marketing e iniciativas gerais em prol da paz mundial sempre surgiam na imprensa, visto que Lennon e Ono sabiam como fazer algo gerar repercussão.
Depois que os dois aparecerem nus na capa do álbum “Unfinished Music No. 1: Two Virgins” (1968) e passaram uma semana deitados numa cama, como protesto pela paz, todos esperavam para ver qual seria a “próxima”.
Redesignação sexual
Chega então o dia 1º de abril de 1970 e todos são surpreendidos por uma nota oficial emitida por John Lennon e Yoko Ono: os dois se submeteriam a uma cirurgia de redesignação sexual, em busca de ter novas experiências nesse sentido. Basicamente, John passaria a ter um órgão sexual feminino e Yoko, um masculino.
É claro que isso não passava de uma brincadeira do Dia da Mentira, mas como a informação veio de uma via oficial, vários veículos de imprensa acreditaram e noticiaram. Pouco tempo depois, tudo foi revelado.
Curiosamente, no mesmo dia, Ringo Starr foi aos estúdios Abbey Road para a última sessão de gravação dos Beatles. O baterista registrou alguns overdubs junto dos arranjos de orquestra que o produtor Phil Spector inseria no álbum “Let it Be”.
Em outros anos, na mesma data, o casal inventou outras brincadeiras que causaram algum alvoroço na mídia. Antes e depois desse caso, o próprio dia 1º de abril também trouxe eventos importantes na vida de John Lennon.
Nutopia
Três anos depois da pegadinha sobre redesignação sexual, em março de 1973, John Lennon teve seu visto negado para permanecer nos Estados Unidos e seria deportado em até 60 dias. Com tempo de “sobra”, o músico pensou em uma brincadeira a ser executada em uma coletiva de imprensa com diversos jornalistas exatamente no dia 1º de abril.
Em uma carta, o ex-Beatle anunciou que ele e Yoko Ono anunciavam a criação de seu próprio país, chamado Nutopia, cuja bandeira era um lenço branco que ambos levaram. O hino: três segundos de silêncio. A nova nação não faria nenhuma distinção de crença, origem, raça ou classe social, em uma utopia que lembrava muito o mundo descrito na clássica “Imagine”, em 1971.
Ele terminou a carta dizendo ainda que buscava reconhecimento oficial da Organização das Nações Unidas (ONU), entre outros detalhes que davam a entender que a ideia do novo país era real. Tudo não passava, é claro, de mais uma brincadeira de 1º de abril – e mais um protesto do casal, especialmente pela deportação de John que, obviamente, acabou sendo revogada.
Antes e depois
Antes disso, a data havia marcado alguns eventos importantes na carreira do Beatle. Em 1º de abril de 1964, ele reencontrou seu pai, Freddie Lennon, após 17 anos, numa conversa rápida, na qual Ringo Starr e George Harrison também estiveram presentes. Freddie morreu exatamente 12 anos depois, em 1º de abril de 1976.
Também foi num primeiro de abril, em 1974, que John Lennon e Paul McCartney apareceram juntos em uma foto pela última vez. Macca e sua esposa, Linda McCartney, se hospedaram em uma casa de veraneio de Lennon e aparecem na foto, feita por Dougal Butler, relaxando à beira da piscina, de madrugada.
Em 1979, o dia 1º de abril marcou a última vez que Julian Lennon, um dos filhos do Beatle, viu o pai. Então com 16 anos, ele, que vivia com a mãe, Cynthia Powell, fez um passeio de iate ao lado de John, Yoko e três sobrinhas dela, além do irmão dele, Sean.
John Lennon morreu em dezembro do ano seguinte, assassinado por Mark David Chapman.
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