O músico Rogério Skylab publicou um texto curioso nas redes sociais sobre sua participação no Flow Podcast com o co-host Rafael Bittencourt, guitarrista do Angra e apresentador do Amplifica (podcast do mesmo grupo que o Flow). O show conduzido por Igor 3K trouxe Skylab e o cantor Supla como convidados.
Com sua típica eloquência, Rogério destacou que a ocasião o fez sentir saudade de Bruno Aiub, também conhecido como Monark. O antigo apresentador do Flow Podcast, desligado após gerar polêmica ao defender a criação de um partido nazista no Brasil, havia sido criticado pelo próprio músico quando participou de seu programa em janeiro de 2020.
“Vou comentar sobre o encontro desta quarta-feira (27) entre eu, Supla e Rafael Bittencourt no Flow. Senti saudade do Monark. Cheguei a comentar isso com Michael Douglas no seu carro blindado. Monark tinha uma ingenuidade selvagem. Era curioso. Porque muitas vezes eu o sentia muito próximo de mim. Só que de repente, ele caía pro outro lado. Ele concluía de forma atabalhoada, como se não pudesse trair a ‘cartilha’ – essa ‘cartilha’ que acabou deixando-o em maus lençóis.”
O que fez Rogério Skylab sentir falta de Monark foi a forma como Rafael Bittencourt e Supla se portaram durante o episódio mais recente. Na visão do músico, ambos são inocentes, mas de formas distintas.
“No caso do episódio dessa quarta-feira, eu me vi cercado por outros dois tipos de ingenuidade: a ingenuidade do bom vivant, do menino mimado, nascido em berço de ouro, acostumado a ser o foco da atenção; e a ingenuidade de quem se acha inteligente e de bom gosto. Eu te confesso que me foi torturante essa sessão e em alguns momentos eu deixei isso claro.”
Em relação ao companheiro ‘inteligente’, era muito fácil desarmá-lo. Bastava seguir a linha das suas argumentações, todas elas fundadas no bom senso e numa pretensa racionalidade. ‘Pretensa’ porque no fundo era delirante como eu fiz ver em relação a sua famigerada ideia sobre ‘educação’.
Daí porque sugeri maconha pra mesa. A maconha desarma os espíritos. Nos deixa desatentos, faz aparecer buracos. O que seria intolerável para o armadíssimo Supla, com a sua velhíssima performance ou fórmula, sem a qual tudo nele se desmorona. Por isso que ele falou: só depois da conversa.
Já o inteligente, prontamente me perguntou: mas você fuma maconha, Rogerio? Ele não entendeu que a minha sugestão era pra ser aplicada naquele momento e só tinha sentido se todos na roda aderissem.”
Desse modo, Skylab destacou que Bittencourt se tornou seu “alvo” durante o bate-papo.
“A essa altura dos acontecimentos, o meu alvo era o inteligente. Até porque ele era o alvo mais fácil: a ingenuidade da ‘inteligência’ salta aos olhos, já diria Nietzsche.
Quando ele falou na questão da ‘atitude’ dos punks, aí foi mamão com açúcar. Me veio à mente toda a pretensa superioridade do rock progressivo. Como se a atitude estivesse em oposição à estética. Como se o vocalista dos Sex Pistols não tivesse criado uma nova estética. Como se a maneira de cantar do funk não fosse um ato estético.
Do outro lado, o menino mimado e deslumbrado, seguia à risca a sua atuação, apresentando, vez por outra, as suas musiquinhas constrangedoras. A ingenuidade do Monark pelo menos era mais livre, ainda que não isenta a cair em terríveis armadilhas.”
Rogério Skylab, Supla e Rafael Bittencourt
O episódio completo do Flow Podcast coapresentado por Rafael Bittencourt e com participações de Rogério Skylab e Supla pode ser assistido a seguir.
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