Graham Bonnet sempre foi um personagem diferenciado. Só por ter feito Ritchie Blackmore entrar em parafuso após ter cortado o cabelo, dá para ver que ele não era como outros vocalistas de sua época. Aliás, sua voz é o grande ponto de destaque: ele conseguiu entrar no segmento do hard rock e heavy metal mesmo tendo um registro vocal bem distinto do usual para o gênero.
Como era de se esperar, sua trajetória também é bem peculiar. Ele tinha 20 anos quando conseguiu emplacar seu primeiro hit com o duo de pop psicodélico The Marbles, ainda no fim da década de 1960. Nos anos seguintes, entrou no mercado de jingles e chegou a fazer ponta no filme “Three for All”.
O caminho foi árduo até que Blackmore o descobrisse e o colocasse na ainda mais complicada posição de substituir Ronnie James Dio no Rainbow. Mas foi opção do próprio Bonnet, que também tinha proposta para se juntar ao Sweet na época. O trabalho com Ritchie foi breve e a partir dali, sua carreira foi marcada por uma série de projetos mais notórios no nicho do hard n’ heavy do que de fato populares no mainstream. Ainda assim, ele nunca abdicou de sua personalidade enquanto artista.
Não seria agora, com 74 anos de idade, que ele faria um trabalho diferente do esperado. Por outro lado, também não é motivo para deixar de surpreender. “Day Out in Nowhere”, terceiro álbum de sua Graham Bonnet Band, chega a público logo após um tumultuado rompimento com o Alcatrazz – seus colegas decidiram dar sequência ao grupo com Doogie White em sua vaga.
A impressão passada em “Day Out in Nowhere” é que, ao menos musicalmente, Bonnet se encaixa melhor em sua própria banda do que ao lado dos velhos companheiros. No comando das ações, o vocalista parece mais disposto a explorar as composições do que obedecer a fórmulas do hard n’ heavy – algo que senti ao ouvir “Born Innocent” (2020), seu último disco com o Alcatrazz.
Claro, o mérito maior é do próprio Graham, responsável por criar as músicas e direcionar o trabalho. Contudo, as atuações de seus colegas no instrumental não devem ser ignoradas. A baixista Beth-Ami Heavenstone e o baterista Shane Gaalaas formam uma cozinha forte, Alessandro Bertoni parece consciente do espaço que deve ocupar com seus teclados e Conrado Pesinato volta a mostrar por que é um dos grandes guitarristas do segmento na atualidade. Fora a técnica apurada, o músico brasileiro tem um senso melódico raro entre os ditos “shredders”. Vale destacar que ele e Beth-Ami também são os produtores do trabalho, o que expande ainda mais seus méritos.
As participações especiais também foram bem selecionadas. Os guitarristas Roy Z (Bruce Dickinson, Halford) e Jeff Loomis (Arch Enemy, Nevermore) brilham em “Brave New World” e “Jester”, respectivamente, enquanto o tecladista Don Airey (Deep Purple, Rainbow etc) colabora com “It’s Just a Frickin’ Song”, um dos momentos mais divertidos do trabalho.
Mas os melhores momentos são justamente quando a banda está “sozinha”. A dramática “Twelve Steps to Heaven”, a bem-arranjada faixa-título e a tipicamente heavy “The Sky is Alive” são alguns dos destaques.
Consideradas as minhas expectativas, especialmente após “Born Innocent”, dá para dizer que “Day Out in Nowhere” se sai melhor do que a encomenda. Graham Bonnet ainda tem lenha para queimar – e a “chama” parece maior quando ele está com sua banda.
Ouça “Day Out in Nowhere” a seguir, via Spotify, ou clique aqui para conferir em outras plataformas digitais.
O álbum está na playlist de lançamentos do site, atualizada semanalmente com as melhores novidades do rock e metal. Siga e dê o play!
Graham Bonnet Band – “Day Out in Nowhere”
- Imposter
- 12 Steps to Heaven
- Brave New World (feat. Roy Z)
- Uncle John
- Day Out in Nowhere
- The Sky is Alive
- David’s Mom
- When We’re Asleep (feat. Mike Tempesta, John Tempesta)
- It’s Just a Frickin’ Song (feat. Don Airey)
- Jester (feat. Jeff Loomis, Kyle Hughes)
- Suzy
Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Twitter | Facebook | YouTube.
Não faz meu tipo não… bela voz para seus 74 anos… músicos mt bons mas as músicas soam todas iguais.