Uganga reafirma posição vanguardista no novo álbum “Libre!”

Banda mineira retoma processo de libertação artística, transcendendo limites do thrash metal e hardcore, intensificado no anterior “Servus” (2019)

Formado em 1993 (e se chamando Ganga Zumba até 2001), o Uganga nunca abriu mão de sua integridade musical. A base do som, calcada no thrash metal e no hardcore, nunca impediu o grupo do Triângulo Mineiro de experimentar além dos limites desses estilos, flertando com elementos do rap, dub e o que mais os inspirasse.

“Servus”, trabalho lançado em 2019, intensificou ainda mais o processo de libertação artística que se conclui em “Libre!”. Sexto disco de estúdio da banda comandada pelo vocalista Manu Joker (nunca demais lembrar, ex-baterista do Sarcófago), o play conta com participações especiais em 5 das 7 faixas – destacados no tracklist ao fim do artigo.

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Em comunicado à imprensa, o frontman destaca os objetivos cumpridos com a obra.

“Estamos muito felizes com o resultado final e com o momento atual da banda. Apesar de ser um álbum curto, com pouco menos de meia hora, ‘Libre!’ deixa claras as várias referências da nossa música. Quem nos acompanha de forma atenta desde nosso início sabe que essa fusão de estilos sempre nos norteou e que a liberdade artística é algo que não abrimos mão.

Porém, acredito que alguns puristas desinformados novamente vão se surpreender… Talvez sejam as mesmas pessoas que ficaram chocadas quando descobriram, 43 anos depois, que ‘The Wall’ do Pink Floyd é uma obra antifascista (risos).”

Quem acompanha a evolução do Uganga não terá grandes surpresas na proposta do disco. O destaque inevitável vai para como Manu consegue encaixar não apenas as linhas vocais, mas as letras em português no thrashcore característico de forma que faz parecer extremamente fácil, soando totalmente lógico em um meio onde a maioria das bandas opta por um inglês “qualquer nota desde que rime”.

A dobradinha “Retrovisor” e “Mal Vinda Morte dos Teus Sonhos” merecem destaque. Especialmente a segunda, com variações de andamento surpreendentes e alternância de timbres nos backing vocals que deixam tudo mais interessante. Primeira faixa divulgada, “Terra dos Ventos” conta com participação de Ya Exodus, vocalista e guitarrista da Eskröta em um dueto muito bem encaixado com Manu.

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A faixa-título vem na sequência e conta com um andamento mais lento, sem descuidar do peso. O convidado especial é o compositor e guitarrista Zacca (Zacca e o Crime Organizado), que contribui com uma performance cheia de feeling. O intervalo na porradaria é muito bem-vindo para preparar o ouvinte para “Iso 666”, que lembra a sonoridade do excelente álbum “Opressor”, lançado pelo grupo em 2014, um dos grandes discos recentes do metal brasileiro.

O Uganga pode nunca ter alcançado o patamar dos gigantes nacionais, mas é uma das melhores, mais relevantes e originais bandas da nossa cena. “Libre!” reafirma esse status e deixa a expectativa por um álbum maior em um futuro próximo. Por hora, vale não apenas conferir esse trabalho, como revisitar (ou conhecer) o restante da discografia.

Já disponível nas plataformas digitais, “Libre!” ganhará edição física em CD no mês de julho. O trabalho é o primeiro lançado em parceria com o selo Xaninho Discos. Ouça a seguir, via Spotify, ou clique aqui para conferir em outras plataformas.

O álbum está na playlist de lançamentos do site, atualizada semanalmente com as melhores novidades do rock e metal. Siga e dê o play!

Uganga – “Libre!”

  1. Retrovisor
  2. Mal Vinda Morte dos Teus Sonhos
  3. Alguidar (Jonas Pheer)
  4. Terra dos Ventos (Ya Exodus)
  5. Libre (Zacca)
  6. Iso 666 (O Eremita Roots)
  7. Depois do Dub (Bruno Xavier, Riti Santiago, Sr. Waldir)

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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