Elvis Presley revolucionou a música popular nos anos 50 e se tornou uma figura tão forte que até hoje é cultuado em todas as partes do planeta.
Entretanto, ele só fez uma turnê rápida fora dos Estados Unidos – e foi no Canadá, país vizinho, em 1957. Por que ele nunca rodou o mundo com seus shows?
Como veremos, tudo tem a ver com uma figura que tomava todas as decisões sobre sua carreira – e como razões egoístas mantinham o rei do rock longe de seus súditos ao redor do mundo.
O coronel Tom Parker
Elvis deu seu salto para o estrelato sob a tutela do empresário conhecido como coronel Tom Parker. Apesar do nome, Andreas Cornelius van Kuijk (nome real de Parker) havia nascido e crescido na Holanda, de onde fugiu mediante circunstâncias suspeitas.
Em sua biografia sobre o empresário chamada “The Colonel”, Alanna Nash explica a história de um assassinato ocorrido em Breda, cidade natal de Parker. Anna van den Enden, uma recém-casada de 23 anos, foi encontrada espancada até a morte no apartamento aos fundos de uma mercearia. O apartamento havia sido revirado, dinheiro foi roubado e pimenta espalhada no corpo e em volta para despistar cães policiais.
O assassinato nunca foi desvendado por ausência de provas ou testemunhas, mas o fato da família de Parker morar perto da mercearia, Tom ter sido contratado para fazer entregas pela loja em múltiplas ocasiões e sua fuga logo após para os Estados Unidos levantaram suspeitas.
Shows no Canadá
Os únicos shows de Elvis fora dos Estados Unidos ocorreram em três cidades canadenses – Toronto, Ottawa e Vancouver. Nessa época, a fronteira entre os dois países não fazia requerimento de passaporte para a travessia, mas mesmo assim o empresário permaneceu nos EUA enquanto o resto da equipe acompanhou o rei.
A suspeita geral ao longo dos anos era que o coronel Tom Parker tinha um medo enorme de ser deportado. Mesmo tendo casado com uma americana e servido no Exército, ele não se registrou como um estrangeiro sob o Smith Act de 1940 ou procurou os programas de anistia necessários para regularizar sua imigração antes da lei. Ele era, basicamente, um imigrante ilegal.
Turnê na Austrália e gota d’água
Estava nos planos de Elvis Presley estrelar filmes sérios – já que sempre era submetido a obras de baixo orçamento e produção rápida, para fazer render – e realizar turnês mundiais. Porém, a intransigência do coronel Tom Parker sempre falava mais alto.
O empresário sempre tinha um motivo para se justificar: condições ruins de segurança fora dos EUA, a falta de locais grandes o suficiente para receber shows de tal calibre, preços de ingressos abusivos que prejudicariam os fãs, além da crença não compartilhada com o cantor que outros empresários apontariam o quão incomum era o contrato de Elvis, onde o coronel tinha direito a 50% de todas as receitas relacionadas ao artista.
Essa tensão entre os dois chegou a um ponto de ebulição em 1974, quando uma oferta milionária para uma turnê na Austrália foi recusada pelo coronel. Foi a gota d’água.
Em entrevista ao site Noise11, Jerry Schilling, ex-membro do grupo em torno de Elvis apelidado a Memphis Mafia, contou sobre o ocorrido:
“Eu estava naquela reunião tarde da noite no Las Vegas Hilton. Elvis queria fazer turnês no exterior. Ele queria ir à Austrália. Ele queria ir ao Japão. O coronel falou: ‘se você for, eu não irei com você’. Elvis falou: ‘tudo bem então, você está demitido’.”
Na mesma entrevista, Schilling detalhou como mesmo demitindo o coronel, Elvis ainda assim não conseguia escapar de sua influência:
“Quando Elvis tentou montar uma turnê ninguém ousava chegar perto dele por medo do Coronel. Eles tinham aquele relacionamento com o coronel. Eles respeitavam o coronel. Eles não queriam passar por cima dele. No fim das contas, Elvis não podia chegar onde queria por causa das amarras dos negócios.”
Elvis Presley morreu no dia 16 de agosto de 1977, aos 42 anos, sem ter feito turnês internacionais. Foi descoberto em investigações posteriores que o coronel submeteu o artista a acordos comerciais abusivos – por intermédio disso, inclusive, Parker conseguiu reverter sua demissão. Uma pena.
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