Arch Enemy recupera terreno em “Deceivers”, novo álbum de estúdio

Décimo-primeiro trabalho de inéditas traz o grupo mergulhando em suas influências e se valendo da versatilidade da vocalista Alissa White-Gluz

Desde o início da carreira o Arch Enemy se caracterizou por buscar elementos de fora do death metal para adicionar à sua fórmula. O amor do guitarrista Michael Amott pelo hard rock e o heavy tradicional dos anos 1970 e 80 nunca foi segredo. Por isso, não é de se estranhar que a banda tenha chegado ao ponto em que aspectos desses estilos suplantem alguns pontos da sonoridade original.

É o caso em “Deceivers”, 11º álbum de estúdio da carreira do grupo, onde há várias passagens que poderiam tranquilamente estar em um disco de alguma das influências do líder do quinteto. A impressão se acentua ainda mais pelo fato de Alissa White-Gluz seguir se valendo dos vocais limpos de forma que seus antecessores não usavam. A grande diferença positiva em comparação ao trabalho anterior, “Will to Power” (2017) é que as novas composições são muito melhores.

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A abertura, “Handshake With Hell”, poderia facilmente aparecer em algum play recente do Judas Priest. As melodias são muito bem construídas, formando um clima propício aos fãs e possíveis novos adeptos. A pancadaria volta à tona em “Deceiver, Deceiver”, que soa mais familiar com aquilo que os fãs esperam, assim como “In the Eye of the Storm”, típico exemplar do som sueco que mudou os caminhos do metal extremo nas últimas décadas.

A intro melódica de “The Watcher” esconde uma verdadeira explosão de uma música que deve ficar ainda melhor ao vivo, como trilha sonora de circle pits insanos. Já em “Poisoned Arrow” temos um toque de melancolia muito bem-vindo, para lembrar o quanto os escandinavos conseguem transmitir essa sensação em qualquer subgênero. “Sunset Over the Empire” abre de forma intrigante, sem dar pistas de para onde irá, o que só torna a audição ainda mais deliciosa. A curiosidade fica por conta da participação do produtor Jacob Hansen nos vocais.

As melodias de guitarra que abrem “House of Mirrors” nos remetem aos duetos dos irmãos Amott em discos do passado. Não à toa, é uma das composições em que Christopher, irmão de Michael, ganhou crédito. Hoje Jeff Loomis ocupa a vaga e, por mais que seja um ganho à banda, é estranho vê-lo como mero sideman. Em “Spreading Black Wings” temos mais um toque de desespero nos riffs, resvalando no doom/stoner, apoiados por um registro cavernoso dos vocais.

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A trinca final se inicia com a quase vinheta instrumental “Mourning Star” abrindo espaço para “One Last Time”. A música serve como uma espécie de resumo do que foi oferecido, mesclando climas e ritmos. Há até um certo tom gótico nos vocais limpos ao fundo antes do refrão – que é acessível até onde algo do tipo pode ser. O encerramento vem com “Exiled From Earth”, quase como se fechando um ciclo com sua pegada oitentista até a medula.

Já citada no texto, Alissa White-Gluz merece um destaque à parte. Sem medo de inserir novas características no estilo que tornou o grupo conhecido, a cantora dá a cara a tapa e ganha confiança com uma performance para lá de competente. Sempre teremos os fãs saudosos de Angela Gossow, mas a nova frontwoman chega a quase uma década no posto esbanjando confiança.

O Arch Enemy não se reinventa em “Deceivers”, mas mostra ser capaz de agregar diferentes aspectos dentro de seu som. Após muitos anos, finalmente o grupo conseguiu repetir a formação de um disco para o outro. E parece ter feito toda a diferença, com um entrosamento latente. Não é o melhor da carreira, mas é o melhor em um bom tempo.

Ouça “Deceivers” a seguir, via Spotify, ou clique aqui para conferir em outras plataformas digitais.

O single está na playlist de lançamentos do site, atualizada semanalmente com as melhores novidades do rock e metal. Siga e dê o play!

Arch Enemy – “Deceivers”

  1. Handshake With Hell
  2. Deceiver, Deceiver
  3. In the Eye of the Storm
  4. The Watcher
  5. Poisoned Arrow
  6. Sunset Over the Empire
  7. House of Mirrors
  8. Spreading Black Wings
  9. Mourning Star
  10. One Last Time
  11. Exiled From Earth

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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