Marcus Mumford revela ter sido abusado sexualmente quando criança

Cantor também narrou à GQ a experiência de se abrir com a mãe sobre o abuso após ela ouvir a música “Cannibal”, onde ele fala sobre a situação

O primeiro single solo de Marcus Mumford, “Cannibal”, chama a atenção de cara pelos seus versos iniciais. O trecho, traduzido, diz:

“Eu ainda posso te provar, e eu odeio isso
Isso não era uma escolha na mente de uma criança e você sabia disso
Você pegou a primeira fatia de mim e comeu cru
Rasgou com seus dentes e seus lábios como um canibal
Seu maldito animal”

Agora, o cantor esclareceu o significado da música, afirmando ser sobre sua experiência de ter sido abusado sexualmente aos seis anos de idade.  Em entrevista para a GQ, Mumford abre a conversa com o jornalista revelando:

“Como muitas pessoas – e estou aprendendo mais e mais sobre isso à medida que vamos e eu toco a canção para pessoas –, eu fui abusado sexualmente quando criança. Não por familiares e não na igreja, o que pode ser a teoria de algumas pessoas. Mas eu não contei a ninguém sobre isso por 30 anos.”

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O artista falou na entrevista ter chegado à realização do que aconteceu com ele após um período durante o qual estava bebendo demais e amigos o encorajaram a procurar terapia. Na segunda consulta, ele se abriu sobre o abuso, e o alívio o fez vomitar. Segundo Mumford, o terapeuta disse que isso é normal.

“Aparentemente, é bem comum. Uma vez que você se desprende da negação e começa o processo de remover a supressão, é bem natural para essas coisas começarem a sair. Eu tinha problemas de respiração a vida toda. Não asma, mas perder o fôlego.”

Trauma e conversa com a mãe

Uma vez identificado seu trauma, Marcus Mumford começou a identificar os efeitos dele em sua vida.

“O que aconteceu comigo aos seis anos foi a primeira de uma série de experiências incomuns e nada saudáveis que tive numa idade jovem demais. E por alguma razão, e não consigo entender o porquê, não me tornei alguém que comete abuso sexual – apesar de ter cumprido minha cota de comportamento babaca.”

Mumford também descreve o momento em que discutiu sobre o abuso pela primeira vez com sua mãe, após ela ouvir “Cannibal” pela primeira vez:

“Alguns dias depois ela volta e fala: ‘Posso perguntar sobre o que a canção quer dizer?’ Eu falei: ‘Sim, é sobre o abuso’. Ela reagiu perguntando: ‘O que você está falando?’ Então uma vez que superamos o trauma daquele momento para ela, como mãe, ouvindo aquilo e ela querendo proteger e ajudar e tudo isso, é objetivamente engraçado pra car#lho contar pra sua mãe sobre seu abuso numa canção, de todos os jeitos.”

“Cannibal” estará no primeiro álbum solo de Marcus Mumford, “(self-titled)”, que chega a público dia 16 de setembro. Assista ao videoclipe da faixa, dirigido por Steven Spielberg, a seguir.

Rompimento com Winston Marshall

O líder do Mumford and Sons também discutiu na entrevista a saída de um dos integrantes do grupo, o banjoísta Winston Marshall. Após passar por uma radicalização política conservadora, o músico se tornou uma figura controversa ao apoiar causas transfóbicas e promover nomes como o controverso psicólogo Jordan Peterson.

Apesar de desejar bem ao amigo, Mumford deixou claro discordar com Marshall não só em termos políticos, mas no que diz respeito a comunicação de sua ideologia:

“É o jeito de interagir com o mundo. Acho que graciosidade importa em termos de como você fala com pessoas. Acho que se você se apresenta como um babaca e você é um homem zangado, particularmente nestes dias, como um homem branco mais velho e zangado – eu fico entediado com isso, cara. Precisamos de graça. Então eu não quero entrar em discussão com esses caras. Parece um jogo sem vitória. Uma corrida para o fundo. Chatice. Na maior parte, é chato. E na maior parte não é meu trabalho.”

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Pedro Hollanda
Pedro Hollanda
Pedro Hollanda é jornalista formado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso e cursou Direção Cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Apaixonado por música, já editou blogs de resenhas musicais e contribuiu para sites como Rock'n'Beats e Scream & Yell.

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