David Ellefson diz que relação com Mustaine no Megadeth era abusiva

Baixista respondeu acusação de roubo de música e fez comparação entre relação com ex-colega e o Metallica

David Ellefson se defendeu da recente acusação feita por Dave Mustaine durante participação no podcast 2020’d (com transcrição do Blabbermouth). O líder do Megadeth havia declarado que o ex-colega de banda tentou se apropriar da música “Kingmaker”, do álbum “Super Collider”, colocando uma parte sua na introdução.

Sobre o assunto, o baixista declarou:

“O disco estava pronto, ou pelo menos minhas partes estavam. E Dave, no final de uma sessão me disse: ‘Ei, cara se houver algo que você queira adicionar ou ajustar ou mudar…’ Estava me dando licença para fazê-lo, porque ele assinou tudo. Então eu respondi: ‘Tudo bem. Sem problemas’. Depois que ele saiu, eu, Chris Broderick (ex-guitarrista da banda) e o produtor Johnny K sentamos no estúdio e eu falei: ‘Sabe, eu tenho esse pedacinho, essa coisinha’, e mostrei a eles. Broderick disse: ‘Cara, isso seria muito legal no começo de ‘Kingmaker”. Achei interessante. E na minha opinião, ‘Kingmaker’ é provavelmente a melhor música do álbum.

Johnny gostou. Sentamos, trabalhamos nela e montamos. Estávamos todos empolgados. Dave chega no dia seguinte com um humor muito diferente – mal-humorado, devo acrescentar (risos), não tão alegre quanto na noite anterior. E acho que eu ou Johnny dissemos: ‘Ei, tenho algo que quero que você ouça para que trabalhamos na noite passada’. Veio o olhar de desaprovação. Johnny toca para ele, todo animado. Porque eu acho que nós três ouvimos a mesma coisa: ‘Ei, se você quiser adicionar alguma coisa, se você quer trabalhar em qualquer coisa, por favor, faça’. Bem, Dave não parecia se lembrar daquela conversa. E então o que ele fez foi dizer: ‘Por que diabos você está mexendo com a minha música?’ E acho que ele puxou Broderick de lado e disse: ‘Não se atreva a adicionar coisas de David Ellefson às minhas músicas’.”

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E não parou por aí. David declarou que em sua segunda passagem pelo Megadeth, o processo de composição era totalmente diferente do período original. Porém, ninguém o avisou antes.

“Quando voltei, em 2010, nós fizemos um ano de turnê em comemoração ao 20º aniversário de ‘Rust In Peace’. Tivemos cerca de 10 semanas para escrever o disco que se tornaria ‘Th1rt3en’. Sugeri que, como todos estaríamos na NAMM, nos reuníssemos em San Diego no Vic’s Garage. Também disse para simplesmente tocarmos juntos e vermos que ideias sairiam. Um dia fiz uma sugestão e Dave simplesmente largou a guitarra, saindo da sala.

Olhei para Shawn Drover (baterista do Megadeth à época) e Chris. Eles estavam balançando as cabeças. Perguntei o que havia acontecido e a resposta foi: ‘Cara, confie em mim. Os dias de colaboração já se foram. Aquele Megadeth em que você estava acabou’. Fui até Dave e falei com ele. Perguntei qual era o problema e ele respondeu: ‘Não tente colocar suas ideias nas minhas músicas’. Disse: ‘Sem problemas’. Não queria estragar tudo logo após ter voltado. E essa foi a última vez que tocamos juntos em estúdio. Tudo depois disso, em todos os outros discos do Megadeth, era apenas Dave escrevendo as músicas, fazendo suas coisas.”

Ideias aproveitadas em novo álbum

David Ellefson também revelou que a banda chegou a fazer sessões de composição sem Dave Mustaine quando o líder tratava seu câncer recente. Algumas ideias foram aproveitadas em “The Sick, the Dying… and the Dead!”, novo disco do grupo.

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“Chris Rakestraw, o engenheiro de som, disse que precisávamos fazer o álbum, mesmo que Dave estivesse ocupado com seu tratamento. Já tínhamos o início de 5 músicas. Fomos em frente até que um dia Dave chegou furioso. Rakestraw nos defendeu, dizendo que a ideia foi dele. Dave queria saber quem havia escrito qual parte. Sabia que ele ia pegar as minhas ideias e tirar. Foi o que fez, as reescreveu ou mudou, apenas para ter certeza de que eu não teria nenhuma composição minha. E eu apenas vi isso acontecer, revirei os olhos e disse ‘Tanto faz’. Fiquei 5 semanas no estúdio, voltei para casa no dia dos pais e nunca mais regressei.”

A seguir, vídeos íntimos de Ellefson vazaram online. O músico entende que o ocorrido foi apenas o motivo que Mustaine queria para mandá-lo embora.

“Eu meio que vi os eventos do ano passado como a oportunidade perfeita para escolher a bilheteria em vez da irmandade. Olho para trás agora e sinto que fui expulso do inferno. Então, tanto faz. A maneira como ele me tratava era abusiva e desnecessária, eu apenas não me dava conta.”

Dave Mustaine e o “cabo de guerra”

David chega a traçar um paralelo com a maneira que Mustaine trata as pessoas e como foi tratado por sua antiga banda no passado.

“Dave trava um jogo de cabo de guerra contra si mesmo. Eu não estou lutando com ele. Acabei de seguir em frente. Lembro que conversamos sobre isso depois que ele tocou com o Metallica e o ‘Big Four’. Eu disse: ‘Como foi ontem à noite tocando ‘Am I Evil?” E ele respondeu: ‘Você sabe, aqueles caras me expulsaram da banda e eles simplesmente seguiram em frente. Eu segurei o ressentimento por todos esses anos’. É a mesma coisa comigo. É, tipo, por que ele está se ressentindo de mim? Ele se livrou de mim. Supostamente, o problema deveria ter desaparecido se ele se livrasse de mim. Mas o problema ainda parece estar lá.

Olha, eu acho que parte disso também, é que ele obviamente não superou essa coisa de ser demitido do Metallica. Então ele queria fazer o mesmo com outra pessoa, expulsá-la e então alguém tocar suas partes. ‘Vamos expulsar Junior e então ter outra pessoa tocando suas partes de baixo’. E para mim, eu sou, tipo, eu não me importo. Eu já ajudei a montar o disco. Eu toquei no disco. Fui pago para estar no disco. Então, ei, se você quiser arranjar outra pessoa para tocar, que seja.”

A substituição de David Ellefson

David Ellefson teve suas partes em “The Sick, the Dying… and the Dead!” substituídas por contribuições do baixista Steve DiGiorgio (Testament, Death, etc…). Para os trabalhos subsequentes, James LoMenzo reassumiu o posto que já havia ocupado na banda entre 2006 e 2010.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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