Por que os Beatles não seguiram sem John Lennon, segundo Paul McCartney

Radialista Howard Stern, que conduzia entrevista, disse que daria para banda seguir com George Harrison mais ativo nas composições, mas Paul negou possibilidade e explicou razões

Os Beatles romperam em 1970 e o anúncio ficou a cargo de Paul McCartney, em entrevistas para promover seu primeiro álbum solo, “McCartney”. Essa situação deixou a imagem de que teria sido Paul o responsável por dissolver a banda, mas o músico alega que foi seu colega John Lennon que decidiu pelo fim.

Em entrevista de 2021 ao jornalista Howard Stern, com transcrição via Ultimate Guitar, Paul McCartney reforçou essa versão da história. Porém, ele foi perguntado sobre o motivo pelo qual ele não quis seguir com a banda sem John Lennon, já que seria uma alternativa mais “fácil” do que dar fim a um dos maiores nomes da história da música.

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Ao fazer sua pergunta, Stern reconhece que Lennon e McCartney eram os compositores da maior parte das músicas dos Beatles. Porém, o radialista apontou que o talento de George Harrison como compositor poderia ser aproveitado.

As criações do guitarrista estavam sendo mais aceitas naquele período e o álbum solo que ele lançou meses após o fim dos Beatles, “All Things Must Pass”, é um dos trabalhos mais aclamados das trajetórias separadas dos integrantes.

Beatles sem John Lennon?

Diante dos argumentos apresentados, Paul McCartney respondeu:

“Entendo o que você quer dizer, mas é como uma família. Quando famílias se separam, tem a ver com a emoção, a dor emocional, sabe? Não dá para ter uma ideia inteligente como essa na época.”

McCartney afirmou que havia “muito sofrimento envolvido”, logo, nada nesse sentido acabaria rolando.

“Passamos por muita coisa e acho que estávamos fartos de tudo aquilo. Porém, entendo seu ponto.”

George Harrison subestimado

Em seguida, Howard Stern pergunta se Paul McCartney acha que subestimou George Harrison como compositor. O músico respondeu:

“Entendo seu ponto, acho que é fácil subestimar George porque John e eu, como você disse, criamos a maior parte das músicas, tínhamos a maior parte dos singles. George estava atrasado na questão da composição.”

Harrison, segundo McCartney, não queria criar músicas no começo dos Beatles.

“Ele não estava interessado no início, mas ele começou a gostar e, cara, ele floresceu nesse sentido. Fez algumas das melhores músicas da história… ‘Here Comes the Sun’, o quão apropriada é uma música dessa para os dias de hoje?”

Crescimento de George Harrison

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Um historiador especializado em Beatles, Mark Lewisohn, revelou em 2019 que a banda considerava a possibilidade de gravar um novo álbum após “Abbey Road” (1969), penúltimo lançado e último registrado pelo grupo. Vale lembrar que “Let It Be” foi divulgado posteriormente, em 1970, mas já estava pronto, só levou mais tempo para chegar às prateleiras.

Lewisohn obteve a informação a partir de uma fita que gravou um encontro entre John Lennon, Paul McCartney e George Harrison na Apple Records. Ringo Starr não foi à reunião, pois estava tratando de um problema no intestino em um hospital.

John Lennon sugere que os demais músicos tragam suas composições e chega a indicar uma fórmula para dar mais espaço a George Harrison e Ringo Starr. A ideia era que o disco contasse com quatro músicas para Paul McCartney, Lennon e Harrison, igualmente. Starr poderia trazer duas canções se quisesse.

Ainda na gravação, Paul McCartney diz que, “até este álbum” (provavelmente em menção a “Abbey Road”), ele não achava que as músicas de George Harrison eram tão boas. O guitarrista responde: “É uma questão de gosto. Até agora, as pessoas estão curtindo minhas músicas”.

Beatles ou Rolling Stones?

Durante a mesma entrevista a Howard Stern, Paul McCartney refletiu sobre a “competição” entre Beatles e Rolling Stones. Ele disse que a banda dele foi “melhor” por soar mais diversa e explorar outras influências.

“Eles (Rolling Stones) estão enraizados no blues. Quando eles compõem algo, têm que ter a ver com blues. Nós tivemos um pouco mais de influências. Há muitas diferenças e eu amo os Stones, mas estou contigo: os Beatles foram melhores.”

Howard Stern comentou, então, que os Rolling Stones tentaram fazer seu próprio “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” (1967), clássico dos Beatles, ao lançar “Their Satanic Majesties Request”, no mesmo ano. McCartney complementou:

“Começamos a perceber que tudo que fazíamos, os Stones tentavam fazer logo em seguida. Fomos à América e tivemos muito sucesso. Então, os Stones foram à América. Fizemos ‘Sgt. Pepper’, os Stones fizeram um disco psicodélico. Tem muito disso.”

Apesar do comentário, Paul McCartney não busca qualquer tipo de treta com os Stones.

“Fomos grandes amigos, meio que ainda somos. Temos uma admiração mútua. Os Stones são uma banda fantástica. Sempre vou assistir aos shows deles quando estão por aí. É uma grande banda.”

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Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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