A casa de eventos Audio, em São Paulo, recebeu no último domingo (13) shows das bandas Nervosa, Crypta, Arch Enemy e Behemoth. Em termos de heavy metal, trata-se de um raro line-up dominado por mulheres.
A vocalista e baixista da Crypta, Fernanda Lira, falou sobre isso em uma publicação bastante emotiva no Instagram. O texto é acompanhado de uma foto que reúne todas as mulheres entre as atrações da noite: Fernanda e suas colegas de banda, integrantes de seu ex-grupo Nervosa e a vocalista do Arch Enemy, Alissa White-Gluz.
“Ao me preparar pra esse show, eu notei uma coisa – era a primeira vez na minha vida inteira que eu iria tocar num evento de metal extremo onde a maioria dos músicos eram mulheres – éramos 9 (10 com a May, mas eu não sabia da participação dela quando constatei isso) e 8 homens.
Quando percebi isso, me emocionei demais, tanto que decidi colocar isso entre as minhas falas de interação com o público durante o show.
Depois do nosso show, a Alissa veio falar comigo e comentou que queria tirar uma foto com nós todas e daí falei que seria incrível principalmente por esse fato – ela também não tinha se dado conta do lance de sermos maioria ali naquela noite e achou super legal!”
O texto cita ainda Mayara Puertas, vocalista do Torture Squad, que participou do show da Nervosa, na música “Kill the Silence”.
A frontwoman da Crypta seguiu falando sobre o orgulho daquele line-up e das dificuldades que as mulheres ainda enfrentam para conquistar espaço no metal, gênero que infelizmente ainda guarda muito machismo em sua estrutura. Essa é uma bandeira que Lira carrega desde os tempos de Nervosa, o que mostra que a luta é bastante antiga, mas que está sendo vencida pouco a pouco.
Confira o texto a seguir junto da publicação.
“Essa foto tem mil significados pra mim, mas o mais importante é o lance da representatividade, uma tecla que eu bato tanto sempre.
Ao me preparar pra esse show, eu notei uma coisa – era a primeira vez na minha vida inteira que eu iria tocar num evento de metal extremo onde a maioria dos músicos eram mulheres – éramos 9 (10 com a May, mas eu não sabia da participação dela quando constatei isso) e 8 homens.
Quando percebi isso, me emocionei demais, tanto que decidi colocar isso entre as minhas falas de interação com o público durante o show.
Depois do nosso show, a Alissa veio falar comigo e comentou que queria tirar uma foto com nós todas e daí falei que seria incrível principalmente por esse fato – ela tb não tinha se dado conta do lance de sermos maioria ali naquela noite e achou super legal!
Pra mta gente pode parecer besteira, mas só nós mulheres conseguimos entender a dimensão disso, sabe? Sempre falo que só nós sabemos o quanto nos toca ver outra mulher no palco.
Muitos me perguntam se eu me incomodo com termos como female fronted ou all girl band e na verdade hoje em dia não, pelo contrário, eu tenho mto orgulho desse termo pq ele representa uma luta tb, pq ser mulher na cena metal é uma coisa muito específica, passamos por problemas e superamos obstáculos muito específicos, e apesar do que a maioria acha, que ‘é fácil pq ser mulher chama atenção pra banda’, não é, é muito difícil.
Então eu encaro ser uma mulher na cena como uma luta da qual eu tenho mto orgulho, eu levanto essa bandeira pq ainda é necessário e a levanto com muito orgulho, pq só nós sabemos o que passamos, só nós sabemos as delícias e tb as dores de sermos o que somos.
Essa foto pra mim tem uma mensagem forte que eu espero humildemente que toque outras manas como me tocou.
Ela significa que é possível ser mulher, viver do seu sonho, e ocupar espaços predominantemente masculinos.
E o mais importante – que existe espaço pra nós na cena, que existe espaço pra mais e mais de nós, que existe espaço PRA TODAS NÓS.
Por isso eu digo sempre que toda vez que eu subo num palco, todas nós subimos, eu levo cada uma de vcs comigo, pq quando uma mulher vence, todas vencemos.”
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