“Down Under”, o hit do Men at Work que rendeu ação por plágio e desfechos trágicos

Banda australiana foi acusada de plagiar canção folclórica "Kookaburra Sits in The Old Gum Tree", composta em 1932

Lançado em novembro de 1981 na Austrália – em junho do ano seguinte no mercado norte-americano – “Business as Usual”, estreia do Men at Work, é um dos discos mais bem-sucedidos do pop rock australiano. O trabalho vendeu mais de 6 milhões de cópias só nos Estados Unidos, onde passou 15 semanas no topo da Billboard 200, principal parada mundial. O sucesso foi impulsionado, principalmente, pelos singles “Who Can It Be Now?”, “Down Under” e “Be Good Johnny”, lançados exatamente nessa ordem. E foi justamente o segundo que causou a maior dor de cabeça da história da banda.

“Down Under” se tornou o hino extraoficial do país do grupo, não apenas pela repercussão, mas pelo fato de a letra refletir muito sobre o estilo de vida dos australianos, contando a história de um nativo que viaja pelo planeta. Décadas se passaram e a canção era garantida no setlist dos vários retornos que o grupo ensaiou, além da carreira solo do vocalista e guitarrista Colin Hay.

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Porém, ela retornaria aos holofotes em 2009 por um motivo diferente. O Tribunal Superior da Austrália decidiu, de forma polêmica, que o riff de flauta tocado por Greg Ham havia sido plagiado da canção folclórica “Kookaburra Sits in The Old Gum Tree”, composta em 1932 por Marion Sinclair.

Confira as semelhanças no vídeo abaixo.

A compositora havia falecido 21 anos antes. A ação foi perpetrada pela Larrinkin Music, editora que havia comprado os direitos sobre a obra da família e deu início à batalha judicial. Trevor Conomy, músico e autor de um livro chamado “Down Under: The Tune, The Times, The Tragedy,” examinou o caso de perto.

“Marion morreu em 1988. Acredito que ela tenha escutado ‘Down Under’, pois ela foi muito veiculada, especialmente à época da America’s Cup 1983 (competição vencida pela embarcação australiana Royal Perth Yacht Club). Ninguém jamais ouviu uma reclamação de sua parte sobre as similaridades”.

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Derrota do Men at Work e tragédias

A disputa se estendeu até outubro de 2011, quando o Men at Work perdeu o caso em última instância. Seis meses mais tarde, Greg Ham morreu, vítima de um ataque cardíaco aos 58 anos. Amigos destacam que ele passou por altos níveis de estresse no período anterior.

Em declaração pouco antes de falecer, o músico expressou:

“Estou terrivelmente decepcionado com o fato de que serei lembrado para sempre por supostamente ter copiado algo”.

Pouco antes, em meio ao processo, Jim Hay, pai de Colin, também morreu. Ele tinha 87 anos. No documentário “Waiting for My Real Life”, o líder da banda falou sobre como a sequência de fatos abalou a todos.

“Gregory se sentia muito culpado por ter criado aquela linha de flauta, tenha sido de forma inconsciente ou não. Ficou deprimido e não conseguiu superar os demônios em sua cabeça, sejam quais fossem. Meu pai também ficou bastante triste. Ele sabia como tínhamos escrito a música. Tentei acalmá-lo, mas era muito estressante. Não posso afirmar que foi o motivo de sua morte, mas sinto que contribuiu”.

Nova versão de “Down Under”

Em 2012, Colin Hay criou uma nova versão para “Down Under”, propositalmente modificando a polêmica passagem. Ela foi usada em campanhas publicitárias da Olimpíada de Londres e ficou disponível em serviços online, como o iTunes, para compra.

O single original ganhou discos de platina nos Estados Unidos e Inglaterra, além de premiações de ouro na Austrália, Canadá e Dinamarca.

O Men at Work retornou pela última vez em 2019, tendo apenas Colin dos músicos originais na formação.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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