Em 1991, o Deep Purple fez sua primeira visita ao Brasil, para uma série de 7 shows em São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Rio de Janeiro. Na época, a banda contava com o recém-contratado vocalista Joe Lynn Turner, mas o resto da formação era a clássica: Ian Paice na bateria, Jon Lord nos teclados, Roger Glover no baixo e o famoso – para o bem e para o mal – Ritchie Blackmore na guitarra.
Conhecido pelo temperamento difícil, Blackmore acabou dando um show de antipatia na turnê brasileira, culminando em um episódio curioso envolvendo um jogo de futebol. O jornalista André Barcinski contou a história na revista Placar, em matéria resgatada pelo Blog do Finken.
O repórter cobriu a passagem do Purple e logo fez amizade com Glover e Paice, os mais simpáticos do grupo, que revelaram a ele o desejo de organizar uma “pelada”. Barcinski se prontificou a arrumar um local – em Embu das Artes, na região metropolitana de São Paulo – e tudo ia bem até Blackmore começar a fazer suas exigências.
O lendário guitarrista demandava escolher a formação dos times, um vestiário exclusivo e camisas azuis e pretas. A última parte obrigou o empresário a rodar São Paulo inteira atrás de camisas do Grêmio, o time brasileiro mais famoso com as cores.
Uma partida de futebol
Marcado para um sábado de manhã, o jogo contaria com os integrantes do Deep Purple e membros da equipe, além de profissionais da imprensa e funcionários do jornal Folha de S. Paulo, para onde André Barcinski trabalhava na época. A ordem de Ritchie Blackmore era clara: antes do ônibus levando todo mundo do hotel, ele iria sozinho, com um motorista, até o local do jogo – em uma Mercedes dourada.
O motorista de Blackmore acabou se perdendo e foi parar em uma favela. Desse modo, o guitarrista chegou depois do resto do pessoal.
Após dispensar o já irritado “piloto”, começou então a partida. Ritchie jogava sempre na “banheira” e reclamava muito com a única pessoa para quem dirigia a palavra diretamente: seu segurança particular.
Era o guarda-costas – que, segundo o repórter, lembrava o cantor Ovelha – quem ficava a cargo de repassar as reclamações. O fundador do Deep Purple, Rainbow e Blackmore’s Night se queixava quando não recebia a bola, não cobrava escanteios e não fazia gols, entre outras coisas. O desânimo era geral com os desmandos do chefe.
Falta pra cartão
O relato do jornalista continua com a irritação geral dos jogadores com Ritchie Blackmore, tanto que surgiu um combinado de última hora: ninguém mais passaria a bola para ele, isolando o guitarrista, que não parava de reclamar. A situação piorou no final do jogo, quando um motorista da Folha acertou uma entrada criminosa no músico – o que levou todos, já de “saco cheio”, a caírem na risada.
A partida terminou com um belo churrasco ainda no local, que rendeu mais conversas com Paice, Glover e Lord – este último nem chegou a entrar em campo. Cansado de reclamar e provavelmente lesionado depois do carrinho, Blackmore entrou de volta na Mercedes dourada alugada e foi para o hotel.
O relato completo de André Barcinski pode ser lido no Blog do Finken.
Deep Purple no Brasil
Na ocasião, o grupo divulgava o álbum “Slaves and Masters” (1990), o único a contar com Joe Lynn Turner nos vocais. A banda fez quatro shows em São Paulo – dois no Ginásio do Ibirapuera e dois no extinto Olympia – além de passar pelo centro de convenções Atuba, em Curitiba; o Gigantinho, em Porto Alegre; e o Maracanãzinho, no Rio de Janeiro.
Esta seria apenas a primeira das 13 passagens da banda por aqui até hoje. O Deep Purple voltaria ao Brasil em 1997, 1999, 2000, 2003, 2005, 2006, 2008, 2009, 2011, 2014 e 2017.
*Foto de autoria desconhecida retirada da página oficial de Ritchie Blackmore no Facebook.
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só uma pequena correção, a última passagem do Purple pelo Brasil foi em 2017, não 2018.