Um dos grandes questionamentos, especialmente em tempo de ânimos inflados como nos últimos anos, envolve o posicionamento político. Quando se trata de artistas, as discussões costumam ser acaloradas. No caso da música, manifestações sempre fizeram parte do contexto, embora ninguém fosse realmente obrigado a usar sua obra para tal objetivo.
Porém, cada vez mais, o público tem cobrado de seus ídolos posturas contundentes e condizentes com aquilo que acreditam. E isso incomoda Rafael Bittencourt. O guitarrista e líder do Angra falou sobre o tema em seu podcast, Amplifica (com transcrição do Whiplash). Para exemplificar sua convicção, traçou um paralelo com outras profissões.
“Existem artistas que não se manifestam politicamente porque o público fica revoltado e ele perde o público – que é o cliente dele. Aí, vem um cara e pressiona para o artista se posicionar. Agora, se o cara é dono de uma mercearia, ele não fala: ‘Só vendemos chocolate para lulista’. Aí, na farmácia diz: ‘Só entra aqui bolsonarista’. Por que o artista tem que limitar seu público? Ele tem que ficar no seu lugar de fora tentando que as pessoas não briguem. Em uma visão utópica, a música deve pacificar e colocar a gente em um estado mental de alegria e empatia, que é o que um show faz. No final, você abraça o outro. É uma utopia maravilhosa.”
O músico Glebbo, convidado da gravação, também deixou sua opinião.
“Está rolando uma burrice generalizada. Uso macacão vermelho nos shows, é o que mais ficou marcado. Mas não sou petista. Acho que o Lula é um vacilão e o Bolsonaro é um Zé Ruela. Ele tinha que ter saído. Agora, não eram só essas duas opções. Queria que meu macacão fosse só uma roupa. Assim como amarelo deve ser só uma cor. Uma vez, cheguei para tocar e a gig era do lado do Bozo. Se eu chego de vermelho, a galera não quer nem ouvir minha música.”
O episódio completo pode ser conferido no player abaixo.
Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Twitter | Facebook | YouTube.
Parabéns e, sinceramente, não esperava tanta lucidez desse sujeito que é arrogância pura.
Se posicionar politicamente não é se posicionar por um político… Sobre a mercearia, olha o que está havendo com o Madero após o dono dizer que não dava pra parar por 5 ou 7 mil mortes (ignorando o potencial da COVID).
Se quem expõe sua visão de mundo profissionalmente, no caso artistas, não precisam se posicionar politicamente então não é arte, é apenas mais um bibelô de estante que ele está vendendo!