O guitarrista André Bastos, membro fundador do Angra, relembrou a formação da banda no início dos anos 1990. Na época estudante de composição e regência na Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo, o músico trouxe à tona como Andre Matos entrou para o projeto idealizado por Rafael Bittencourt.
Em entrevista ao Ibagenscast transcrita pelo site IgorMiranda.com.br, Bastos comentou o início da parceria que levou ao surgimento do Angra.
“O Rafa um dia, do nada, chegou e me disse: ‘cara, a gente tem que montar uma banda juntos’. Tínhamos todas as aulas juntos, fazíamos o mesmo curso, todos os trabalhos em grupo nós fazíamos juntos. E ele perguntou: ‘por que não montamos uma banda juntos?’. Falei que tinha uma banda e estava apostando todas as minhas fichas nela, a Skyscraper. E ele disse: ‘podemos começar uma banda nova, misturar tudo de clássico que a gente estuda, e sendo uma banda brasileira podemos misturar música brasileira com essa veia speed metal’. […] Aí começou. Ele [Rafael] ia cantar e tocar, mas na verdade ele queria tocar o mínimo possível. Ele queria compor e cantar, e queria que eu pegasse a parte principal da guitarra. Cara, ele me entupia de exercícios.”
Foi nesse momento que Andre Matos, à época fora do Viper, se ofereceu para participar do projeto. Mesmo três décadas após a formação do Angra, o guitarrista ainda lembra a abordagem do vocalista com fascínio.
“Um dia, sentados no banco da faculdade, o Andre chegou e perguntou: ‘o que vocês estão fazendo?’ E o Rafael falou: ‘estamos pegando uma música, porque estamos montando uma banda nova’. E Andre falou: ‘que legal, eu estava pensando em voltar a cantar, será que eu posso tocar com vocês?’”
Andre Matos no vocal ou teclado?
Disposto a integrar o Angra e sabendo que Rafael Bittencourt inicialmente ocupava o posto de vocalista, Andre Matos se ofereceu para tocar teclado.
“O Andre nunca tinha visto a gente tocar. Ele nos conhecia da faculdade, conhecia o Rafa por ter emprestado a guitarra dele para gravar o ‘Theatre of Fate’ do Viper. O Andre conhecia só isso do Rafa, nunca o tinha visto tocar, nunca tinha me visto tocar. E o Andre tinha muito dessa de querer se sentir num ambiente familiar, então os únicos caras que ele tinha contato fora do Viper era a gente. E o Rafa falou: ‘é que eu ia cantar, né?’. O Andre falou que ia ficar mais no teclado e a gente falou: ‘não, você entrou, você canta’.”
Idas e vindas com o metal
Em entrevista também ao Ibagenscast, o guitarrista do Viper, Felipe Machado, contou que Andre Matos decidiu sair da banda porque não queria mais ser um cantor de heavy metal. O artista, falecido em 2019, pretendia se dedicar à música erudita.
“Ele decidiu sair, logo após o ‘Theatre of Fate’. Ele estava fazendo faculdade de música e meio que cansou de heavy metal. Queria se dedicar à música clássica, como maestro, no piano, ser um concertista. Tem que levar em conta que a gente tinha entre 17 e 18 anos. Ele havia acabado de entrar na faculdade, entrou no pique de estudar música clássica. E a banda exigia bastante, porque fazíamos shows, viajávamos, então, ele decidiu sair.”
Curiosamente, de acordo com Felipe, Andre quis voltar ao Angra pouco tempo após ter deixado a banda. Os integrantes remanescentes haviam decidido seguir em frente com o baixista Pit Passarell também assumindo os vocais – e a nova configuração já tinha sido anunciada.
“Ele queria voltar para a banda, quando fomos gravar o álbum ‘Evolution’ (1992). Não voltou por uma besteira: já tínhamos anunciado o Pit como vocalista, então falamos que não dava. Como ele queria voltar a cantar, acabou formando o Angra. […] Hoje, me arrependo super de não ter falado: ‘pô, volta, claro’. Éramos jovens e orgulhosos, né? ‘Pô, você saiu, agora quer voltar… você já foi, tchau, pô’. Não tinha um pensamento do tipo: ‘será que o mercado vai achar melhor se o Andre voltar?’. Era mais: ‘tá achando que é casa da mãe Joana… agora que a gente anuncia o Pit, você quer voltar, que saco’. (risos)”
A sequência do Angra
Mesmo no papel de fundador do Angra, pouco depois da formação, André Bastos deixou o grupo, sendo substituído mais tarde por Kiko Loureiro. Durante a década de 1990 a banda se consagrou internacionalmente graças ao sucesso de álbuns como “Angels Cry” (1993) e “Holy Land” (1996).
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Muito bom, bom saber!!!! Fico imaginando como seria Andre Matos no Dream Theater, tanto teclado a vocal…seria outra energia para a banda!!!! Considero Andre um dos melhores vocalistas da atualidade, sim atualidade…o som, o legado dele aina paira sobre o Metal Melódico e afins, longa vida a voz de Andre Matos, valeu!!!!