Em meio a polêmicas e acusações de trabalho análogo à escravidão, o Lollapalooza Brasil aconteceu mais uma vez no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. A banda encarregada de abrir os trabalhos no último dia de festival foi o Black Pantera e o trio não poupou críticas ao evento e a outros casos similares que vieram a tona nos últimos dias.
Como observado pelo Wikimetal, o grupo subiu ao palco pouco tempo depois da abertura dos portões e fez um show enérgico, como de costume. Na música “Fogo nos Racistas”, o vocalista e guitarrista Charles Gama convidou o público a não só “queimar” os racistas, como também tocar “fogo nos escravagistas”, em clara referência ao caso do Lollapalooza e outros crimes do tipo que caíram na mídia recentemente.
Além dos protestos, o Black Pantera também trouxe um cover de “I Miss You”, do Blink-182. A banda americana estava inicialmente escalada para tocar o Lollapalooza, mas não se apresentou devido a uma lesão do baterista Travis Barker. Outra homenagem foi feita a Elza Soares por meio de uma versão de “A Carne”, com direito a trechos de “Negro Drama”, dos Racionais MC’s.
Lollapalooza e as acusações
De acordo com a agência Repórter Brasil, na montagem da estrutura do Lollapalooza Brasil 2023, cinco trabalhadores foram resgatados em situação análoga à escravidão. Eles trabalhavam como carregadores de bebidas e eram obrigados a dormir ao lado da carga, para protegê-la, já dentro do autódromo. Os homens ainda prestavam serviços na informalidade, sem qualquer registro, como determina a lei.
A reportagem aponta que os resgatados prestavam serviços para a empresa Yellow Stripe, terceirizada contratada pela Time 4 Fun (T4F), que promove o Lollapalooza no Brasil. Ambas foram notificadas pelas autoridades e serão responsabilizadas diretamente pela situação.
Em nota enviada à imprensa, a organização do Lollapalooza declarou ter encerrado a parceria com a Yellow Stripe após o ocorrido. Também ressaltou que mais de 9 mil pessoas trabalham no local do evento e que a prioridade é garantir as devidas condições de trabalho.
Já a Yellow Stripe informou ter cumprido as determinações do Ministério do Trabalho, sendo que os empregados em questão foram devidamente contratados e remunerados.
Não é a primeira vez que a produção do evento enfrenta acusações do tipo. Em 2018 e 2019, os promotores foram denunciados por contratar moradores de rua por valores ínfimos para trabalhar na montagem dos palcos. De acordo com registros, eles recebiam R$ 50 e enfrentavam uma jornada de 12 horas diárias de atividades.
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