A origem do clássico moderno do Wilco, “Impossible Germany”, segundo Nels Cline

Canção passou por várias demos até encontrar sua forma como épico da guitarra indie rock

“Impossible Germany” é uma das músicas mais conhecidas do Wilco, com sua coda instrumental sendo o clímax de todo show da banda. Em uma entrevista para o Virginia Museum of Fine Arts, o guitarrista Nels Cline falou sobre as origens da música.

“Foi a primeira gravação em estúdio do que é até hoje a formação do Wilco. Eu ainda era bem novo na banda, fazia um ano e meio ou dois desde minha entrada. Eu entrei em 2004, junto com Patrick Sansone, então éramos os novatos. 18 anos desde então. Essa era a nova versão da banda. Jeff Tweedy, que sempre está escrevendo canções, tinha feito talvez mais de uma demo de ‘Impossible Germany’. Ele tocou pra gente e era basicamente o que você ouve ele cantar na versão final, e era o que ele tinha. A gente escutou, fez mais uma demo e ele falou pra gente levar pra casa, ver se bolava algo porque ele nunca soube o que fazer com essa música.”

Cline, que nessa época morava em Los Angeles, conta que estava dirigindo pela cidade, ouvindo as demos, quando a inspiração bateu.

“A ideia é baseada numa canção do Television, uma de minhas bandas de rock preferidas, do segundo disco deles, ‘Adventure’, chamada ‘The Dream’s Dream’. Última faixa do álbum, maravilhosa, com uma coda instrumental longa, quase sem vocais. Um pedacinho de canção e dali vai para essa parte super bem arranjada. Eu estava sentado no carro e pensei num monte de melodias, e a ideia era que Jeff Tweedy e eu faríamos um arranjo e tocar cada uma delas nós dois ao mesmo tempo.”

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O músico, eleito numa lista da Rolling Stone como um dos 100 maiores guitarristas da história do rock em grande parte por causa de “Impossible Germany”, demonstrou duas das ideias para o entrevistador, que fizeram parte da versão final. Segundo ele, havia mais, mas o frontman Jeff Tweedy fixou nessas duas.

“Tinham mais umas cinco melodias, mas depois que eu mostrei essas duas pro Jeff… a ideia era que a gente tocasse ‘Impossible Germany’ a canção e depois essa coda longa, toda de guitarras arranjadas. Só que depois das duas primeiras frases ele perguntou: ‘Tem mais quantas?’ Eu respondi que tinha mais algumas e ele foi meio que na direção do Pat, no teclado dele… Jeff e Pat começaram a dissecar as duas melodias, tirando pedaços e harmonizando, brincando com elas enquanto eu fiquei lá sentado. E a minha ideia toda era não ter um solo de guitarra, obviamente. A gente ia arranjar tudo. Eles olharam pra mim depois de umas duas horas de experimentos e perguntaram o que eu pensava. Falei que soava ótimo, mas queria saber o que era para eu fazer. E o Jeff falou: ‘Ah, você sola’. O que não era meu plano, obviamente.”

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A fixação do frontman do Wilco

O Wilco então fez uma demo, segundo Nels Cline, e ele demonstrou ao entrevistador o solo improvisado para essa. Só que, quando chegou a hora de gravar, a fixação de Jeff Tweedy atacou de novo:

“Quando a gente foi gravar a canção pra valer, eu fiz um solo completamente diferente, e Jeff disse: ‘Sabe, eu gosto muito de como você tocou na demo. Você se importaria de tentar tocar a mesma coisa?’ E eu pensei: ‘Ah, meu deus, sério? Ok, vou tentar’. Eu até transcrevi tudo. E essa parte de abertura é o que eu toco sempre que a gente toca a canção, quase todo show. E no final, quando eu termino de improvisar e solar interminavelmente, dou a deixa com uma das melodias e Jeff e Pat entram Isso tudo estava na demo, e a gente recriou.”

Nels havia vindo do mundo de música experimental, improvisada, então a ideia de um solo com partes imutáveis parecia estranha pra ele. Contudo, ele reconheceu, isso faz parte do gênio de Jeff Tweedy:

“O que isso diz pra mim… digo, isso mudou minha vida porque as pessoas gostaram muito da música e a gente não tinha a menor ideia que prestariam atenção nela. A primeira reação que tivemos foi na Espanha, onde tocamos bem no começo do set e as pessoas em Barcelona estavam perdendo a linha. Isso diz sobre a habilidade de Jeff Tweedy de determinar que algo capaz de ressoar com ele será capaz de fazer o mesmo com fãs do Wilco. Porque eu não tinha pensado em tocar a mesma coisa da demo. Pra mim seria improvisado toda noite.”

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Pedro Hollanda
Pedro Hollanda
Pedro Hollanda é jornalista formado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso e cursou Direção Cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Apaixonado por música, já editou blogs de resenhas musicais e contribuiu para sites como Rock'n'Beats e Scream & Yell.

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