Dallas Green processa luto em “The Love Still Held Me Near”, novo álbum do City and Colour

Cantor e compositor canadense segue apresentando música sem firulas, agora mostrando saber o poder de cura que a arte tem nos momentos mais difíceis

É estranho continuar a caracterizar o City and Colour como o projeto paralelo de Dallas Green. Mesmo tendo se tornado famoso por ser integrante do Alexisonfire, a esse ponto ele lançou mais discos solo que com a banda.

Além do mais, Green passou a década de hiato do grupo se solidificando como um dos cantores mais populares do Canadá. É mais fácil contar os casamentos de estrelas de hóquei nos quais ele não tocou pessoalmente.

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O City and Colour é um excelente exemplo do que Ana Clara Matta codificou no Scream & Yell em 2016 como “rock pedestre”:

“O rock pedestre não quer mudar a sua vida e não discute grandes temas. É acessível, digestível, desce macio como um domingo à tarde na frente da TV. Não mudará a sua vida, mas faz algo possivelmente mais importante: é a trilha sonora invisível da sua vida, contém as músicas que marcam suas fases de formação musical e se torna refúgio nostálgico constante nas suas mixtapes.”

Dallas Green não quer mudar a história do rock com o City and Colour. A música do projeto é sincera e emocionante. Não tem como contestar o talento do cantor e compositor para escrever canções simples e capazes de ilustrar temas universais relacionados à condição humana, nossa necessidade de criarmos laços entre nós.

Centenas (não faça checagem de fatos desse número, é hipérbole) de casamentos de jogadores de hóquei não podem estar errados.

Em “The Love Still Held Me Near”, Green continua fazendo o que faz de melhor, mas dessa vez lidando com luto. O músico perdeu dois amigos próximos antes sequer da pandemia começar. Isso se reflete em todos os aspectos, das letras aos arranjos.

Ao longo de 58 minutos, o ouvinte é testemunha de rock pedestre de qualidade, com toques de americana, roots rock e talvez as duas maiores influências aparentes: Jeff Buckley e Chris Cornell. A maneira como Green constroi fraseados melódicos com sua voz é muito reminiscente dos falecidos artistas – Cornell, em específico, com base no trabalho no disco “Euphoria Morning” (1999), ainda que sem o mesmo alcance.

Violões e guitarras de timbre levemente saturado são frequentemente cortados por licks encharcados de fuzz. Tática capaz de dar um choque no sistema e não deixar o ouvinte escutar as canções de maneira displicente.

Green sabe da importância de sua música para os momentos felizes das pessoas. Contudo, em “The Love Still Held Me Near”, ele parece mostrar como sabe o poder de cura que a arte tem nos momentos mais difíceis das pessoas. 

O sétimo álbum de estúdio do projeto é como aquele abraço quando você não quer pensar no assunto difícil, mas precisa confrontar para seu próprio bem. Aquele apoio que você lembra após tudo ter passado – e seu coração agradece.

Ouça “The Love Still Held Me Near” a seguir, via Spotify, ou clique aqui para conferir em outras plataformas digitais.

City and Colour – “The Love Still Held Me Near”

  1. Meant To Be
  2. Underground
  3. Fucked It Up
  4. The Love Still Held Me Near
  5. A Little Mercy
  6. Things We Choose To Care About
  7. After Disaster
  8. Without Warning
  9. Hard, Hard Time
  10. The Water Is Coming
  11. Bow Down To Love
  12. Begin Again

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Pedro Hollanda
Pedro Hollanda
Pedro Hollanda é jornalista formado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso e cursou Direção Cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Apaixonado por música, já editou blogs de resenhas musicais e contribuiu para sites como Rock'n'Beats e Scream & Yell.

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